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03/19
Sorria, está a ser filmado. Tecnologia portuguesa para sair da loja sem ir à caixa
Com o sistema da Sensei, câmaras registam o que os clientes levam para casa e as empresas recebem mais informação. A tecnologia levanta algumas questões laborais, mas a empresa garante que não quer lojas sem pessoas.
Criar lojas sem filas, ao substituir as caixas de pagamento por câmaras e algoritmos. Essa é a visão da Sensei, uma startup portuguesa que desde 2017 está a desenvolver aquilo que descreve como um “sistema de retalho inteligente” para diminuir o tempo que as pessoas esperam para sair de uma loja depois de ter as compras feitas. A tecnologia deve chegar aos clientes ainda este ano.
O PÚBLICO foi experimentar uma pequena loja de demonstração a funcionar em Lisboa. Só se entra com o telemóvel. É o aparelho que abre as portas depois de se apontar a câmara a um código electrónico, ou fazer o registo no site da empresa. Entra-se, retiram-se os produtos das prateleiras, e sai-se. Enquanto se está na loja, várias câmaras registam os movimentos do utilizador (na loja em Lisboa, com prateleiras a revestir duas das paredes, havia mais de dez câmaras no tecto).
À saída, o pagamento é debitado automaticamente do cartão de crédito associado à aplicação da Sensei. Em segundos, o utilizador recebe o recibo no telemóvel (que detalha o que comprou e o que gastou) e a loja recebe informação sobre os produtos em falta, fora do lugar, ou que estão a gerar interesse junto dos clientes. Por exemplo, o creme para barrar que foi tirado e posto de novo da prateleira por muitas pessoas.
“Diariamente quase todos precisam de ir às compras, mas perdem-se horas em filas. É um peso enorme para a economia e para a vida das pessoas. Nós queremos devolver essas horas. Especialmente numa era em que sentimos que precisamos de mais tempo”, resume ao PÚBLICO Vasco Portugal, fundador e director executivo da Sensei. Diz que o objectivo da empresa é “digitalizar empresas físicas”.
A tecnologia da Sensei baseia-se em visão computacional, um campo da inteligência artificial que treina computadores para interpretar e entender o mundo visual. É uma tecnologia que é muito usada, por exemplo, nos carros autónomos. Nas lojas, a informação pode ser retirada de câmaras de vigilância já instaladas.
No começo de 2018, o projecto angariou um investimento de meio milhão de euros da incubadora norte-americana TechStars, da Sonae IM (um braço de investimento do grupo Sonae, que é também dono do PÚBLICO), do grupo germânico de retalho Metro Group, e de vários investidores individuais.
Mudar os hábitos
O caminho para lojas sem empregados nas caixas registadoras em Portugal pode ser longo, diz ao PÚBLICO Miguel Faias, gestor de retalho na GfK, uma analista de mercado: “Não se prevê que o modelo se torne popular a curto prazo, porque não é uma prioridade para as marcas actuais.”
Há que considerar os hábitos da população. “Portugal é um país com uma faixa etária muito envelhecida”, nota Faias. Dados de 2019 da Euromonitor International mostram que Portugal ocupa a quinta posição na lista de países mais envelhecidos do mundo (à frente só mesmo o Japão, Itália, Grécia, e Finlândia). “Isso é uma franja da população que se torna mais alheia a novidades do digital. Para muitos, o único recurso é ir mesmo à loja”. Por outro lado, diz Faias “é verdade que os portugueses se adaptam muito rapidamente. É uma população muito sensível ao preço. Se a mudança implicar um preço mais atractivo, é mais fácil.”
Do lado dos retalhistas, o objectivo da Sensei é dar mais dados às lojas para poderem melhorar a estratégia de venda. “Há um vazio muito grande desde que um produto entra na loja e sai depois na caixa”, diz Vasco Portugal.
A Com a Sensei, todas as imagens captadas em loja são convertidas em dados sobre interacções. Numa plataforma de demonstração apresentada ao PÚBLICO, enquanto um cliente navega pela loja surge informação no ecrã em tempo real sobre o que está a ser feito (“Robert de Niro [é um nome de código] interagiu com Nutella na Demo Store”). No produto final, porém, a equipa diz que o retalhista não vai ter acesso a quaisquer imagens – serão automaticamente apagadas depois de convertidas em dados –, nem vai saber o nome ou quaisquer outros detalhes dos clientes.
“A loja recebe apenas dados agregados de produtos com que os clientes interagiram”, explica ao PÚBLICO Joana Rafael, gestora de operações e co-fundadora da Sensei. Diz que a informação é fundamental para resolver os problemas do comércio tradicional, face ao digital.
Compras online crescem, mas continuam longe da média europeia Apesar do crescimento do comércio online, feito através da Internet, relatórios de analistas como a Deloitte e a eMarketer notam que mais de 90% das compras vêm de lojas físicas. “Grande parte do retalho ainda é feito nas chamadas ‘brick and mortar’… Lojas de cimento. Só que várias cadeias e lojas estão a fechar, porque não conseguem ter a mesma eficiência que as lojas online”, diz Joana Rafael. “O posicionamento de um produto na prateleira tem um grande impacto naquilo que é a venda. E nós vamos fornecer esses comportamentos ‘macro’ ao retalhista”.
Em 2019, a tecnologia da Sensei já foi testada em várias lojas dos grupos Metro e Sonae, que estão a investir na tecnologia. Em Portugal, as marcas do grupo Sonae incluem o Continente e a Go Natural. Numa fase muito inicial, também foi explorado um projecto-piloto na alfaiataria Dielmar, no Centro Comercial Amoreiras, que pertence à família de Joana Rafael.
“O que nós fazemos nestas lojas são apenas dados de treino e não são gravados, ou usados para coisa alguma”, frisa Rafael que as descreve como “laboratórios reais”. E acrescenta: “Obviamente, quando abrirem lojas Sensei, os clientes vão ser informados, vão ter de aceitar os termos e condições do serviço.”.
Lojas sem empregados? Em Portugal já há alguns serviços de retalho a funcionar sem empregados. “Nos grandes centros urbanos em Portugal, no Porto e em Lisboa, e em algumas cidades do litoral, já existem pequenas lojas de conveniência, abertas 24 horas por dia, sete dias por semana, como a Grab and Go”, lembra ao PÚBLICO Vera Maia, especialista em marketing digital e fundadora da empresa de consultoria TSe (Tudo sobre eCommerce). “Podemos também encontrar lavandarias e outro tipo de negócios que permitem o self-service do cliente”.
Maia partilha a opinião de Miguel Faias, da GfK, sobre a proliferação deste tipo de serviços: “Em Portugal o contacto físico e humano continua a ser de extrema importância, pelo que não prevejo que esta realidade se torne mainstream num futuro próximo.”
A Sensei diz que não quer criar lojas sem empregados. “A questão de a tecnologia provocar o fim de alguns empregos é uma questão transversal a muitas áreas”, diz Vasco Portugal. “O que queremos é substituir trabalho de desgaste mecânico e que ninguém gosta de fazer.”
A equipa compara a tecnologia a serviços como os da Amazon Go, nos EUA, e à Bingo Box, na China, lojas com poucos ou nenhuns empregados, que também usam sensores e visão computacional para perceber o que está a ser retirado da prateleira.
No caso da Bingo Box, na China, as câmaras até vêm equipadas com reconhecimento facial, para resolver eventuais furtos. É uma tecnologia que a startup portuguesa diz não ter planos para incluir. “Até os nossos servidores vão estar em loja. Não queremos que os vídeos saiam do perímetro da loja por uma questão de privacidade”, esclarece Vasco Portugal.
Para a equipa, uma das vantagens face a outras empresas fora da União Europeia, para clientes preocupados com a privacidade, é o Regulamento para a Protecção de Dados (RGPD). Desde que entrou em vigor em Maio de 2018, tornou-se possível um cliente pedir a uma empresa para revelar todos os dados que tem sobre si, apagar esses dados, e rever decisões feitas por programas informáticos.
Vera Maia, da consultoria TSe, nota, porém, que a preocupação com a privacidade ainda é “bastante reduzida” junto dos portugueses, e que a grande barreira – nas lojas sem filas – é garantir que não se perde o contacto humano.
“Nós não queremos lojas sem pessoas a trabalhar”, insiste Vasco Portugal. Diz que não seria lucrativo para os retalhistas. “Os clientes estão sempre a procurar pessoas a quem possam pedir ajuda”, diz. “Se puderem eliminar algo, é o tempo que passam a esperar em caixas.”(25/03/2019/Fonte : Público)
Bosch expande instalações em Braga com investimento de 38 milhões de euros
As novas instalações da Bosch em Braga são inauguradas esta sexta-feira, contando com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A multinacional alemã Bosch expandiu as suas instalações industriais em Braga com dois novos edifícios que representam um investimento de 38 milhões de euros. Esta sexta-feira, a empresa inaugura as novas instalações da Bosch Car Multimedia, que corporizam o principal polo produtivo e de inovação da Bosch, um momento que conta com a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Os dois novos edifícios vêm acrescentar 21.000 metros quadrados aos 54.000 metros quadrados já edificados no complexo e servirão cerca de 3.700 trabalhadores, sendo que esta expansão permitirá à Bosch chegar aos quatro mil colaboradores ainda este ano.
O administrador técnico da Bosch em Braga e representante do grupo em Portugal, Carlos Ribas, citado em comunicado, afirma que “a Bosch vê um enorme potencial em Portugal e vai continuar a investir no país. Vamos continuar com uma aposta clara na criação de conhecimento crítico e soluções inovadoras nas áreas da mobilidade autónoma e conectada.”.
Quanto aos novos edifícios hoje inaugurados, um abriga as instalações da cantina, numa área total de 3.900 m2. Noutro edifício existe cerca de 5.200 m2 de escritórios e uma área de produção com 10.000 m2, para “uma resposta clara à expansão das equipas e aos novos projetos que a empresa tem vindo a receber”.
O novo edifício que conta com uma área de produção servirá para produzir “sistemas inovadores de infotainment e painéis de instrumentação digitais marcas automóveis de renome a nível mundial”.
A multinacional alemã, no mesmo comunicado, informa que a Car Multimedia em Braga duplicou a sua faturação nos últimos 4 anos e ultrapassou a marca de mil milhões de euros em vendas totais, “conquistando um lugar entre os quatro maiores exportadores de Portugal em 2018”.
No ano passado, a empresa já tinha inaugurado um novo centro de Tecnologia e Desenvolvimento para a condução autónoma e, agora, com dois novos edifícios há a previsão de crescimento em Braga, “ainda que num ritmo mais moderado”.
No ano passado, a empresa já tinha inaugurado um novo centro de Tecnologia e Desenvolvimento para a condução autónoma e, agora, com dois novos edifícios há a previsão de crescimento em Braga, “ainda que num ritmo mais moderado”.
m Portugal, a Bosch emprega cerca de 5.800 pessoas.(22/03/2019/Fonte : Jornal Económico)
Lisboa à frente de Paris, Londres e Roma na lista das cidades com mais qualidade de vida
Central City Terrace Apartment with Beautiful ViewCapital portuguesa volta a subir também entre melhores destinos para empresas estrangeiras localizarem operações e funcionários, segundo um ranking da Mercer. E destaca-se na segurança.
Mais um ano, mais um degrau. Há três anos que Lisboa sobe no ranking da Mercer das cidades mais atrativas - e, por isso, também mais baratas - para colocar funcionários em operações estrangeiras de empresas. A capital portuguesa surge neste ano colocada na 37ª posição, um lugar acima de 2018, da lista da consultora que serve de referência a multinacionais e organizações internacionais na hora de calcularem a compensação ao pessoal deslocado. A melhoria é constante desde 2016, ano em que Lisboa era 42º da lista.
Os dados da Mercer, divulgados esta quarta-feira, mantêm a capital portuguesa à frente de grandes capitais da Europa como Paris (39ª), Londres (41ª), Madrid (46ª) ou Roma (56ª). A lista é liderada pela capital austríaca, Viena, há já uma dezena de anos, e é dominada por cidades da Alemanha (cinco cidades nas primeiras 20 posições), Suíça (quatro), Canadá (três), Austrália (duas) e Nova Zelândia (duas). Bagdade, no Iraque, tem a pior qualidade de vida.
Mas, mais que na subida na classificação geral da qualidade de vida, Lisboa destaca-se neste ano por uma escalada significativa na lista das mais seguras cidades do mundo - a Mercer avalia mais de 450 e lista pouco mais de duas centenas. Segundo os critérios da consultora, a capital de Portugal surge agora na 31ª posição, logo atrás da cidade-Estado de Singapura, e subindo 12 lugares desde 2005, ano em que o índice foi lançado em Portugal.
"Estamos a atravessar um momento estável a nível económico, com investimento internacional, uma taxa de desemprego relativamente baixa e resultados animadores no que toca, por exemplo, às exportações. A qualidade de vida da capital portuguesa tem vindo a evoluir em todos os sentidos, fazendo de Lisboa uma opção incontornável a nível internacional", comenta Tiago Borges, líder da área de rewards da Mercer, em comunicado.
Nos destinos mais seguros do mundo para capital e recursos humanos, a dianteira é do Luxemburgo. O grão-ducado é seguido pelas cidades de Basileia e Berna, na Suíça. Damasco, na Síria, é a cidade mais insegura do mundo na ordenação da Mercer.
O estudo anual da consultora vai na 21ª edição e a importância da classificação no atual contexto internacional é destacada pela consultora, a elencar vários fatores que exigem maior prudência aos negócios internacionais: tensões comerciais, tendências populistas, política monetária restritiva e volatilidade nos mercados.
"As alterações que estão em curso em termos socioeconómicos a nível mundial estão a fazer com que as empresas e organizações reflitam mais a fundo sobre as oportunidades de negócio além-fronteiras", diz Tiago Borges.(13/03/2019/Fonte : Diário de Notícias)