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06/19

Exportações: metalurgia cresce o dobro da média nacional, calçado sofre

Todas as indústrias tradicionais estão em terreno positivo, com exceção do calçado, que cai quase 9%. Têxtil e vestuário está estável, com 0,2% mais face a 2018.

Não há abrandamento económico que pare a indústria metalúrgica e metalomecânica. O campeão das exportações, que sozinho assegura 23% das vendas externas da indústria transformadora, destinou, nos primeiros quatro meses do ano, 6747 milhões de euros ao exterior, o que representa um aumento de 9% face a igual período do ano passado, mais do dobro da média nacional, que se ficou pelos 4,36%. Só as vendas para a Alemanha cresceram 14,3%, impulsionadas pela indústria automóvel. Em sentido contrário estão os negócios com os Estados Unidos e a China, a cair, respetivamente, 16,3% e 58,7%, com o metal nacional a ser apanhado nas malhas da guerra comercial entre os dois países.

"As exportações estão a crescer muito bem, em termos globais, e menos bem fora da União Europeia, onde estamos a sentir os efeitos colaterais da guerra comercial e das políticas restritivas de Donald Trump. Mas esta é uma situação que parece estar para durar, já que tudo indica que poderá ser reeleito", diz o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins (AIMMAP). Mas como os Estados Unidos são um "mercado incontornável", e as empresas "não fazem política", não há outra alternativa, diz Rafael Campos Pereira, que não seja "manterem-se resilientes". O papel da associação é ajudá-las a entrar no mercado e, por isso, em setembro do próximo ano, haverá, pela primeira vez, uma delegação de empresas portuguesas a expor na IMTS, feira de tecnologia para a indústria, em Chicago.

Rafael Campos Pereira destaca, ainda, a "trajetória notável" do mercado italiano, no qual as exportações da metalurgia e metalomecânica cresceram 41,3% desde o início do ano. A explicação está numa certa desindustrialização italiana, que compra em Portugal "peças técnicas para todo o tipo de indústria e de produtos de consumo que passaram a ser comprados fora em vez de produzidos internamente".

Um fenómeno também sentido pela indústria têxtil e do vestuário (ITV), que está a crescer 6,1% no mercado italiano desde o início do ano. "Itália foi perdendo a sua fileira estruturada e orientada para a inovação e já não oferece às grandes marcas que tem a lógica de engenharia de produto que encontram em Portugal, que está a ganhar um estatuto de nova Itália, enquanto criador de têxteis inovadores e de soluções de serviço", diz Paulo Vaz, diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). No total, as exportações da ITV estão em linha com o ano anterior - + 0,2% -, embora com performances distintas por subsetores. Os têxteis crescem 2,7%, enquanto o vestuário e os têxteis-lar recuam 0,4% e 2,4%, respetivamente. Ao contrário da indústria metalúrgica, é nos mercados extracomunitários que as vendas da ITV nacional estão a portar-se melhor, com crescimentos de dois dígitos. Os Estados Unidos, por exemplo, cresceram mais de 16% e o Canadá 28,8%.

"A economia americana continua de boa saúde, apesar do senhor Trump ou por causa dele. Na verdade, a economia reage àquilo que são os estímulos de uma política mais amiga dos negócios e da iniciativa privada com grande pujança", destaca Paulo Vaz, que admite ser difícil antecipar como vai comportar-se o ano. "Não consigo definir tendências. Desde o início do ano tivemos dois meses de crescimento, um de queda abrupta e outro de recuperação, não sei o que vai acontecer daqui em diante. As empresas têm de estar atentas e não serem complacentes. Tem de saber ler os sinais dos mercados, ser mais exigentes com a sua própria gestão, diversificarem destinos e terem mais atenção ao comércio eletrónico", refere, sublinhando: "Este não é um negócio para amadores, cada vez mais é para profissionais."

Na fileira da madeira e do mobiliário, as exportações crescem 3%, mas as importações avançam 6%. Em causa está, sobretudo, a falta de matéria-prima para dar resposta ao crescimento das exportações dos restantes setores, obrigando à sua importação para o fabrico de embalagens de madeira, por exemplo. O que acaba por ser, também, uma forma de exportação indireta, lembra Vítor Poças, presidente da associação das madeiras, a AIMMP. Por outro lado, a retoma do setor imobiliário e a "crescente concorrência" asiática ajuda a explicar o aumento das importações de mobiliário, refere o dirigente empresarial. Que lembra que o saldo da balança comercial se manteve sempre positivo entre 2010 e 2018, com as exportações a crescerem mil milhões de euros neste período contra os 500 milhões das importações.

A crescer, embora a um ritmo menor do que o habitual, está, também, a cortiça, que em 2018 atingiu o seu máximo histórico, ultrapassando os mil milhões de vendas ao exterior. Neste ano, "ainda é cedo" para fazer avaliações, diz João Rui Ferreira, presidente da APCOR. As rolhas asseguram 71% das vendas do setor e este é um mercado com uma décalage significativa face à vindima. Ou seja, os vinhos são engarrafados, no mínimo, um a dois anos depois da sua produção. E 2017 foi "o ano da colheita de vinho mais pequena em todo o mundo desde a II Guerra Mundial", o que penaliza as vendas, reconhece João Rui, pelo que, o crescimento, mesmo que apenas de 2,2%, nos primeiros quatro meses do ano, é visto como "extremamente positivo".

O calçado não tem igual sorte. As exportações estão a cair 8,9%, apesar do crescimento nos Estados Unidos e no Japão, de 7% e 7,5%, respetivamente, e das vendas para a China, que mais do que duplicaram face ao ano anterior. A questão é que mais de 85% do valor gerado pelo setor é obtido nos mercados comunitários, que estão, generalizadamente, em queda. "Não é uma questão só nossa, é um cenário visível um pouco por toda a Europa. Sentimos que o mercado está a mudar e o setor do retalho está a passar por uma fase de ajustamento, sobretudo no centro da Europa, que levou ao fecho de quase um milhar de sapatarias tradicionais nos últimos anos", diz o diretor de comunicação da associação do calçado, a APICCAPS.

A isto junta-se o crescimento do comércio online, mas também as questões climatéricas, com uma série de estações atípicas que "têm penalizado" as vendas de calçado. Mas não só. Há também a questão do preço das matérias-primas. "O preço do couro recuou 30% nos mercados internacionais nos últimos cinco anos, o que ajuda a explicar alguma redução no preço médio do calçado português", defende Paulo Gonçalves. Que invoca, ainda, as alterações do padrão de consumo, com o calçado desportivo a ganhar primazia sobre os sapatos clássicos, que dominavam a oferta nacional. O que significa que "a indústria portuguesa conseguiu crescer 5% ao ano num período em que teve de se reformular completamente". Olha, por isso, para os números de 2019 com "alguma tranquilidade". "Nem de outra forma poderia ser. Continuamos a fazer o nosso trabalho de casa, com ações de prospeção, e queremos reforçar a presença nos EUA e no Canadá, bem como no Sudeste Asiático, onde acreditamos que há margem de crescimento", frisa Paulo Gonçalves.(23/06/2019/Fonte : Diãrio de Notícias) 

Investimento na construção com maior subida dos últimos 22 anos

Nos primeiros três meses de 2019, registou-se a maior subida homóloga do investimento em construção desde 1997. Ainda assim, a CPCI alerta para os níveis baixos de investimento público neste setor.

Há 22 anos que não se registava uma subida homóloga do investimento em construção tão acentuada como a registada nos primeiros três meses de 2019. Entre janeiro e março, o investimento aumentou 12,4%, tocando em máximos de 1997. “Foi, de facto, um dos melhores trimestres de que há memória”, sublinha o presidente da Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliário (CPCI), em declarações ao Público (acesso condicionado). Manuel Reis Campos frisa que o setor está “finalmente a reocupar o lugar que sempre lhe pertenceu” e está agora a “preparar-se para a próxima década de investimento”.

De acordo com os dados da CPCI, a soma do investimento feito em construção, no primeiro trimestre do ano, atingiu 4.151 milhões de euros, o que representa uma subida de 12,4% face ao mesmo período de 2018. Ainda assim, Manuel Reis Campos nota que o setor continua aquém dos níveis compatíveis com as necessidades de crescimento sustentado do país. “Era preciso que o investimento público fosse, de facto, o calendarizado e programado. Falta um ano para a próxima década, o próximo ciclo, e está tudo por decidir”, nota o responsável, sublinhando que a subida em causa fica essencialmente a dever-se à iniciativa privada.

O presidente da CPCI salienta, nesse sentido, que os indicadores de investimento público continuam muito baixos. “O setor da construção deveria representar 11% do PIB e ainda estamos muito longe disso”, reforça, citando os dados do Observatório das Obras Públicas.

De acordo com esse barómetro, em abril, o investimento público neste setor registou mesmo uma variação negativa de 12%, tendo passado para terreno positivo em maio, com uma subida homóloga de 6%. “Portugal ainda não tem a necessária convergência com a restante Europa, que continua a alertar que o investimento público é essencial”, remata Reis Campos.(21/06/2019/Fonte : ECO)
 

Menos de um quinto dos trabalhadores recebia salário mínimo no final de 2018

Menos de um quinto dos trabalhadores recebiam o salário mínimo nacional no final de 2018, segundo dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social apresentados hoje na Concertação Social.

De acordo com um documento distribuído na reunião da Concertação Social esta tarde sobre a evolução do mercado de trabalho, a percentagem de trabalhadores a receber a retribuição mínima ficou abaixo dos 20%, fixando-se em 19,6% em dezembro de 2018.

Segundo o último relatório de acompanhamento do acordo sobre salário mínimo divulgado em novembro pelo Governo, a percentagem de trabalhadores abrangidos pelo salário mínimo nacional era de 22,3% em junho de 2018, chegando a 757,2 mil pessoas.

Desde 2016 o salário mínimo aumentou 18,8% em termos nominais e 13,8% em termos reais e, em 2018, o valor da retribuição mínima era de 580 euros, tendo subido para 600 euros em janeiro deste ano.

"O pico do peso de trabalhadores abrangidos pelo salário mínimo nacional no início de cada ano, depois de ter aumentado em 2016 e 2017, estabilizou e não ultrapassou os 23%, e tem diminuído de forma significativa ao longo de cada ano", lê-se no documento distribuído na reunião de hoje, presidida pelo secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita.

Já o rendimento médio mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem ultrapassou pela primeira vez os 900 euros no primeiro trimestre de 2019, um aumento homólogo de 3%, destaca o ministério, referindo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

A média salarial inclui "comportamentos desiguais de diferentes patamares salariais", já que, ao longo dos últimos anos, os salários inferiores a 600 euros "têm perdido peso de modo muito significativo, com reforço dos escalões acima", avança a mesma fonte.(07/06/2019/Fonte : Jornal de Negócios)

Governo quer ocupar até 20% das barragens com painéis solares flutuantes. EDP diz sim

Ministro e empresa de eletricidade garantem que a maior aposta nas renováveis faz baixar a fatura dos consumidores. António Mexia diz que foram menos 300 milhões de euros na última década.

João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética, traçou esta segunda-feira um novo objetivo para fazer multiplicar por mais de nove, até 2030, a energia solar em Portugal, passando de menos de 1 GW para 9 GW: ocupar pelo menos 20% das 50 maiores barragens do país que já produzem eletricidade com painéis fotovoltaicos flutuantes. E até já fez as contas à área necessária: 11 500 hectares.

“Se para produzir 1 MW fosse preciso 1,5 hectares de painéis solares estaríamos a falar de 7,6 GW nestas 50 albufeiras. Ou seja, quase a diferença entre o que temos hoje e o que queremos ter em 2030", referiu o ministro. "Fica aqui o compromisso: estando neste momento em revisão o programa de ordenamento destas albufeiras, vai ser considerado em primeiro lugar a produção de eletricidade a partir de fonte solar com painéis flutuantes". Apesar das legislativas de outubro, o ministro parece estar confiante numa reeleição e anunciou para o final de 2020 a realização de um leilão para a utilização destes planos de água de albufeira, que são públicos .

Para os consumidores são boas notícias, garante Matos Fernandes. "Todos estes projetos vão refletir-se numa baixa dos preços da energia porque produzir eletricidade renovável tem um preço inferior ao custo de mercado. O preço ainda é muito marcado pelas fontes fósseis, que são mais caras".

António Mexia, CEO da EDP, confirma. "Sem as energias renováveis tínhamos hoje uma fatura energética mais elevada. Na última década são menos 300 milhões". Além disso, "a tendência de futuro tem a ver com a complementaridade e hibridização das tecnologias renováveis".

A EDP quer misturar diferentes fontes de energia renováveis e isso só passou a ser possível a partir desta segunda-feira, com a publicação em Diário da República do Decreto-Lei que permite "o licenciamento de unidades de produção em centros eletroprodutores preexistentes, que utilizando diversa fonte de energia renovável, não requeiram aumento de capacidade de injeção [...] sem onerar os consumidores de novos investimentos em infraestruturas de rede".

A nova estratégia do governo para promover o solar, a par dos leilões e da autorização de projetos híbridos, foi anunciada no mesmo dia em que os CEO da EDP e EDP Renováveis, António Mexia e João Manso Neto, rumaram a norte, entre Coimbra e Viseu, para dar a conhecer ao ministro o novo parque eólico no concelho de Penacova, a funcionar desde abril deste ano e com um investimento total de 42 milhões de euros. E ao mesmo tempo anunciar um novo investimento de 3,5 milhões a sul, numa central solar flutuante na barragem do Alqueva, depois dos resultados positivos do projeto-piloto no Alto Rabagão, no distrito de Vila Real.

António Mexia diz que, com os resultados deste novo projeto no sul do país, "daqui a seis meses, um ano, podemos avançar para outros", sendo que o modelo pode ser replicado em todas as barragens da EDP. O Dinheiro Vivo sabe que a elétrica também está a pensar levar o eólico flutuante para outras geografias onde opera.

Em Penacova, no cenário verdejantes da serra do Buçaco, são 13 as turbinas da Senvion (cada uma com 3,6 MW e fabrico nacional) que entraram em exploração no passado mês de abril, numa potência instalada total de 47 MW, com capacidade para abastecer 50 mil casas. De acordo com Mexia, as gigantes eólicas que rasgam a paisagem e ocupam terrenos vizinhos de batalhas napoleónicas e moinhos que serviram de inspiração a Vitorino Nemésio têm 160 metros de altura, "quase dois campos de futebol na vertical".

Já na barragem do Alqueva, em pleno Alentejo, a EDP quer ver entrar em operação em 2020 quase 11 mil painéis fotovoltaicos flutuantes. A nova central ocupará quatro hectares da albufeira, uma área equivalente a quatro campos de futebol, com uma potência instalada de 4 MW e uma produção anual estimada de 6 GWh, o suficiente para abastecer um quarto da população dos dois municípios da região (Portel e Moura).

O projeto está ainda em licenciamento, previsto para o final de setembro, estando a avaliação de incidências ambientais a ser conduzido pela CCDR Alentejo. A obra de instalação dos painéis demorará cerca de um ano. O novo projeto no Alqueva será em complementaridade com uma central hídrica com sistema de bombagem, que permite a reutilização da água para geração de eletricidade.

"O que temos é um ecossistema com solar fotovoltaico, com a hídrica com bombagem, com mais sistema de armazenamento com baterias. A associação de duas renováveis e armazenamento, usando uma infraestrutura e a ligação à rede que já existe. É um passo para testar soluções de futuro", disse Mexia, confirmando que a empresa está a avaliar a associação de eólico com solar, com custos que conseguem competir no mercado.(04/06/2019/Fonte : Diário de Notícias)

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