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11/06

Agricultura lança manual para defender o montado

 

Para fazer face ao declínio do montado, o Governo lançou um guia de boas práticas e promete apostar na investigação das causas deste problema

Alimenta uma das mais importantes indústrias nacionais, a da cortiça, engorda um dos grandes petiscos da gastronomia portuguesa, o porco preto, e assegura que boa parte do país não se transforma por completo num deserto físico e humano. O montado é um dos mais nobres sistemas florestais em Portugal mas, por razões não inteiramente apuradas, está em declínio. Para tentar incentivar a sua protecção, o Ministério da Agricultura lança hoje em Portel um manual de Boas Práticas de Gestão em Sobreiro e Azinheira.
Os primeiros sinais da doença é a mudança de cor das folhas e a sua queda. Depois, a pouco e pouco, a árvore seca. Noutros casos, ocorre "morte súbita". Porquê? Concretamente ninguém sabe. A escassez de água, as más práticas agrícolas e um fungo são apontados como os principais responsáveis. De que forma é que isoladamente ou em união de esforços vergam espécies reconhecidas pela sua robustez perante um clima adverso e solos pobres é algo que está ainda por apurar.
O certo é o impacto que está a ter. Por todo o Alentejo, em partes da Beira Interior e na Serra Algarvia há milhares de casos que preocupam os produtores, industriais e até os investidores turísticos, que contam com aquela paisagem única para enquadrar os seus projectos.
Em Maio, o Governo decidiu lançar um programa de acção para tentar controlar a situação. O lançamento deste manual era uma das medidas previstas. A ideia foi a de redigir um guia para "bem tratar os montados e povoamentos de sobreiro e azinheira" de forma a ajudar os proprietários, através de uma linguagem acessível, a gerir os povoamentos, a protegê-los contra os incêndios e a defendê-los contra as pragas e doenças.
O documento é hoje apresentado e distribuído na Feira do Montado, em Portel, e será ainda enviado ao maior número de proprietários e gestores florestais possível, assim como será disponibilizado a quem o pedir, garantiu ao PÚBLICO Rui Gonçalves, secretário de Estado das Florestas.

Tornar o conhecimento acessível
Neste manual, são dadas ao produtor informações vitais para compreender de que forma algumas práticas prejudicam a árvore. A forma como se faz a sua nutrição, o papel que o solo desempenha e a importância de não danificar as raízes pode parecer um bê-a-bá inútil para quem sempre conviveu com estas espécies mas fornecem as razões para os conselhos que são dados sobre a regeneração, os desbastes, as podas, o descortiçamento, o controlo da vegetação espontânea, o aproveitamento silvopastoril, a sanidade ou a actuação em áreas ardidas.
Com recurso a imagens e infografia, o manual editado pela Direcção-Geral de Recursos Florestais fornece, ao longo de 104 páginas, uma informação simplificada e de fácil leitura. "O objectivo foi o de tornar o conhecimento científico acessível a todos", explica Rui Gonçalves.
Mas a parte crucial do programa de acção é o apuramento das causas que levam ao declínio. Depois de se terem realizado dois seminários - um em Maio e outro em Outubro - com a presença de especialistas nacionais e estrangeiros, o objectivo é "desenhar um programa de investigação nacional e internacional para colmatar as lacunas no conhecimento", adiantou o secretário de Estado. E sobretudo responder às duas principais questões que se colocam: qual é a origem e qual é a solução do problema.
Tudo para defender um sistema produtivo a que muitos chamam perfeito. Além de assegurar uma importante multifuncionalidade - agrícola, silvícola e pastoril - que sustenta actividades económicas com grande importância a nível nacional e regional, o montado tem também um importante valor natural e paisagístico. Além de ter um papel fundamental na protecção do solo.
1,2 milhões de hectares ocupados por montado (720 mil de sobreiros e 440 mil de azinheiras)
900 milhões de euros é o valor anual das exportações dos produtos de cortiça
15 milhões de euros é o volume de negócios anual da produção e transformação do porco preto
4 são os outros aproveitamentos que se fazem no montado e que inclui a produção de cogumelos, a produção de plantas aromáticas e medicinais, a caça e o turismo e recreio
(30.11.06/Fonte : Público)

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Portugal : Maior taxa de VIH da União Europeia

 

Nos países com elevados níveis de VIH entre consumidores de drogas injectáveis (CDI), como o nosso, há novos sinais de propagação de infecto-contagiosas. "Em Portugal, uma aparente diminuição dos novos casos de VIH diagnosticados entre os CDI é posta em causa pelos dados de 2004, que revelam uma incidência de infecções de VIH de 98,5 casos por milhão de habitantes, a maior da UE [União Europeia]", aponta o relatório do Observatório da Droga e da Toxicodependência, divulgado a semana passada. Portugal é também um dos países da Europa Ocidental com mais casos de sida entre os CDI, apesar de a incidência da doença estar em queda desde 1999.

 

Em 2004, a taxa era de 31 por milhão de habitantes. O documento sustenta ainda que as amostras de CDI testadas entre 2003 e 2004 revelavam índices de prevalência de hepatite C na ordem dos 60 por cento. Já no que concerne à hepatite B, Portugal apresenta uma das mais baixas taxas de prevalência. A.C.P.(29.11.06/Fonte : Público)

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EDP : Produzir electricidade a partir de bagaço de cana

 

No dia em que foi oficialmente inaugurada a barragem de Peixe Angical, que dá à Energias do Brasil (empresa detida a 100% pela EDP) uma capacidade de produção energética de 1.043 MW, soube-se que o próximo investimento da companhia portuguesa pode ser a construção de centrais de biomassa para a produção de electricidade a partir do bagaço da cana de açúcar.

Em declarações ao Correio da Manhã, Custódio Miguens, presidente da Enerpeixe, revelou que existem estudos sobre essa possibilidade. “A decisão do investimento deverá ficar clarificada no primeiro semestre de 2007”, adiantou aquele responsável. Miguens acrescentou que “o Brasil já tem experiência na produção de electricidade através da biomassa, mas ainda com caldeiras de baixa capacidade”. O aproveitamento dos desperdícios da cana de açúcar pode constituir um combustível de alto valor calórico.

O Brasil tem uma safra de cana de açúcar da ordem dos 400 milhões de toneladas/ano, mas irá aumentar essa capacidade para os 600 milhões em 2010. A maioria da cana (75%) é já aproveitada para a fabricação de carburante que abastece cerca de 75% da frota de automóveis que circula no Brasil.

Quanto a Peixe Angical, ontem inaugurada com a presença do ministro brasileiro da Energia, o ministro da Economia, Manuel Pinho e o presidente da EDP, António Mexia, o investimento deverá gerar retorno no prazo de oito anos e ter um impacto importante nas contas da Energias do Brasil já em 2007.
(28.11.06/Fonte : Correio da Manhã)

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Empresa portuguesa Euronavy pinta barcos da marinha de guerra norte-americana

 

Os barcos da marinha de guerra dos Estados Unidos (US Navy) são pintados com uma tinta única no mundo desenvolvida pela Euronavy, uma pequena e média empresa localizada em Setúbal. Desde a sua fundação que Mário Paiva, presidente da empresa, apostou no mercado internacional e no desenvolvimento de um produto de referência, a tinta ES301, que permitiu à empresa dar o salto para áreas tão exigentes como a naval e o off-shore (plataformas petrolíferas).

A carteira de clientes da Euronavy permite-lhe estar presente nos quatro cantos do mundo. Para além da marinha norte-americana, as tintas da fábrica de Setúbal estão presentes nas plataformas petrolíferas da Petrobras e da Transpetro, no Brasil, da British Petroleum (BP) e da Pemex, no México. A empresa fornece ainda a National Iranian Tanker, companhia de transporte de combustíveis iraniana. Outro cliente de referência é os estaleiros de Singapura, onde são construídos grandes navios e é feita a reparação e transformação naval .

A empresa está ainda a desenvolver projectos no Dubai e no Bahreim, na área petrolífera. Mário Paiva, presidente, disse ao DN que "está a desenvolver contactos com a Sonangol para se posicionar como fornecedor". Na semana passada, venceu um contrato na África do Sul para fornecer os estaleiros da Cidade do Cabo.

Para além da fábrica de Setúbal, os produtos Euronavy são também produzidos sob licença por parceiros nos Estados Unidos, Brasil e China. A empresa possui uma rede de distribuidores a nível mundial, em países como a Alemanha, a Índia e a Coreia do Sul.

A empresa é ainda fornecedora de referência dos caminhos-de-ferro franceses, a SNCF, para a protecção das suas pontes metálicas. Os produtos da Euronavy foram aprovados pela HDW alemã para a pintura dos futuros submarinos da Marinha de Guerra Portuguesa, recentemente adjudicados ao consórcio alemão.

Desde 2001 que a Euronavy criou uma divisão de serviços que lhe permite concorrer directamente às empreitadas lançadas por clientes, que considera decisors em Portugal, como são os casos da Petrogal, EDP, Portucel, Shell e Refer. Desta forma, "a Euronavy introduz no mercado nacional processos e soluções inovadoras". A empresa forneceu produtos para algumas obras emblemáticas, como a reparação dos tanques da refinaria da Petrogal em Sines, e esteve envolvida na pintura da Ponte D. Luís I, no Porto.

Mário Paiva diz que a empresa está em fase de crescimento e que existem projectos para a sua expansão. Recentemente, adquiriu um terreno adjacente à fábrica, num total de 46 mil metros quadrados, destinado à instalação de armazéns e ao alargamento da área industrial. A empresa afecta anualmente 20% da sua facturação para investigação e investimento.
(27.11.06/Fonte : Diário de Notícias)

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Portugal investe 8 mil milhões em projectos do sector energético

 

O Ministro da Economia informou ontem que Portugal projecta "investir no sector energético, nos próximos anos [até cerca de 2010], oito mil milhões de euros", ou seja, mais de 5% do índice de riqueza nacional, embora considere que a solução para o desafio do aprovisionamento de energia "tem de ser encontrada ao nível global e europeu, e não apenas nacional".

Portugal - cuja interconexão com a Espanha, visando cobrir 30% do consumo em 2010, "é uma das mais elevadas da Europa" - está "fortemente empenhado em construir o mercado ibérico regional", bem como o Mercado Interno europeu, disse em Bruxelas, no âmbito de uma conferência internacional sobre política de energia.

Manuel Pinho defendeu uma "regulação independente" do mercado sem chegar ao ponto de aplaudir explicitamente, como fez na mesma conferência o seu homólogo espanhol, a proposta da Comissão Barroso sobre a criação de uma autoridade reguladora europeia.

"A era dos 27 mini-mercados europeus e mini-políticas tem de acabar", declarou, por seu turno, o presidente da Comissão Europeia, a propósito do lançamento, em Janeiro, de um pacote europeu de medidas destinadas a tornar o Mercado Europeu da Energia numa realidade.

A UE importa 50% da energia que consome, prevendo-se que essa dependência face ao exterior aumente para 70% dentro de 15 anos caso não modifique a sua política.

Barroso enfatizou a ideia de que "os mercados abertos, não o nacionalismo primário, são a via para a sustentabilidade e segurança energética".

Russos na Galp
À margem da conferência, o ministro furtou-se a um comentário sobre a possibilidade de a companhia russa Gazprom entrar no capital da Galp Energia, alegando não querer alimentar especulações em torno de uma hipotética "questão accionista".

"Não posso especular sobre cenários", disse o governante, questionado por jornalistas portugueses.

Manuel Pinho, que assegurou não ter recebido nenhuma comunicação a esse respeito, declinou pronunciar-se sobre o estado de espírito político com que o Governo a que pertence olha para a perspectiva de Portugal ficar eventualmente demasiado dependente dos fornecimentos de gás russo, e se consideraria a Rússia um fornecedor seguro, ou se haviam sido pedidas quaisquer contrapartidas à parte russa.

Admitiu, no entanto, a necessidade de "transformar a Rússia num fornecedor seguro" e a importância de Portugal "diversificar" e "assegurar" as suas "fontes de abastecimento no sector (do gás)", incluindo através da "construção de infra-estruturas".

Maior risco de apagões
Os responsáveis pelas principais empresas energéticas europeias estão preocupados com a segurança do abastecimento e acreditam que o risco de corte de abastecimento está a crescer, refere o relatório anual do sector elaborado pela PricewaterhouseCoopers. Cerca de metade dos executivos das energéticas líderes na Europa acreditam que "apagões" e interrupções no abastecimento de gás são mais prováveis agora do que há cinco anos, devido à instabilidade política que afecta alguns dos países fornecedores de gás natural. Mais de um terço dos inquiridos europeus referem como "imenso" ou "significativo" desafio o desequilíbrio entre a oferta e a procura e o abastecimento na Europa. O estudo afirma que vai haver um menor número de empresas de geração e distribuição de energia, com dimensão muito maior.

Refere ainda que a tecnologia vai ser o principal motor nas alterações do sector e que os investimentos vão ser, fundamentalmente, focados no carvão limpo para reduzir as emissões de C02.
(21.11.06/Fonte : Jornal de Notícias)

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Desemprego baixa para 7,4% mas com mais emprego precário

 

A taxa de desemprego medida pelo INE desceu para 7,4% em Setembro, menos 0,3 pontos percentuais que em igual período de 2005. Mas subiu 0,1% face a Julho, reflectindo a redução do emprego disponível após o Verão. A população empregada aumentou em 1,1%, em termos homólogos.

Os desempregados contavam-se em 417 400 no mês de Setembro, menos 12 500 indivíduos do que no período homólogo e mais 11800 do que em Julho. Esta evolução explica-se, em parte, pelo aumento homólogo da população activa em 0,8%, que dilui o peso dos desempregados no total dos indivíduos em idade activa.

Os dados do INE permitem ainda verificar que, desde o início deste ano, a economia criou 53 mil novos postos de trabalho em termos líquidos. No entanto, esse emprego foi sobretudo precário. Entre Dezembro de 2005 e Setembro deste ano, os contratos a prazo cresceram 14,3%, enquanto os contratos sem termo desceram 0,31%. Ou seja, apesar de terem sido criados 85 mil postos de trabalho com contrato a prazo, a sua curta duração, fez com que o saldo global de novos empregos não fosse além dos 53 mil.

Verificou-se ainda um aumento do trabalho a tempo parcial de 3,5%, enquanto a população empregada a tempo completo aumentou apenas 0,7% desde o início do ano. Outro sinal a apontar para a precarização do emprego.

Por níveis de escolaridade, os dados do INE permitem concluir que, tal como vem acontecendo em períodos anteriores, o desemprego dos licenciados está a crescer mais do que noutros grupos de habilitações em termos trimestrais. Entre Junho e Setembro, o número de desempregados com o ensino superior subiu 33%, contando mais cerca de 14 mil indivíduos. Uma situação que pode explicar-se pelo efeito acumulado do fim dos empregos sazonais e da entrada no mercado dos jovens saídos das universidades.

Em contrapartida, se a comparação for feita com o mesmo período do ano anterior, há agora menos 5600 licenciados desempregados. Mesmo assim, este grupo totaliza 54 mil indivíduos. Uma dimensão que traduz não só a falta de dinamismo da economia para absorver mais quadros, como também a desadequação entre as qualificações financiadas pelo Estado no ensino superior e as necessidades das empresas.

Um dado que confirma aquela leitura é que a população à procura do primeiro emprego subiu 30% em Setembro, face a Julho. São agora 66 mil contra os 50 mil em Junho.

O único segmento de habilitações em que o número de desempregados cresceu, tanto em termos homólogos (9,5%) como trimestrais (2,5%), é o do ensino secundário e pós secundário, contando agora com mais seis mil desempregados do que em Setembro do ano passado. Já ao nível do ensino básico, o número de desempregados baixou quer em termos homólogos (-4,3%), quer trimestrais, tendo baixado 1,1%.

Os dados do INE enquadram-se na estimativa do Governo e de Bruxelas, que apontam para uma taxa de desemprego no final deste ano, entre 7,6% e 7,7%.
(17.11.06/Fonte : Diário de Notícias)

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Inflação: Preços subiram em Outubro

 

Os preços em Portugal registaram uma subida de 0,1 por cento em Outubro face ao mês anterior, mantendo a taxa de inflação média em 3,1 por cento, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A taxa de inflação em igual período de 2005 foi de 2,7 por cento, situando-se então três décimas de ponto percentual abaixo do valor registado no mês anterior.(16.11.06/Fonte : Correio da Manhã)

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Impostos e juros travam consumo

 

Os aumentos dos impostos e das taxas de juros, bem como a estagnação do mercado de trabalho nacional estão a travar o crescimento do consumo privado e o investimento das empresas. O alerta é dado no Boletim de Outono ontem divulgado pelo Banco de Portugal, ressalvando, porém, que a economia está em franco crescimento, assente na expansão das exportações, pelo que o PIB deverá fixar-se nos 1,2%.

 

“A subida gradual das taxas de juro, o aumento da carga fiscal e a percepção da inevitabilidade de adoptar medidas de natureza estrutural para assegurar a correcção do desequilíbrio das finanças públicas terão contribuído para moderar as despesas de consumo das famílias, num contexto em que a melhoria das condições no mercado de trabalho é ainda incipiente e em que a variação do salário real deverá ser aproximadamente nula”, lê-se no documento da instituição presidida pelo socialista Vítor Constâncio.

A autoridade monetária nacional prevê que “o investimento em habitação por parte das famílias volte a contrair-se” este ano, com uma redução acumulada desde 2000 que chega já aos 30%. Uma retracção que o Banco de Portugal atribuiu às situações já enumeradas e ainda a um “ajustamento face ao crescimento muito elevado verificado na segunda metade da década de 90”.

A instituição diz que o consumo privado deve abrandar de 1,7% em 2005 para os 1,1% este ano. No que respeita ao investimento das empresas, estima-se que a queda seja da ordem dos 3,2%, elevando para 18% a redução acumulada nos últimos cinco anos. A diminuição do investimento empresarial é justificada “para além da incerteza que continua a rodear as perspectivas de procura”, com as incertezas quanto ao impacto das medidas de carácter estrutural, designadamente no que se refere ao processo de consolidação orçamental.

O Banco de Portugal refere que a redução do défice em 2006 está a ser conseguida à custa do aumento das receitas. “A receita fiscal (...) terá um contributo de cerca de um ponto percentual do PIB para a melhoria da posição orçamental subjacente”, lê-se no relatório. O Boletim de Outono salienta que aquele resultado decorre do impacto adicional da subida da taxa do IVA (para 21%) em Julho de 2005, do aumento do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) por litro de gasolina e de gasóleo em 2,5 cêntimos em meados de Janeiro de 2006 e da eliminação de benefícios fiscais no IRS. A entidade estima que a despesa com vencimentos dos trabalhadores das administrações públicas caia 0,3 pontos percentuais do PIB, “em consequência da redução do número de funcionários, do congelamento das progressões automáticas nas carreiras e da actualização da tabela salarial abaixo da inflação”.

CINCO ELOGIOS DE VÍTOR CONSTÂNCIO

- Economia marcada por aceleração da actividade assente nas exportações

- O crescimento estimado traduz uma aceleração da actividade em 0,8 pontos

- Taxa de desemprego estabilizou nos 7,5 por cento

- O desequilíbrio das contas públicas foi reduzido

- Consolidação orçamental foi plenamente concretizada
(15.11.06/Fonte : Correio da Manhã)

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Salário espanhol cresce bem acima do português

 

O crescimento do salário mínimo em Portugal anunciado por José Sócrates no discurso de encerramento do Partido Socialista perde todo o rubor transmitido quando é comparado com aquele que foi decretado pelo governo espanhol para 2007 - 5,4%. E o contraste é ainda maior se compararmos as intenções anunciadas pelo Executivo português com as do seu homólogo espanhol, que se encontram já em prática. Em três anos, Zapatero terá aumentado o referencial salarial mínimo real 11% acima da produtividade, enquanto em Portugal, no mesmo período, este deverá registar uma quebra de 0,2%.

Em 2005 e 2006, o salário mínimo real (descontando o efeito da inflação) em Espanha cresceu cumulativamente 9% acima da produtividade. Se incluirmos a actualização já decretada para o próximo ano, e levando em contas as estimativas da OCDE e da Comissão Europeia para os principais indicadores económico em 2007, a descolagem do salário mínimo real face à produtividade atinge os 11%.

Acontece que em Portugal, passa-se precisamente o contrário. Em 2005 e 2006, este ordenado mínimo desvalorizou, em termos reais, 0,8% face à evolução da produtividade. Em 2007, admitindo um aumento deste referencial na ordem dos 3,6%, para 400 euros, haverá finalmente um ganho real face à produtividade, mas ainda assim incapaz de compensar as perdas registadas nos dois anos anteriores.

Zapatero actualiza em 30%

Quando chegou ao poder, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero, prometeu elevar o salário mínimo de 460 euros, em 2004, para 600 euros, em 2008, o que corresponde a um crescimento de 30% em quatro anos. Depois de um primeiro aumento de 11,5% em 2005, este referencial tem sido actualizado a um ritmo constante de 5,4%.
(14.11.06/Fonte : Diário de Notícias)

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Espanhóis da Telemo trazem cabinas telefónicas solares para Portugal

 

Funcionam com energia solar, não necessitam de fios e instalam-se em apenas quatro horas sem qualquer tipo de obras. São assim as cabinas telefónicas ecológicas que estão prestes a chegar a Portugal. A inovação é da operadora espanhola Telemo, que prevê erguer 40 equipamentos deste tipo nos próximos 12 meses.

Neste momento, a empresa está em negociações com várias câmaras municipais do distrito de Lisboa, estando em fase avançada as conversações com a de Sintra, afirmou ao DN Pablo Fernández Llavero, director executivo da Telemo. Em Espanha, a operadora tem 80 cabinas, todas instaladas a partir de Junho deste ano.

Cada cabina telefónica tem um custo de 1500 euros e pode ser colocada em qualquer local exterior: praias, parques ecológicos, cidades... A ausência de cabos permite a sua instalação sem necessidade de escavações. A tecnologia usada para as chamadas é a GSM (a mesma das redes móveis de segunda geração).

O equipamento é autónomo do ponto de vista energético graças a um placa solar fotovoltaica e a uma bateria, que é carregada durante o dia e permite a utilização do telefone à noite.

Outra vantagem destas cabinas é a sua mobilidade. "Se não for rentável num determinado local, pode facilmente transferir-se para outro. Por exemplo, podem ser colocadas nas praias durante o Verão e retiradas no Inverno" para outro sítio, sustenta Pablo Llavero.

Depois de o mercado espanhol ter atingido o ponto de saturação - onde a Telemo tem 80 cabinas solares e 230 "normais"-, a empresa espera crescer em Portugal.

A operadora espanhola iniciou ainda contactos em Cabo Verde para comercializar todos os seus produtos.

"Em Portugal ainda há espaço para crescer. As cabinas pertencem à Portugal Telecom e estão instaladas nos locais que eles acharam convenientes." A Telemo apenas está interessada em comercializar cabinas solares no País, o que, desde logo, diferencia o seu produto da Portugal Telecom.

Outros negócios

A operadora espanhola, com sede na Corunha, entrou no mercado português há três anos. Começou por instalar cabinas dentro de lojas, vocacionadas sobretudo para as chamadas internacionais. Actualmente, a empresa tem equipamentos em 65 estabelecimentos comerciais, mas pretende chegar a cem espaços.

Um negócio mais recente é o franchising de lojas de marca própria, tendo já aberto duas no Algarve (Olhão e Albufeira). Nesses estabelecimentos há cabinas e são vendidos cartões pré-pagos.

A empresa também comercializa estes cartões noutros locais e oferece serviços de voz e Internet de banda larga (ADSL) a particulares e empresas. Estes serviços funcionam com base nas linhas da PT.

"Começámos há pouco tempo e já temos 20 clientes empresariais", destacou Pablo Fernández Llavero. O responsável afirma que a Telemo tem preços "muito competitivos" nas chamadas internacionais, a sua principal diferenciação face à concorrência.

Outra actividade que a operadora acaba de apresentar ao mercado é a comercialização de telefones de moedas, para serem colocados sobretudo em cafés, restaurantes, centros comerciais e postos de combustível. "Até agora apenas a Portugal Telecom tinha este produto, somos o seu primeiro concorrente".

A empresa espanhola espera instalar 1500 telefones deste tipo num ano, tendo já recebido pedidos para 500 unidades.
(13.11.06/Fonte : Diário de Notícias)

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Construção perdeu 3300 empresas e 74 mil postos de trabalho em três anos

 

O sector da construção civil e obras públicas perdeu, nos últimos três anos, 3300 empresas e 74 mil postos de trabalho. Esta é a consequência directa da crise que afecta o sector e que resulta já numa quebra acumulada da produção de 20,6%. Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas do Norte (AICCOPN), admitiu ontem que teme que "as falências continuem" se o Governo não lançar obras, ainda que sejam de pequena monta, nem der incentivos à reabilitação urbana.

Reis Campos lembrou que o sector "é o maior empregador" da economia, representando 10,7% do emprego nacional, e daí a preocupação com o possível impacto negativo do ponto de vista social do prolongamento da crise do sector. "Depois de cinco anos de recessão vai seguir-se mais um ano de crise, pois duvido que, com os níveis de investimento previstos no Orçamento do Estado para 2007, o sector da construção tenha um ano de recuperação", sublinhou o presidente da AICCOPN à margem da sessão de abertura do I Congresso Ibérico da Construção Sustentável.

Ao ministro das Obras Públicas, Reis Campos sugeriu a criação de um Plano Estratégico para a Internacionalização dos sectores da construção e do ambiente, que assegure um permanente acompanhamento e avaliação dos respectivos processos junto das empresas.

A visão negativa da conjuntura apresentada pelos construtores foi contrariada pelo ministro. "A crise não é no sector da construção. Todo o país tem problemas difíceis para resolver. A convicção profunda do Governo é que estamos a criar condições para que, num prazo relativamente curto, a nossa economia sofra uma aceleração e haja um maior desenvolvimento de todas as actividades económicas relevantes para o desenvolvimento do país", explicou Mário Lino.

O ministro garantiu que o Estado tem orçamentado este ano em PIDDAC mais 20% do que em 2005, ou seja, 2,576 mil milhões de euros, pelo que "continua a investir muito na infra-estruturação do país". E salientou que "este é um bom momento para resolvermos o problema da dimensão nas empresas portuguesas, o problema do seu crescimento técnico, da sua solidez e saúde económico-financeira". Questão importante para as querem abordar o mercado espanhol, e que aconselhou a especializarem-se em nichos de mercado. Sobre a Ota e o TGV, o ministro considera que são uma óptima oportunidade para as empresas portuguesas aprofundarem a sua experiência e competência.
(08.11.06/Fonte : Diário de Notícias)

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Regiões do Centro e Sul fustigadas pela chuva

 

R ibatejo, Alentejo e Algarve foram ontem as zonas mais fustigadas pelo mau tempo que desde domingo não deixa as populações e bombeiros descansar. Casas inundadas vias cortadas, quedas de árvore, localidades isoladas e um vaivém de gente que tenta retirar das casas os haveres, são cenários que marcam estas regiões. Ao final da tarde, a aldeia de Reguengo do Alviela, Santarém, encontrava-se isolada, o mesmo acontecendo com os lugares de Zebro e Foz do Ribeiro, no concelho de Silves. As situações mais complicadas viviam-se no Algarve, onde se registaram várias inundações.

No Algarve, na localidade de Burgau - entre Lagos e Vila do Bispo - a ribeira do Almádena transbordou e a água chegou a atingir quase dois metros de altura. Três ingleses tiveram de ser resgatados de helicóptero, depois de terem subido ao telhado da habitação de madeira onde viviam.

Em Faro outras três pessoas ficaram desalojadas porque as casas não ofereciam condições de habitabilidade. "Vamos passar a noite em casa da nossa filha. Disseram-nos que a nossa está em perigo e não podemos cá ficar", contou ao JN Clotilde Militão, moradora na baixa farense.

Já em Olhão a chuvada coincidiu com o ponto mais alto da maré, o que impediu o escoamento das águas. A passagem rodoviária subterrânea que atravessa a linha do comboio, em pleno centro da cidade, ficou completamente inundada e todos os acessos à zona foram cortados. Segundo Valentina Dias, moradora, "assim que há estas chuvadas, a água entra por todo o lado. Pomos barreiras à porta, mas ela sai até pela sanita e pelo chuveiro".

A localidade de Zebro, no concelho de Silves, estava ontem, à hora de fecho desta edição, completamente isolada, com a Cruz Vermelha a tentar chegar à povoação para ajudar os moradores.

Já no distrito de Santarém, as povoações ribeirinhas foram, de novo, as mais afectadas pelo caudal do rio Tejo. Em Abrantes a água invadiu o Rossio, e em Constância um restaurante, um bar, o parque de campismo e os campos de ténis ficaram submersos pela manhã. O Plano Municipal de Emergência foi activado pelas 6.00 horas, ocasião em que os proprietários dos espaços comerciais começaram a retirar os haveres.

"As pessoas foram avisadas com tempo, pelo que foi possível retirar tudo de dentro do restaurante e bar e ainda de algumas casas", disse António Mendes, presidente da Câmara, revelando que na zona baixa da vila "a água subiu cerca de cinco metros". A meio da tarde já os caudais do Tejo e Zêzere começavam a descer, indiciando uma noite mais calma.

Curiosidade e fotos
Os cais de Tancos, Vila Nova da Barquinha, e do Arrepiado, Chamusca, estiveram ontem também submersos, uma situação normal para as gentes que ali residem, mas uma grande novidade para quem vive em outras zonas do país. Luís Oliveira veio de Lisboa, com os pais, para "confirmar o que via na televisão", e aproveitou para tirar umas fotos com o telemóvel. "É espantoso", comentava.

José Maria Lopes, vivia na rua das Flores, em Tancos, e do alto do quintal ia observando o leito do rio. "O Tejo é muito manhoso. Quando pensamos que ele não chega às casas, vem de repente e ficamos logo isolados", revela sabedor, mostrando as marcas da parede de casa, das grandes cheias de 1979, 1996 e 2000.

Uma "aventura" viveu ontem Fernando Fonseca. Industrial e criador de cavalos puro sangue lusitano, Fernando esteve no Pombalinho, onde guardava os cavalos, e dirigia-se à Bendita, concelho de Alcobaça, através da EN 365.

"Fui até à ponte do Alviela e comecei a ver muito água. Quis voltar para trás para já não consegui porque a água subiu muito rapidamente", conta o industrial que se fazia acompanhar por um funcionário. A carrinha Nissan Pikup ficou sob a ponte do Alviela e de lá já não saiu. Fernando garante que manteve a calma e telefonou para o 112 a pedir ajuda. Uma hora e meia depois, os dois homens eram salvos pelos bombeiros de Pernes, que com recurso a um bote conseguiram retirar as vítimas da ponte.

A noite começa a cair e Arminda e Helena Ludovino, mãe e filha, esperam que o barco dos bombeiros as levem a Reguengo do Alviela. A água está muito alta para as viaturas passarem, mas demasiado baixa para os barcos. "O caudal vai continuar a subir, pelo que entretanto conseguiremos levar as pessoas à aldeia", diz José Veiga, comandante dos Bombeiros de Pernes, revelando que uma equipa de voluntários irá passar a noite na localidade, onde residem apenas pessoas idosas.
* Com Luís Garcia

Protestos em Tomar
A Câmara de Tomar vai construir uma plataforma de cimento, na zona do Flecheiro, embora desviada das margens do rio Nabão, onde as famílias da comunidade cigana poderão reconstruir as suas habitações. Ontem, ao início da tarde, dezenas de pessoas protestaram à porta da Câmara, a exigir alternativas que minimizem os danos causados pelas chuvas.
 

Prejuízos em Odemira
Os prejuízos causados pelo mau tempo, em Odemira, atingem centenas de milhares de euros. Na sequência das chuvas, nove pessoas foram retiradas das suas casas, em Sabóia. O nível da água atingiu os dois metros.
 

Apoio às autarquias
A Associação Nacional de Municípios Portugueses pediu ao Governo medidas de apoio às autarquias para situações de crise.

Deverá ser reaberta, ao final da tarde de hoje, a ligação ferroviária do Sul, suspensa, ontem de madrugada, devido ao mau tempo que assolou o Alentejo e Algarve. Enquanto decorrem os trabalhos de normalização da via, a cargo da Refer - Rede Ferroviária Nacional, a ligação entre Faro e Lisboa é garantida por autocarro, entre as estações de Amoreiras (junto à Funcheira) e Tunes (perto de Albufeira), garantiu ao JN, Valdemar Abreu, da assessoria de comunicação da CP - Caminhos-de-Ferro Portugueses.

Mais difícil e prolongado será o restabelecimento da Linha do Norte, entre Caxarias e Fátima (Ourém). Os trabalhos, segundo a Refer deverão prolongar-se durante uma semana. Rui Reis, director de comunicação da empresa, explica que a ligação faz-se, ainda assim, por via única, enquanto a linha que ficou mais danificada está a ser reparada. "Durante o fim-de-semana, os nossos técnicos tentaram colocar uma linha a funcionar para minimizar o impacto junto dos utentes", explicou, ao JN, adiantando que a circulação de comboios, interrompida no sábado, foi retomada, anteontem, às 22.38 horas. Por causa da chuva, a linha, junto ao túnel de Caxarias sofreu danos consideráveis. A solução encontrada permite, de acordo com o responsável, que os atrasos não sejam significativos. Quanto aos prejuízos para a Refer, ainda estão a ser contabilizados, disse.

Na Linha do Sul, a circulação foi suspensa, ontem, pelas 4 horas, quando os balastros (pedras sobre as quais assentam as travessas que suportam os carris) foram arrastados, numa extensão de 100 metros, entre Santa Clara e S. Marcos da Serra. Até serem repostos, a linha está interrompida. O transbordo é feito de modo a causar o mínimo de transtornos aos passageiros, assegurou a CP.
(07.11.06/Fonte : Jornal de Notícias)

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Fileira florestal exporta 3 mil milhões

 

A fileira ligada aos produtos florestais (pasta e papel, cortiça, aglomerados de madeira e móveis) em Portugal realiza, no global, vendas de 5,5 mil milhões de euros, ou seja, 3-4% do PIB (produto interno bruto), exportando cerca de 60% desse valor, de acordo com uma análise ao sector realizada pela Boston Consulting Group (BCG).

Carlos Barradas, vice-presidente da BCG, detalhou, no congresso Think'Nomics, organizado pelo Ministério da Economia, que decorreu na semana passada, os investimentos previstos para esta fileira, cujas empresas em Portugal cresceram por "ambição, aposta em vantagens competitivas e visão estratégica associada a rigor na execução".

O maior investimento previsto é o da Portucel, que em 2007 chegará à 11.ª posição no ranking mundial de produtoras de papel fino não revestido, de acordo com a BCG. Os 850 milhões de investimento desta empresa permitirão aumentar a sua produção de 1,0 para 1,5 milhões de toneladas, sendo mais de 90% para exportação. A Portucel produz pasta e papel. Já a Altri pretende concentrar-se apenas na pasta, tendo um papel de investimentos de 400 milhões de euros, para aumentar a produção até às 880 mil toneladas. 90% é também para exportação. O desafio é ganhar mercado às empresas fora da Europa, que é líquida importadora de pasta e exportadora de papel. O mercado de pasta é dominado em 73% por produtores não europeus. Portugal tem, segundo a BCG, perdido quota na pasta de papel para mercado (a que é vendida a terceiros para produção de papel e não é incorporada pela própria empresa). A Portucel Viana tem um plano de investimento de 120 milhões de euros para passar a produção de papel kraft (utilizado no fabrico de embalagens de cartão canelado) de 270 mil para 420 mil toneladas. Por fim, a Renova pretende despender 30 milhões na fábrica de Torres Novas.

O sector da pasta e papel realiza vendas de 2,2 mil milhões de euros, o dos móveis 2 mil milhões, o da cortiça mil milhões e o de aglomerados de 450 milhões.
(06.11.06/Fonte : Diário de Notícias)

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"Um secretário-geral omnipotente é uma tradição que vem dos bolcheviques"

 

José Medeiros Ferreira : Militante e ex-dirigente do PS. Dirigente estudantil na crise de 1962 que abalou o regime de Salazar.


Em 1976, foi ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional, de Mário Soares

Foi deputado e dirigente socialista

Medeiros Ferreira é hoje um sério candidato ao papel de "consciência crítica" do PS. Afastado voluntariamente de cargos directivos no partido, alerta: "Qualquer aprendiz de decisor gosta hoje de se contrapor a Guterres. Mas começo a ter saudades de alguma ponderação nas decisões." Entretanto, lamenta que o congresso socialista - do qual estará ausente - não aproveite para debater o "estilo do Governo". Por exemplo: "Será função do Governo crispar a sociedade?"
O PS reúne-se em congresso, no próximo fim-de-semana, numa fase em que "o partido está calmo e o Governo está agitado", como escreveu no DN. Haverá agitação a mais por um lado e calma a mais por outro?

O PS está demasiado dependente do destino do Governo. Os seus quadros, no fundamental, são "criaturas" dos governos de António Guterres entretanto cooptadas por José Sócrates. Admito que este con- gresso venha a terminar com esta fase de transição. Então sim, a partir daí, teremos um PS efectivamente liderado pelo actual secretário-geral.

O partido está muito dependente do Governo?
É muito difícil um partido como o PS - que regressou muito rapidamente ao Governo, após dois anos na oposição - não ficar estonteado com a vocação governamental. Seria difícil não ficar dependente da agenda governamental. Muito mais surpreendente é que outros partidos, que não estão no Governo, se mostrem tão amorfos.

Há um défice de oposição?
Há uma expectativa na oposição, sobretudo da parte do PSD. Não diria o mesmo do PCP, por causa da movimentação social e sindical que se verifica. Mas se isso acontece na oposição, por maioria acontece no partido que sustenta o Governo. Preocupa-me ver que o PS está hoje demasiado dependente do destino do Governo. Se o Governo triunfar nas suas reformas, o PS triunfa. Se o Governo falhar nas suas reformas, o PS terá uma vida muito difícil.

Falta autonomia estratégica ao PS?
O PS devia ter saído da sua subalternização em relação ao Governo levando uma agenda própria ao congresso. Por exemplo: que soluções queremos para a União Europeia?

Mas que debate será possível num congresso que antes de ter começado já viu o secretário-geral do partido ser eleito com 97% dos votos?
Nunca fui grande partidário destas eleições directas do secretário- -geral antes dos congressos. Tenho uma ideia colegial do funcionamento de um partido de esquerda. Não tenho nada esta noção de um secretário-geral omnipotente, que é muito mais uma tradição bolchevique do que social-democrata. Hoje existe muito o culto da imagem... Há uns anos falava-se muito do culto da personalidade. Quanto a mim, o culto da imagem é muito mais perigoso e vácuo; o culto da personalidade, embora fosse perigoso, ao menos tinha alguma substância. Os partidos socialistas e sociais-democratas deviam ter o culto da decisão colegial.

É também por isso que não espera muito deste congresso?
Não será um momento politicamente decisivo. É um momento de reafirmação da liderança de José Sócrates, com a característica da eleição antecipada do secretário-geral. Isto foi introduzido no tempo de António Guterres sob o pretexto de que assim os congressos iriam debater mais ideias do que pessoas. Mas como se tem de elaborar a lista da Comissão Nacional, e a partir daí a lista da Comissão Política, a discussão sobre pessoas mantém-se e o cesarismo democrático acentua-se. Isto para além deste fenómeno "exótico" de termos um secretário-geral eleito com 97%.

Mas o congresso deve debater a prestação do Governo?
Seria positivo que houvesse esse debate - não me refiro ao debate de políticas muito concretas, mas ao estilo do Governo. Será função do Governo crispar a sociedade? A possível anulação de adversários dá força executiva ao Governo na sua política de reformas? Coisas como estas deviam ser debatidas. Sem esquecer que Portugal já teve vários períodos de reformas. Convém recordar isto, pois parece hoje que o elã reformista é uma espécie de Novo Testamento. Mas não há novos profetas neste domínio: é algo que vem de trás.

O estilo de governação actual é muito diferente do de Guterres?
Qualquer aprendiz de decisor gosta hoje de se contrapor ao António Guterres. Mas confesso que começo a ter saudades de alguma ponderação nas decisões políticas.

As derrotas nas autárquicas e nas presidenciais foram avisos ao PS?
Essas derrotas, as manifestações e as greves devem ser fontes de ponderação para as decisões governamentais. Mal iria qualquer Governo que, tendo perdido duas eleições, não ponderasse o seu modo de decisão, por muito que isso custe às pessoas que gostam de decidir rapidamente. Eu, por exemplo, veria com muito maus olhos que uma das funções do PS fosse quebrar a espinha ao movimento sindical. Esse nunca poderá ser o seu papel.
(06.11.06/Fonte : Diário de Notícias)

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Sócrates anuncia crescimento de 8% das exportações este ano


O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou hoje que "nos primeiros nove meses de 2006 nossa economia surpreendeu muita gente", tendo antecipado esperar chegar ao final do ano com um crescimento de 8% das exportações, valor que compara com as expectativas iniciais de 5,7%.

"Prevíamos 5,7% de crescimento nas exportações e fomos criticados por excesso de optimismo, agora já falamos a mais de 8% no final do ano", referiu Sócrates hoje no ceminário Thinknomics a decorrer no pavilhão de Portugal.

Sórates aproveitou a ocasião para dar a palavra aos "empresários portugueses que deixaram de chorar sobre o leito derramado para arriscar". Indicando as subidas das exportações têxtil e do calçado para declarar que estes sectores afinal "não estão mortos".

Despesa cai 1,6% este ano
José Sócrates no mesmo ceminário também anunciou "uma redução de 1,6%" da despesa face ao PIB [produto interno bruto] este ano, "algo que em 30 anos nunca foi feito".

O líder do executivo adiantou que em 2007 "também reduziremos a despesa em percentagem do PIB que é o indicador que mede a verdadeira consolidação das finanças públicas", apontou.

A luta continua
"Não conheço nenhum país que tenha mudado sem esforços dos cidadãos", referiu ainda José Sócrates.

O primeiro-ministro sublinhou aliás que a grande tarefa do Governo agora é manter-se no rumo que delineou para o seu mandato.

Rigor crescimento e qualificação são as três principais directrizes de Sócrates. " Não há tempo nem possibilidades para ‘atacar’ cada uma destas isoladamente, temos de as atacar ao mesmo tempo", afirmou.

Na visão do primeiro-ministro as conquistas do seu primeiro ano e meio de mandato soa para continuar.
(03.11.06/Fonte : Jornal de negócios)

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