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03/20
COVID19 - Ventiladores, testes, máscaras. Investigadores e empresas nacionais procuram soluções.
Criar um kit de diagnóstico, produzir gel e viseiras, recuperar ventiladores. Universidades e laboratórios portugueses estão a trabalhar em conjunto com empresas para encontrar soluções rápidas para fazer frente aos problemas colocados pelo covid-19.
Um kit para diagnóstico ao coronavírus
O Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa criou um kit de diagnóstico ao coronavírus, usando reagentes fabricados em Portugal e seguindo a "receita" da Organização Mundial da Saúde (OMS). A equipa de voluntários esteve a trabalhar nas últimas semanas liderada pela investigadora Maria Mota, diretora do IMM. Agora, os kits já estão acreditados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, o laboratório de referência no país para a realização dos testes. Prevê-se que no início se façam ali 300 por dia, depois 500, até chegar aos mil.
Em breve haverá ventiladores made in Portugal
Em apenas uma semana, os politécnicos de Viseu e Leiria desenvolveram, com a colaboração de uma rede de politécnicos de norte a sul do país e de empresas, dois protótipos de ventiladores que, após o licenciamento, poderão ser fabricados em série - um baseado na operação de um motor eléctrico e outro a funcionar com base em ar comprimido pneumático..“ICom base num modelo de acesso livre disponibilizado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), a equipa composta por 15 a 20 pessoas e que contou sempre com o acompanhamento de médicos, terminou no fim de semana passado os primeiros dois protótipos, estando ainda a ser desenvolvido um terceiro sistema, explicou à Lusa João Monney Paiva, presidente do Instituto Politécnico de Viseu. "Esperemos que nada disto seja necessário, mas, caso seja, que ajude a não passar por situações de falta de recursos e de se ter que escolher em que doente se aplicam", disse.
Agora, a expectativa é que empresas se mostrem interessadas em avançar com um processo de licenciamento junto do Infarmed e a disponibilidade de fabricar os ventiladores em série, referiu. "Queremos sensibilizar o Infarmed para que possibilite uma análise mais expedita e, se virem que este equipamento é crítico, que façam uma avaliação mais rápida", salientou o responsável.Uma nova vida para os velhos ventiladores
A plataforma Vent2Life está a identificar e recuperar ventiladores que não estão a ser utilizados nas mais diversas instituições do país - públicas ou privadas, coletivas ou individuais, do ensino à indústria - para equipar unidades de saúde e ajudar no tratamento de doentes com o novo coronavírus.
Esta plataforma, associada ao #ProjectOpenAir, estima que exista a possibilidade de recuperar 200 ventiladores, em diferentes locais do país - sendo que alguns até já foram identificados e estão a ser analisados por especialistas que foram comvidades a participar no projeto através da Faculdade de Ciências e Tecnologia da NOVA, do Instituto Superior de Engenharia do Porto e da Ordem dos Engenheiros Portugueses.
A ideia é que, através desta plataforma, seja criada a ligação entre doadores de equipamentos, especialistas capazes de reabilitar o equipamento e, por fim, as unidades de saúde que necessita de ventiladores.
Ao mesmo tempo, o Projecto Open Air, que surgiu nos Estados Unidos liderado pelo investigador português João Nascimento, reúne especialistas de áreas muito diversas, que vão da computação à medicina, para encontrar soluções rápidas para esta crise que vivemos - sobretudo para a produção de novos ventiladores, mas não só.O Melhorar o atendimento telefónico da Linha SNS24
A Universidade de Évora está a desenvolver um sistema, baseado na inteligência artificial, que pode diminuir em pelo menos 5% o tempo de atendimento de cada chamada telefónica da Linha SNS24, a implementar ainda este ano. O objetivo é ter "uma aplicação que tenha a capacidade de sugerir o algoritmo clínico mais adequado a cada situação com uma precisão superior a 95%, reunindo condições para ser integrada na atual aplicação do SNS24", explicou à Lusa o investigador Paulo Quaresma, coordenador da equipa da Universidade de Évora, responsável pelo sistema denominado SNS24 Scout.
O sistema está a ser desenvolvido, desde janeiro, por uma equipa de investigação multidisciplinar da universidade, em parceria com outros instituições, e o esperado é que venha a ter "um impacto bastante significativo no serviço prestado aos cidadãos, permitindo uma melhor e mais rápida interação com a Linha SNS 24". "Pretendemos conseguir diminuir mais do que 5% no tempo médio de cada chamada telefónica, mantendo ou mesmo aumentando a qualidade do serviço prestado", o que "permitirá obter um ganho anual de 350 mil minutos" e "realizar mais 50 mil atendimentos".
Numa primeira fase, foi necessário "identificar os algoritmos mais adequados para um determinado conjunto de sintomas, com ajuste para idade e sexo" e, para tal, foi desenvolvido "um pequeno protótipo, com base em apenas três meses de dados do SNS24, que demonstrou ter um desempenho muito positivo", explicou Paulo Quaresma. Para desenvolvimento do SNS24 Scout a equipa está a aplicar técnicas de Processamento de Língua Natural (PLN) e de Aprendizagem Automática (ML-Machine Learning), desenvolvidas especificamente para a Língua Portuguesa, bem como metodologias de representação de conhecimento.Viseiras de proteção contra o coronavírus
Um grupo de investigadores do Instituto Superior Técnico (IST) começou a produzir viseiras que servem de proteção para profissionais de saúde no contexto da pandemia da covid-19. Esta iniciativa envolve toda a comunidade do IST e os participantes convidam quem tiver impressoras 3D a colaborar para que seja produzido o máximo de material possível.
A iniciativa é liderada por Marco Leite e Paulo Peças (ambos do Departamento de Engenharia Mecânica do IST), que criaram um projeto de uma viseira que pode ser descarregado online e fabricado numa impressora 3D. A equipa já entregou viseiras fabricadas no seu laboratório a alguns hospitais, onde "há pessoas que não têm nada, estão desprotegidas" para lidar com pessoas potencialmente infetadas com o novo coronavírus.
"Começámos a identificar componentes e peças que estavam a faltar e, com a colaboração da Faculdade de Medicina [da Universidade de Lisboa], concluímos que faltavam viseiras de proteção", explicou Paulo Peças à agência Lusa. "Estas peças acabaram no mercado. Os hospitais acham que é melhor ter isto do que um produto certificado que chega daqui a um mês."
As viseiras são peças circulares, ajustáveis, que se fixam em torno da cabeça e nas quais pode ser montado um acetato transparente que serve como barreira de proteção no contexto da pandemia do covid-19. No seu laboratório, Marco Leite e Paulo Peças conseguem produzir seis viseiras por hora, mas cerca de duas dezenas de unidades de investigação do Técnico vão começar também a produzi-las..As empresas também ajudam
A Super Bock e a Destilaria Levira uniram-se para arrancarem com um projeto de conversão do álcool de cerveja em gel desinfectante. Os dois grupos anunciaram que vão oferecer, numa primeira fase, 56 mil litros de álcool da produção de cerveja sem álcool que vão ser transformados, pela Destilaria Levira, em aproximadamente 14 mil litros de álcool gel desinfetante para as mãos que serão depois oferecidos a três unidades hospitalares da região do Porto.A Science4you disponibilizou as suas salas de produção e máquinas de enchimento automáticas que podem ser utilizadas no enchimento de gel desinfetante. A empresa garante que consegue ainda que quatro linhas de montagem possam ser usadas para a produção de materiais que possam ser necessários nesta fase, como máscaras de proteção ou outros.
A Volkswagen Autoeuropainiciou a sua produção de viseiras usando a técnica de impressão em 3D. A unidade onde trabalham quase 6000 pessoas está parada desde o dia 16, devido ao coronavírus e os turnos só recomeçarão no dia 6 de Abril, se as condições assim o permitirem. Até lá, há trabalhadores voluntários que continuam a ir para a empresa onde têm produzido viseiras que vão ser entregues ao pessoal médico dos hospitais da região.
O grupo têxtil Sonix, com sede em Barcelos, suspendeu parcialmente a produção habitual logo em meados de março e começou a produzir máscaras e fardamento para entregar nos principais hospitais do Norte.
A Hovione dedicou uma linha de produção na fábrica de Loures para produzir gel desinfetante, fabricado de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, e vai doá-lo a entidades públicas nacionais, hospitais e outras organizações que dele necessitam. "O gel desinfetante produzido na Hovione não será comercializado ou fornecido a grossistas ou ao público - mas entregue diretamente as instituições que farão a sua própria distribuição interna", sublinha a empresa liderada por Guy Villax.Apoio especial a investigadores
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), em colaboração com a Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB), abriu um concurso para atribuição de um apoio especial, "RESEARCH 4 COVID-19", a projetos e iniciativas de I&D que respondam às necessidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na resposta à atual pandemia de coronavírus e a futuras pandemias num horizonte temporal muito curto. Tendo em conta o caráter de urgência, serão apoiados projetos de implementação rápida (máximo 3 meses de desenvolvimento). O limite máximo de financiamento de cada projeto é de 30 mil euros, sobretudo para complementar iniciativas em curso e para a reorientação de equipas existentes. As candidaturas podem ser apresentadas até 5 de abril.(29/03/2020/Fonte :Diário de Notícias)COVID19 - Fábricas têxteis com quebra de vendas superiores a 50% já em abril.
O sub-sector da confecção de vestuário assegura 60% das exportações da fileira e recuou, em 2019, 0,8%.
Associação Têxtil alerta que os salários dos trabalhadores "poderão estar em risco a curto prazo"
A seguir Setor aéreo estima perdas superiores a 70 mil ME na Europa em 2020 Mais Vistas Os adiamentos e cancelamentos de encomendas são o dia-a-dia das empresas têxteis na atual conjuntura da pandemia da covid-19 e a maioria das fábrica conta já ter uma redução superior a 50% do seu volume de negócios no próximo mês de abril. Os dados são do inquérito promovido pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) junto dos seus associados e que mostrou que 59% esperam uma perda superior a 50% das vendas, a que se somam 26% que preveem uma redução de 30% a 50%.
“Instala-se uma enorme incerteza no seio da economia europeia, prevendo-se a sua consolidação global nos próximos meses, mesmo depois da atual crise sanitária passar. Com 82% das exportações de têxteis e vestuário em Portugal destinadas ao mercado europeu e os restantes 18% exportados para o mercado extraeuropeu, a indústria têxtil e vestuário e os 7,7 mil milhões euros por ano por ela gerados encontram-se agora fortemente ameaçados”, diz a associação em comunicado.
O sector “depara-se com sucessivos adiamentos e cancelamentos” de encomendas por parte dos clientes, que “em alguns casos não chegam a pagar” as que já receberam. Uma tendência que tem um “profundo impacto” nas receitas das empresas, “sobretudo num cenário onde os custos fixos permanecem”. Os salários dos trabalhadores “poderão estar em risco a curto prazo”. A têxtil e vestuário dá emprego a 138.750 pessoas.
“É por isso urgente a regulamentação do processo de aplicação do lay-off simplificado. Reivindicado junto do governo há 15 dias, este mecanismo fundamental quer-se imediatamente disponível e operacional para permitir a sobrevivência das empresas”, diz a associação, presidida por Mário Jorge Machado, que reclama “regras diferentes” das atualmente previstas.
O período de demonstração de quebra de rendimentos da empresa tem de ser “o mais curto possível” e a demonstração da quebra “tem que poder ser feita através da evidenciação simples de que não há encomendas futuras”.
A ATP pede, ainda, que, no que respeita ao mecanismo entre bancos e o Banco de Portugal, seja dada uma “moratória dos pagamentos devidos e sem registo de incumprimento”, bem como a “diluição ao longo de quatro ou cinco anos do correspondente pagamento, para evitar o estrangulamento de tesouraria no momento da retoma da atividade”.
O Estado deverá garantir que as linhas de crédito criadas “serão de facto utilizadas sem o aproveitamento por parte dos bancos, com especial atenção às taxas e comissões praticadas”, e que o financiamento previsto “chegará às empresas que realmente precisam”. A burocracia, defende a ATP, “poderá deitar tudo a perder”.(26/03/2020/Fonte :Dinheiro Vivo)COVID19 - Sindicatos denunciam despedimentos, lay offs, dispensas e férias forçadas.
Com os restaurantes e as lojas fechados e os hotéis sem turistas por causa do novo coronavírus, estes setores já começaram a dispensar trabalhadores. Os contratados a termo ou em período experimental são os primeiros a receber as cartas de despedimento, mas também há empresas a forçar férias.
Os telefones dos sindicatos não param de tocar e as caixas de correio eletrónico entopem-se com os mails de tantos trabalhadores que querem pôr questões, ter uma resposta para as suas dúvidas e alguém que olhe pelo seu caso. Nem no tempo da troika, quando o desemprego ultrapassou os 17%, os sindicatos tiveram uma avalanche destas - passou uma semana desde que foi decretado o estado de emergência para fazer face ao surto do novo coronavírus e empresas, nomeadamente da restauração, hotelaria e do comércio, viram-se obrigadas a fechar portas temporariamente e, em poucos dias, começaram imediatamente a dispensar trabalhadores. Mesmo que o primeiro-ministro, António Costa, não se canse de pedir que não haja despedimentos, aliás uma condição para as empresas poderem aceder aos apoios.
A denúncia é comum a qualquer sindicato com que se fale: trabalhadores com contratos a termo e quem está no período experimental foram dos primeiros a receber em casa a carta a dizer que os contratos não serão renovados ou que estão dispensados.
Mas há outras situações que as estruturas sindicais consideraram "ilegais" e "abusivas" por parte dos empregadores - induzir os trabalhadores a pedirem eles próprios a rescisão do contrato, mas não lhes sendo depois facultada documentação para pedirem o subsídio de desemprego; forçar os trabalhadores a tirarem férias no período em que a empresa está encerrada e até criar um banco de horas negativo, em que os funcionários ficam a dever tempo de trabalho. Até há propostas para que tirem licenças sem vencimento. E há o recurso ao lay-off que o primeiro-ministro disse nesta segunda-feira que custa mil milhões de euros por mês - o Estado paga um terço do salário, o mesmo que o empregador..
São muitas as arbitrariedades cometidas pelas entidades empregadoras que, dizem os sindicatos, são incompreensíveis, sobretudo no caso das grandes empresas e das multinacionais que sempre tiveram lucro.
Trabalhadores - e empregadores - estão assustados com as previsões económicas que apontam para um crescimento do PIB inferior ao de 2014, quando a troika saiu do país. A OCDE já admitiu que a crise provocada pelo covid-19, no pior cenário, pode reduzir em metade o crescimento da economia mundial em 2020, acenando com uma recessão na Europa. E o FMI já disse que a crise económica mundial poderá ser pior do que a de 2008.
O governo já anunciou uma série de medidas para ajudar as empresas e manter os postos de trabalho, como o adiamento para o segundo semestre do pagamento do IVA e do IRC, que teria de ser pago nos próximos meses. A nível social, aprovou a prorrogação automática do subsídio de desemprego, do complemento solidário para idosos e do rendimento social de inserção e a suspensão do prazo de caducidade dos contratos de arrendamento de casas que terminassem nos próximos três meses.
Madalena foi mandada embora sem papéis para o desemprego
Madalena (prefere identificar-se assim, com receio de represálias) foi uma das trabalhadoras que pediram ajuda ao sindicato. Até ao passado dia 16 era camareira no Hotel Fénix do Porto, com um contrato a termo, mas nesse dia foi-lhe comunicado verbalmente pela empresa que presta serviço em outsourcing para o hotel que não teria mais trabalho. Que iriam buscá-la ao fundo de desemprego, a ela e aos outros cerca de 70 trabalhadores, quando voltasse a haver trabalho.
"Até compreendemos a situação, porque o hotel está vazio e vai fechar, mas estou muito preocupada, porque não nos foi entregue a carta para o desemprego. Dão várias desculpas, como os correios não estarem a trabalhar a 100%, que não podem enviar todas ao mesmo tempo..."
Enquanto isso, Madalena desespera com a incerteza. "Quando vamos receber a carta? Estou com medo de não receber nem de um lado nem de outro. O fim do mês está a aproximar-se e as despesas são muitas.".Francisco Figueiredo, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, dá outro exemplo do que considera ser "uma violência sobre os trabalhadores" - o caso da cadeia de restaurantes Zenith, que, só no Porto, despediu cerca de 30 pessoas, mas que queria ficar como se não tivesse despedido. Ou seja: "Exerceu pressão sobre os trabalhadores para que assinassem um acordo de revogação dos contratos e eles ficaram sem modelo para o subsídio de desemprego."
Neste caso, a lei dá sete dias ao trabalhador para revogar o acordo e foi isso que fizeram. O sindicato sublinha a dificuldade em entrar em contacto com o empregador e denuncia ainda que, no dia em que os funcionários foram convencidos a assinar o acordo, foi distribuído por todos o dinheiro que existia em caixa, com alguns a receberem pouco mais de mil euros. O que não dá para pagar as indemnizações, quanto mais os subsídios de férias, o salário do mês e os avos do subsídio de férias e de Natal equivalentes aos meses já trabalhados.
Federação quer fundo para garantir salários de março
Francisco Figueiredo, que é também dirigente da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal, lembra que, apesar das medidas de apoio às empresas anunciadas pelo governo com vista à manutenção do emprego, dificilmente as pequenas e microempresas recorrerão a estes benefícios, até porque são processos complicados - sendo nestas que trabalha a esmagadora maioria.
A federação entende que, para além da proibição de despedimentos, é preciso medidas de apoio direto aos trabalhadores, que poderão passar pela criação de um fundo que garanta o salário de março aos trabalhadores.
"Estamos a viver uma situação muito difícil e muitos estabelecimentos de restauração, bebidas e alojamento local já informaram os trabalhadores de que não vão reabrir. Estamos muito preocupados porque, neste setor, os trabalhadores das microempresas, com menos de dez funcionários, representam 85% do setor", diz.Férias forçadas no Algarve
Tiago Jacinto, do Sindicato do Turismo do Algarve, refere que muitos hotéis da região já tinham começado a reforçar o pessoal para responder à sazonalidade da Páscoa, que costuma ser um período de grande afluência turística. Mas, como se trata de trabalhadores temporários e alguns ainda estavam no período experimental, foram mandados embora.Todos eles têm dramas pessoais associados - despesas para pagar ao final do mês e filhos para alimentar. No caso do Adriana Beach Club, conta o dirigente sindical, há ainda o problema das pessoas que vieram de fora para ali trabalhar e que se endividaram para ir viver para o Algarve. Outros, nomeadamente estrangeiros, "estavam alojados nas instalações e, como o hotel fecha nesta terça-feira, não têm para onde ir".
O dirigente sindical do Algarve denuncia ainda situações em que o patronato está a forçar as férias dos trabalhadores e outras em que lhes é proposto ficar em casa mas "acumular esse tempo para ficarem a dever à empresa".
"Estamos numa situação de isolamento social, não são férias. A entidade patronal não pode impor as férias se o trabalhador não estiver de acordo" - se não houver acordo, o empregador pode fixar as férias entre 1 de maio e 31 de outubro.
"O turismo tem crescido desde 2013 e esse crescimento não se refletiu no salário dos trabalhadores."
Para Tiago Jacinto, há outra questão: "O turismo tem crescido desde 2013 e esse crescimento não se refletiu no salário dos trabalhadores. Os grandes grupos do setor têm obrigação de assegurar a manutenção dos postos de trabalho e os salários a 100%."
E é também disso que fala Filipa Costa, coordenadora da Federação dos Sindicatos do Comércio e Serviços: "Não há pé-de-meia nestas grandes empresas? Há uma situação de crise e são logo os trabalhadores a ficarem penalizados?"
"Vivemos num clima de incerteza para as próprias empresas, mas o que estamos a verificar é que as multinacionais começam a pôr o futuro em causa. Tiveram sempre lucros e nem há uma semana que estão fechados e já colocam tudo em causa", acrescenta.Filipa Costa alerta que algumas já estão a pedir o lay-off simplificado, como a Loja do Gato Preto ou a Seaside, situação em que os trabalhadores só recebem dois terços do salário, pagos equitativamente pelo empregador e pelo Estado. "O governo e as autoridades têm de se pôr em cima disto e fiscalizar."
Além da imposição de férias enquanto a empresa está fechada, da dispensa dos trabalhadores a termo e em período experimental, Filipa Costa fala ainda do que se está a passar no setor social, em que os trabalhadores das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e das Misericórdias estão a trabalhar 12 a 14 horas diárias, algumas vezes oito dias seguidos. "Há situações de tentativa de internamento, para que os trabalhadores não saiam das instituições, mas ninguém pode obrigar o trabalhador a dormir no local de trabalho."Trabalhadoras das cantinas escolares despedidas
Quem está também a dispensar os trabalhadores com contratos a termo são as empresas que fornecem refeições nas escolas. Os estabelecimentos de ensino estão encerrados desde o passado dia 16 - a 9 de abril o governo reavaliará a situação. A Gertal, segundo Maria das Dores Gomes, da Federação dos Sindicatos de Hotelaria, Turismo e Restauração, é uma das que já estão em lay-off.
A sindicalista critica o procedimento dos fornecedores das cantinas, argumentando que a atividade escolar está suspensa, mas os contratos com o Ministério da Educação não chegaram ao fim. Além disso, lembra que muitas escolas continuam a fornecer refeições aos alunos mais carenciados, e às forças de segurança e da proteção civil. "Muitos destes trabalhadores não perfizerem sequer o tempo de trabalho para ter direito ao subsídio de desemprego. Tem de haver um plano especial para estas pessoas", reivindica.
O despedimento das trabalhadoras das empresas que fornecem refeições escolares já levou o partido ecologista "Os Verdes" a questionar o governo sobre se existe alguma decisão por parte da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares relativamente à cessação dos contratos ou se foram decididos pela ICA unilateralmente? E questiona ainda se não entende não haver fundamento legal para a cessação dos contratos de trabalho, tendo em conta que a concessão se estende ao ano letivo 2019-2020?
Os Verdes questionaram igualmente o governo sobre se este está a acompanhar as denúncias de contratos que alegadamente a TAP está a promover, com base na crise originada pelo covid-19. A TAP, recorde-se, suspendeu 3500 voos até abril por causa do surto de coronavírus.Centrais sindicais atentas
Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP, não tem dúvidas de que se está a assistir a despedimentos ilegais, tendo como justificação a crise criada pelo novo coronavírus e que isso se estende também ao lay-off, que "nem todas as empresas estão em condições de acionar". A líder da central sindical garante que irá denunciar estas situações junto das empresas, da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e, se for preciso, nos tribunais.
"Este problema aconteceu no princípio de março [o estado de emergência foi decreto no dia 18] e já há empresas que não têm dinheiro para pagar salários. Estão a aproveitar a situação para despedir trabalhadores. Não vamos aceitar isso!"
Criticando as grandes empresas que estão a recorrer ao lay-off, Isabel Camarinha exige ao governo que aprove medidas que apoiem as necessidades dos trabalhadores, mas também que penalize as empresas que atiram os seus funcionários para "situações de pobreza".
"Vivemos um momento em que devia ser proibido despedir. As palavras são de Carlos Silva, líder da UGT, a propósito das medidas de apoio económico e social anunciadas na sexta-feira pelo governo.
Mas a central sindical entende que há muitas dúvidas que persistem depois de o governo anunciar este pacote. Uma delas é se o lay-off pode ser prorrogado para lá de um mês se tiver sido esgotado o período de férias.
Outra questão que a UGT quer esclarecer com o executivo, refere o secretário-geral adjunto Sérgio Monte, é o ponto em que se refere que os trabalhadores vulneráveis, com doenças crónicas, têm de ter proteção. "Que proteção é essa? Em que regime fica abrangido? Pedir baixa, por exemplo, não é para prevenir a saúde.".(24/03/2020/Fonte :Diário de Notícias)COVID19 - Autoeuropa suspende produção à meia-noite.
A Autoeuropa vai parar a produção a partir da meia-noite. Os dois primeiros turnos de segunda-feira foram cancelados pela unidade fabril de Palmela, numa decisão comunicada este domingo aos trabalhadores.
A confirmação foi dada ao JN pela Comissão Coordenadora de Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa.
Daniel Bernardino, porta-voz, desconhece as razões para a decisão conhecida pouco depois das 18 horas de domingo.
O JN entrou em contacto com fonte oficial da Autoeuropa, que por agora decidiu não comentar o assunto, deixando para esta segunda feira qualquer comunicação.Ao que foi possível apurar, na sexta-feira foi comunicado aos trabalhadores que as carrinhas Sharan e Alhambra iam deixar de ser produzidas a partir de segunda. Medida tomada na sequência da previsível diminuição da mão-de-obra na fábrica de Palmela, já que os trabalhadores teriam de ficar em casa com os filhos devido ao encerramento das escolas.
No sábado, entraram novas equipas na linha de produção durante o turno da tarde e, volvidas 24 horas, a fábrica decidiu suspender totalmente a produção nos primeiros dois turnos de segunda-feira, dia em que a administração vai reunir.(15/03/2020/Fonte :Jornal de Notícias)PORTUGAL: Exportações aumentam 4,2% e importações diminuem 1,9% em janeiro.
As exportações de bens aumentaram 4,2% e as importações diminuíram 1,9% em janeiro, face ao mesmo mês de 2019.
Segundo as Estatísticas do Comércio Internacional divulgadas esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as exportações aumentaram 4,2%, devido aos dois tipos de comércio, "correspondendo a uma desaceleração face ao mês anterior (+5,5% em dezembro de 2019)".
As importações, por sua vez, decresceram 1,9% após uma subida de 1,7% em dezembro "devido ao comércio Intra-UE, dado que no comércio Extra-UE se registou um aumento", sinaliza.(12/03/2020/Fonte :Jornal de Notícias)
Comissão Europeia deu luz verde à EDP para vender seis barragens no Douro.
A Comissão Europeia aprovou, esta segunda-feira, a venda de seis barragens da EDP, no Rio Douro, ao consórcio francês que integra as empresas Engie, Mirova e Crédit Agricole, por se ter concluído que a operação não afeta a concorrência na União Europeia (UE).
"A Comissão Europeia aprovou, no âmbito do regulamento europeu de concentrações, a aquisição de seis centrais hidroelétricas em Portugal pela Engie, Mirova e Predica [filial do grupo Crédit Agricole], as três sediadas em França", referem o comunicado, onde se sublinha, ainda, que "a concentração proposta não suscitou preocupações de concorrência devido ao seu impacto limitado no mercado da UE".
Os empreendimentos em venda são maioritariamente do distrito de Bragança, nomeadamente Miranda do Douro, Bemposta e Picote, com 1,2 gigawatts (GW) de capacidade instalada e Baixo Sabor, Foz Tua e Feiticeiro (Vila Nova de Foz Côa), com um total de 0,5 GW de capacidade instalada.
A EDP havia anunciado em dezembro a venda das seis barragens ao consórcio francês por 2,2 mil milhões de euros.(09/03/2020/Fonte :Jornal de Notícias)
Coronavírus: Epidemia reduz exportações mundiais em 45 mil milhões.
Registou-se uma queda de 2% na produção da China, principalmente em componentes destinadas à elaboração de automóveis, telemóveis e equipamentos médicos.
O surto de Covid-19 reduziu as exportações mundiais em 50 mil milhões de dólares (44,8 mil milhões de euros) em Fevereiro, segundo uma análise publicada esta quarta-feira pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
A China, onde o novo vírus surgiu em Dezembro, viveu semanas de estagnação com o encerramento de fábricas e restrições no movimento de pessoas para conter a expansão da epidemia de Wuhan, na província de Hubei, para o resto do país. O resultado dessas medidas foi uma queda de 2% na produção da China, principalmente em componentes destinadas à elaboração de automóveis, telemóveis e equipamentos médicos, entre outros, segundo estimativas do organismo.
O país é responsável por 20% da produção e comércio global de produtos intermédios, o que faz dele um actor indispensável na cadeia mundial de produção, afirmou a directora de Comércio Internacional da UNCTAD, Pamela Coke-Hamilton.
Entre os mais prejudicados com a perda de exportações está a União Europeia (UE), onde se calcula que a redução tenha sido de 15.000 milhões de dólares no mês passado, e as indústrias mais afectadas foram a de maquinaria, o sector automóvel, a de química e de instrumentos de precisão.
O Japão e os Estados Unidos perderam em vendas no exterior cerca de 5200 milhões e 5800 milhões de dólares, respectivamente. Após o que parece ter sido o pico da epidemia de coronavírus na China e uma diminuição nos últimos dias, o sector industrial está a regressar progressivamente à normalidade e muitas fábricas começam a produzir de novo.(04/03/2020/Fonte :Público)