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06/21

Têxtil admite perder entre 11 mil e 56 mil empregos numa [próxima] década

Três cenários considerados em plano estratégico preveem fecho de empresas e perda de postos numa década.

A indústria têxtil e do vestuário (ITV) poderá perder de 11 mil a 56 mil postos de trabalho na próxima década. A estimativa faz parte do estudo "Visão prospetiva e estratégias ITV 2030", apresentado ontem no Simpósio da Indústria Têxtil, e que prevê três cenários.

Para a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), a indústria fez um trajeto "notável" na última década e, independentemente do cenário a considerar, "há futuro" para o setor.

O estudo, da responsabilidade da ATP, contempla desde a visão mais pessimista, que admite o desaparecimento de 3500 empresas e de mais de 56 mil empregos, à mais otimista, que prevê o encerramento de cerca de mil empresas e de mais de 11 mil postos de trabalho. A grande diferença está na riqueza gerada.

No caso do cenário "chumbo", o mais negativo, cairá para menos de cinco mil milhões de euros de faturação, enquanto as exportações se ficarão por pouco mais de quatro mil milhões de euros.

80 mil empregos
Em contrapartida, no cenário "ouro", o mais positivo, o volume de negócios do setor subirá para mais de 10 mil milhões, com as exportações a serem responsáveis por 8 mil milhões de euros, um aumento de 30% e de 53%, respetivamente, face aos valores pré-pandemia.

A meio caminho há o cenário "prata", a "perspetiva conservadora, sem ser demasiado pessimista", admite a ATP no estudo, sublinhando a "probabilidade elevada" de este se verificar. E aqui estamos a falar de uma indústria que, em 2030, será constituída por um universo superior a 3500 empresas (contra as seis mil atuais) que empregam mais de 80 mil trabalhadores diretos, uma redução de mais de 51 mil face aos 131 539 existentes no final de 2020, ano em que o setor perdeu já, por força da pandemia, 5 mil empregos.

"Neste cenário, a maior ameaça é a desestruturação do cluster têxtil e vestuário, por perda substancial de massa crítica a jusante do mesmo, particularmente no que se refere às atividades de confeção, afetadas pela dificuldade em encontrar mão de obra capacitada e disponível a custos moderados, sem que tenham sido criadas medidas de compensação ou alternativas, quer por via da automação de processos, quer pela deslocalização para outros países de custos salariais mais baixos", pode ler-se no estudo.

Em declarações ao JN/Dinheiro Vivo, o presidente da ATP garante que a meta é o cenário "ouro" e que tudo está a ser feito para o conseguir. Quanto ao emagrecimento da fileira previsto em todos os cenários, Mário Jorge Machado aponta a questão demográfica: 40% dos trabalhadores da fileira têxtil têm hoje mais de 50 anos. Ou seja, nos próximos 15 anos, o setor "vai precisar de 50 mil pessoas só para repor a mão de obra que se vai reformando. São valores muito significativos".(30.06.21/Fonte: Jornal de Notícias)

Menos consumo atira poupança das famílias para máximo histórico

A taxa de poupança atingiu os 14,2% no primeiro trimestre deste ano, um valor nunca antes registado pela atual série estatística do INE que remonta ao final de 1999.

A taxa de poupança das famílias portuguesas atingiu o valor máximo desde pelo menos o final de 1999, indica o Instituto Nacional de Estatística (INE).

"A taxa de poupança das famílias atingiu 14,2% do rendimento disponível, o que correspondeu ao valor máximo registado na atual série trimestral das contas nacionais", refere o INE, sendo que este valor resulta das médias móveis de quatro trimestres. A explicar este aumento está sobretudo a quebra no consumo. "Este resultado foi consequência da redução de 1,7% da despesa de consumo (variação de -1,5% no trimestre anterior), que mais do que compensou a ligeira diminuição de 0,1% do rendimento disponível", aponta o gabinete de estatística.

É preciso recuar a 2002 para encontrar uma taxa de poupança mais elevada, quando no terceiro trimestre chegou aos 13,9% do rendimento disponível.

"A capacidade de financiamento das Famílias situou-se em 7,0% do PIB no ano acabado no 1º trimestre de 2021, mais 1,0 pontos percentuais que no trimestre anterior, refletindo sobretudo o aumento da poupança bruta em 11,1%", acrescenta o INE.

Já na semana passada, o Banco de Portugal (BdP) tinha apontado os fatores para a maior poupança dos portugueses: o medo do futuro e o confinamento. "Este aumento [da poupança], para além do motivo de precaução ligado ao contexto de incerteza, resultou de uma poupança involuntária associada ao confinamento", refere o BdP no boletim económico.

Este resultado máximo de 14,3% a quatro trimestres fica a dever-se aos dois picos trimestrais da taxa de poupança registados durante o ano passado: no segundo e no quarto trimestres, quando atingiu 22,3% e 17,8%, respetivamente.

Boa parte deste dinheiro é consumo não realizado pelo que, se as famílias ganharem mais confiança e melhores condições de vida neste futuro próximo, a economia poderá crescer mais do que o previsto por via de um maior consumo privado, justamente.

Ou seja, não se trata de poupança voluntária, mas uma consequência do confinamento da atividade económica e do encerramento das lojas, restaurantes, hotéis e outros setores.

Moratórias não entram
O INE nota que o aumento da poupança das famílias se deveu à redução do consumo, mas desta equação sai a suspensão das moratórias dos créditos ao consumo e à habitação.

"As moratórias relativas ao pagamento de juros de empréstimos concedidas pelo setor das sociedades financeiras não têm impacto no saldo de rendimentos de propriedade, uma vez que o sistema europeu de contas 2010 (SEC2010) determina o registo destes fluxos no momento devido, mesmo que não tenham sido efetivamente pagos", ou seja, este compromisso apenas foi adiado e não desapareceu dos encargos futuros das famílias, apesar de uma ligeira diminuição do contributo dos rendimentos de propriedade.

Analisando em detalhe os contributos para o rendimento disponível, "as remunerações e prestações sociais contribuíram em 0,2 e 0,1 p.p., respetivamente; as outras transferências correntes contribuíram em -0,2 p.p.; e, o saldo positivo dos rendimentos de propriedade registou uma ligeira redução que se traduziu num contributo de -0,1 p.p.", remata o INE.
(24.06.21/Fonte: Dinheiro Vivo)

Crise provocada pela pandemia atirou 400 mil pessoas para a pobreza

De acordo com o estudo, a maior parte das pessoas mais afetadas pela crise já se situava na metade inferior da distribuição de rendimento no cenário sem crise, o que fez com que aumentasse a desigualdade.

Cerca de 400 mil pessoas caíram abaixo do limiar da pobreza devido à crise provocada pela pandemia da covid-19, agravando o fosso entre os ricos e os pobres em Portugal, revela um estudo divulgado esta terça-feira.

"Em comparação com o cenário sem crise, 400 mil novos indivíduos caíram abaixo do limiar de pobreza, definido como 60% do rendimento mediano equivalente, aumentando a taxa de risco de pobreza em 25% como consequência da pandemia de covid-19", concluiu o estudo do Observatório Social da Fundação "la Caixa", da autoria do Center of Economics for Prosperity (PROSPER) da Universidade Católica de Lisboa.

Segundo o documento que a Lusa teve acesso, que considera que as medidas do Governo minimizaram em parte o aumento da pobreza e da desigualdade, a pandemia resultou numa "perda substancial de rendimentos para a população portuguesa", com o rendimento mediano anual a cair de 10.100 euros no cenário sem crise para 9.100 euros no cenário com crise.

Além disso, a crise provocada pela covid-19 "teve efeitos assimétricos", uma vez que as classes baixa e média-baixa, a região do Algarve e as pessoas com escolaridade até ao nono ano "foram os grupos mais afetados por esta crise, com perdas claramente acima da média nacional", refere o estudo.

De acordo com o estudo, a maior parte das pessoas mais afetadas pela crise já se situava na metade inferior da distribuição de rendimento no cenário sem crise, o que fez com que aumentasse a desigualdade.

"Os resultados mostram que a pandemia levou a um impressionante aumento de 25% da pobreza ao longo de um ano, quando comparados os cenários com e sem crise, pondo em risco os progressos feitos nos últimos vinte anos e invertendo a tendência de redução continuada da pobreza iniciada em 2015, quando a taxa de pobreza era de 19%", refere o documento.

O estudo, da autoria de Joana Silva, Anna Bernard, Francisco Espiga e Madalena Gaspar, salienta ainda que as políticas de proteção aplicadas pelo Governo em 2020 atenuaram o aumento da pobreza e da desigualdade em Portugal.

"Sem a sua implementação, o confinamento inicial de oito semanas teria produzido aproximadamente o mesmo impacto sobre a pobreza e a desigualdade que aquele calculado para um ano inteiro", adianta o documento do PROSPER, ao avançar que o regime de lay-off simplificado, destinado a trabalhadores por conta de outrem, e os apoios extraordinários para trabalhadores por conta própria "foram eficazes para atenuar o impacto da crise".

"A pandemia, ainda em curso, e a crise económica resultante, trazem consigo desafios orçamentais substanciais, uma vez que esforços governamentais de grande magnitude podem ser difíceis de sustentar por um período prolongado", alerta o PROSPER, para quem é "evidente que, sem uma forte recuperação, uma redução das políticas de proteção pode causar um impacto negativo substancial na pobreza e na desigualdade".

O Observatório Social da Fundação la Caixa" é um novo projeto que está a ser desenvolvido em Portugal com o objetivo de fazer diagnósticos sobre a realidade social nas áreas social, da educação e da cultura.
(22.06.21/Fonte: Diário de Notícias)

Famílias portuguesas são as mais endividadas da OCDE para compra de casa

Relatório sobre habitação revela que um terço dos agregados mais pobres gasta pelo menos 40% do rendimento na renda da casa.

As famílias portuguesas são as que sentem mais o peso do empréstimo à habitação tendo em conta os seus rendimentos quando comparando com os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), ou seja, o endividamento é o maior, indica um relatório sobre o mercado habitacional divulgado esta segunda-feira. E a fragilidade é ainda maior nos agregados com rendimentos baixos.

"O rácio [dívida/rendimento] está bem acima de 100% na maioria dos países da OCDE e ultrapassa os 200% em alguns deles, como Portugal, Espanha e Holanda", refere o relatório Brick by Brick: Building Better Housing Policies (Tijolo a tijolo: Construir Melhores Políticas de Habitação).

Os dados mostram ainda outra realidade, quando analisada pela distribuição do rendimento no conjunto da população. As estatísticas recolhidas pela organização sediada em Paris expõem diferenças pronunciadas. Nas famílias do primeiro quintil de rendimento (ou seja, os 20% da população com os rendimentos mais baixos), o rácio dívida/rendimento é de quase 700% (sobre-endividamento). E mesmo no escalão superior de rendimento, o valor é o mais alto dos países da OCDE para os quais existem dados.

"As famílias na parte inferior da distribuição de rendimento são particularmente vulneráveis, quando o valor excede o limite convencional de risco de 300%" (ou um rácio de 3), indicam os técnicos da organização que alertam para as quebras salariais registadas durante a pandemia. "Na atual conjuntura, a crise da covid-19 cria vulnerabilidades financeiras relacionadas com as hipotecas das famílias, em particular devido à queda de rendimentos como resultado da perda de emprego ou da redução de salário", avisa a OCDE. São "restrições de liquidez que impedem as famílias de, pelo menos temporariamente, pagarem as suas dívidas.

Para evitar o incumprimento por parte das famílias, a organização lembra que "alguns países membros, incluindo Itália, Portugal, Espanha e Reino Unido suspenderam temporariamente os pagamentos dos créditos" através de moratórias.

Portugal é também um dos países da organização em que o empréstimo à casa mais peso tem no conjunto dos créditos das famílias, superando os 84%. É o quarto, atrás da Estónia, Japão e Países Baixos.

A entidade agora chefiada pelo australiano Mathias Cormann alerta para a necessidade de adotar "políticas públicas com o equilíbrio certo entre permitir o acesso ao crédito como uma oportunidade para acumular riqueza, evitando ao mesmo tempo o excessivo endividamento com potenciais riscos económicos e sociais."

40% do salário para a casa

Os dados estatísticos revelam ainda que são as famílias de rendimentos mais baixos as que fazem maior esforço para pagarem a casa. Tanto nos arrendamentos, como nos empréstimos ao banco.

"Enquanto as famílias em toda a distribuição de rendimento enfrentam o aumento dos custos de habitação, os mais pobres normalmente gastam uma parte maior do seu rendimento na habitação", lê-se no relatório.

De acordo com os dados da organização, um terço dos agregados nacionais está nesta circunstância, ligeiramente abaixo da média dos países membros, mas longe de casos como a Nova Zelândia ou Israel em que mais de metade dos rendimentos são sugados pela renda da casa. Ou de casos como o México, a Nova Zelândia e Itália em que mais de 40% do rendimento serve para pagar as mensalidades do crédito à habitação.

A OCDE sugere o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas para esta camada da população. "A oferta de habitação social e os benefícios relacionados com a habitação podem ajudar a aliviar a pressão sobre os grupos sociais mais afetados", refere a organização, alertando para a necessidade de "serem bem concebidos para garantir que os recursos escassos chegam aos mais necessitados sem dificultar a sua mobilidade ou que resultem na segregação residencial".

A instituição sublinha que a crise pandémica agravou este problema, uma vez que "a destruição de emprego e perda de rendimento concentram-se nos grupos mais vulneráveis, agravando as dificuldades em garantir o uma habitação de qualidade e a preços acessíveis."

A habitação social em Portugal ainda é escassa, com valores historicamente a rondar os 2% do stock de habitação.

O plano de recuperação e resiliência (PRR) prevê um investimento de 1,2 mil milhões de euros para o programa de apoio ao acesso à habitação para responder a pelo menos 26 mil famílias até 2026.
(14.06.21/Fonte: Dinheiro Vivo)

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