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02/05
Aeroporto da OTA e TGV são prioridades para o PS
O aeroporto da OTA e o TGV são os dois projectos a que o próximo Governo socialista vai dar prioridade absoluta no domínio das obras públicas. A acreditar nas promessas eleitorais, José Sócrates irá empenhar-se fortemente no arranque imediato das duas obras, que considera estratégicas e estruturantes para o País.
Com estes dois empreendimentos, o PS pretende contrariar o abrandamento económico, reforçando o investimento público e privado, e contribuir para reduzir o desemprego, através da criação de alguns milhares de postos de trabalho no sector.
Os dois projectos têm a seu favor o facto de beneficiarem de avultados financiamentos comunitários e privados, o que reduz significativamente o investimento público.
No que respeita ao projecto de alta velociadade (TGV), os empresários estão suspensos das intenções do PS, mas temem que o próximo Governo queira reanalisar o projecto, que consideram essencial para o desenvolvimento do sector e do País, sob pena de se voltar a perder mais tempo e dinheiro.
Os agentes económicos têm presente o sucedido para o aeroporto da OTA, que parou com a chegada ao poder da coligação PSD-CDS/PP, quando já havia consórcios constituídos para a construção, que incluíam conceituadas empresas nacionais e internacionais como a Aeroports de Paris.
Ainda nesta área, e não menos polémicas, as Scut (estradas sem custos para o utilizador) deverão voltar ao modelo inicial, não envolvendo portagens nem custos para os cidadãos.(28.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Portugal é um dos Estados-membros que menos gastam em inovação
Portugal gastou em 2003 apenas 0,79 por cento do seu Produto Interno Bruto em investigação e desenvolvimento, uma das taxas mais baixas da União Europeia a Quinze e muito longe da meta definida para 2010, de três por cento do PIB.
O departamento de estatísticas da Comissão Europeia, o Eurostat, conclui que os 25 gastaram 1,82 por cento do seu PIB total neste tipo de despesas em 1998 e 1,93 em 2002, enquanto que as percentagens a Quinze foram de 1,86 e 1,99, respectivamente.
Portugal passou de um nível de gastos em investigação e desenvolvimento de 0,75 por cento em 1999 para 0,79 em 2003, registando nesse ano uma percentagem superior à da Grécia e a nove dos dez novos Estados membros da UE.
A Suécia lidera as despesas em inovação, destinando 4,27 por cento da riqueza criada em 2003; a Finlândia destinou 3,51 por cento do PIB; a Dinamarca 2,60 por cento; a Alemanha 2,50 por cento; e a Bélgica 2,33 por cento.
Os últimos da tabela são Chipre (0,33 por cento), Letónia (0,39 por cento), Eslováquia (0,57 por cento) e Polónia (0,59 por cento).
Os objectivos definidos pela Estratégia de Lisboa em 2000 apontavam para que até 2010 fossem destinados pelo menos até três por cento do PIB da UE em investigação e desenvolvimento e que dois terços das despesas deste sector fossem financiados por empresas integradas na economia de mercado.(25.02.04/Fonte : Público)Economia em desaceleração no final de 2004
O aumento do consumo provocou um forte crescimento nas importações
As expectativas dos agentes económicos não revelaram sinais de "recuperação" até Janeiro deste ano e, nos últimos três meses de 2004, os indicadores acusam mesmo um arrefecimento, generalizado, da actividade económica, de acordo com a síntese de conjuntura do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), a qual destaca um forte crescimento das importações, provocado pelo aumento do consumo das famílias.
"O arrefecimento económico voltou a ser extensivo aos principais sectores de actividade", realça o INE. A produção na indústria transformadora nos últimos três meses do ano, "voltou a diminuir", mais que o apurado no trimestre anterior, "prolongando o abrandamento iniciado em Junho passado". A quebra na produção registou-se nos principais agrupamentos de actividade, mas o INE destaca a descida nos bens de consumo e de investimento. Na construção , obras públicas e na componente civil, "também se acentuou a tendência de queda". O arrefecimento nas empreitadas foi de tal modo que anulou por completo o "movimento de recuperação" visível até "meados do segundo trimestre de 2004".
Nos serviços, o INE detectou um "abrandamento do crescimento do volume de negócios" nos últimos meses do ano, principalmente em Outubro, já que "desde então se registaram melhorias".
Do lado da procura interna - consumo e investimento -, "o consumo privado manteve um apreciável dinamismo", tanto no "consumo corrente, como no de bens duradouros", com as famílias a comprarem mais automóveis. O investimento, uma das componentes da procura interna, "apresentou uma evolução positiva" principalmente na construção - ainda assim o INE considera o andamento como "incerto" - e na compra de máquinas e material de transporte.
As exportações, em valor, subiram 5,5% em relação ao terceiro trimestre, mas as importações cresceram cerca de 11,9%, "aumentando assim o diferencial entre os dois fluxos". O comportamento das importações é justificado pelo "dinamismo dos bens de consumo e de investimento".(24.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Doentes gastaram mais 14,7 milhões em medicamentos
Novo sistema de comparticipação permitiu ao Estado grandes poupanças, mas
penalizou o utente
O Estado poupou 72 milhões de euros em comparticipações de medicamentos entre Janeiro e Novembro de 2004 graças ao sistema de preços por referência. O doente foi o grande penalizado com a medida, destinada a aumentar o consumo de genéricos: gastou mais 14,7 milhões de euros do que com o anterior financiamento.
Os últimos dados do Centro de Estudos de Farmacoepidemiologia (Cefar) da Associação Nacional das Farmácias (ANF), que hoje serão apresentados em conferência de imprensa, revelam que as medidas políticas na área do medicamento aumentaram o consumo de genéricos e permitiram ao Estado conter em muito a despesa com remédios. Mas penalizam o doente, que gasta mais do que com o anterior modelo, e não conseguiram combater o ritmo de crescimento deste mercado, que voltou a disparar ao longo de 2004.
Os dados revelam que as vendas de medicamentos subiram em média 12,4 por cento nos primeiros 11 meses do ano, quando este aumento tinha sido travado nos 4,7 por cento em 2003.
Em Novembro, o último mês analisado, as farmácias do continente e regiões autónomas venderam 271,4 milhões de euros em remédios, mais 13,1 por cento do que no ano anterior. "Ainda não temos a análise do mês de Dezembro, mas calculo que 2004 feche com um crescimento do mercado de 11 por cento, no mínimo", afirmou ao PÚBLICO, a responsável técnica do Cefar, Paula Martins.
Um valor bem superior ao das projecções da consultora IMS Health (9,2 por cento de crescimento, com base nos dados dos armazenistas) e que revela que, apesar do sucesso de algumas medidas políticas nesta área, a grande descida do consumo só foi alcançada em 2003. O ano passado, o mercado voltou a subir em flecha.
Doente muito penalizado
Para o crescimento do mercado total de medicamentos em 2004 contribui a "transferência do consumo dos doentes para medicamentos inovadores e mais caros, o aumento das consultas nos centros de saúde e hospitais, a abertura de 200 novas farmácias no país, as campanhas oficiais sobre os medicamentos e também o aumento do consumo de genéricos", explica Paula Martins.
Segundo o relatório, em Novembro as vendas de genéricos representavam já 9,8 por cento do mercado total, tendo os doentes consumido 48 milhões de doses diárias de genéricos, uma forma de calcular o consumo mais exacta, porque não é influenciada por factores como a dimensão de embalagem ou a dosagem.
Apesar de estes remédios serem mais baratos, os doentes continuam a ser os grandes penalizados pela comparticipação por preço de referência. Só em Novembro, os doentes desembolsaram mais 1,8 milhões de euros em medicamentos do que gastariam se se mantivessem as antigas regras de comparticipação. Um valor que atinge os 14,7 milhões se tivermos em conta os meses de Janeiro a Novembro.
Segundo o Cefar, a única forma de os doentes não serem penalizados pela medida era aumentar o consumo (em doses diárias) de genéricos em 12 por cento face ao verificado. Ou seja, nos grupos onde estes medicamentos são uma alternativa às marcas, a escolha de um genérico teria de representar 50 por cento das doses, em vez de 37,2 por cento.
O sistema de comparticipação permitiria aos utentes uma verdadeira poupança de 7,8 milhões de euros, se em Novembro os médicos tivessem receitado apenas genéricos nos grupos de medicamentos onde estes produtos são uma alternativa. Um cenário impossível de concretizar.
Os investigadores do observatório da ANF alertam, no entanto, que a situação poderá tornar-se ainda mais complicada para o utente no final deste ano. É que até agora os doentes do regime especial têm beneficiado de uma majoração da comparticipação de 25 por cento nos genéricos. Esse apoio foi alargado por um ano, mas terminará em Novembro de 2005. Por isso, para que o doente não seja mais penalizado, será necessário criar no mercado "estímulos adicionais", quer de aumento do consumo de genéricos, quer de diminuição dos preços por parte dos laboratórios.(23.02.05/Fonte : Público)Portugueses ganham menos 34% que cipriotas
"Portugueses estão cada vez mais longe da UE", diz CGTP
Já não bastava os portugueses terem os salários mais baixos entre os Quinze, agora até já são ultrapassados por alguns dos novos países membros da União Europeia, como é o caso de Chipre. O salário médio anual líquido nacional fica-se pelos 11 771 euros, abaixo dos 17 766 ganhos pelos cipriotas .
De acordo com um estudo da Deloitte, que analisou 18 países da União Europeia, os portugueses ganham três vezes menos que os luxemburgueses e metade dos finlandeses e dos franceses. De resto, o Luxemburgo é o país com os salários mais elevados, embora em termos brutos sejam os patrões alemães os que mais gastam por cada empregado (49 609 euros).
"A diferença salarial entre Portugal e os restantes Estados membros tem vindo a acentuar-se e a tendência é para que seja cada vez maior", afirmou ao DN o sindicalista da CGTP, Amável Alves. Uma situação causada pela "forte contenção salarial, pelos baixos aumentos que não cobrem a inflação e pelo défice público". A redução das negociações ao nível da contratação colectiva, "de 1,2 milhões trabalhadores, em 2003, para 600 mil em 2004, vieram igualmente agravar este cenário".
"O valor da inflação devia ser não só reposto, como os trabalhadores deviam sentir uma melhoria do seu poder de compra". Além disso, continuou Amável Alves, "a ausência do crescimento dos salários também não dinamiza a economia".
As associações patronais CIP e AEP, contactadas pelo DN, não estiveram disponíveis para comentar estes dados.
Na pior situação da UE, estão os trabalhadores da Eslováquia, com uma remuneração líquida de 3750 euros. Segue-se a Polónia, com 4220 euros. O país com os valores mais próximos de Portugal é Malta (11 771).
Quando comparados os custos de impostos e seguros de empregados, em proporção ao total da remuneração paga, as posições relativas dos países alteram-se. Neste cenário, a Irlanda fica em segundo lugar, atrás de Chipre, o que justifica a classificação da Irlanda como uma jurisdição de impostos baixos para os empregados, justificou a consultora.
Do mesmo modo, quando se comparam os custos da segurança social para o empregador, como percentagem da remuneração, a Irlanda fica na quinta posição, atrás da Dinamarca, Chipre, Malta e Reino Unido.
Em relação aos custos combinados de impostos e de segurança social do empregado e do empregador, face ao custo total do emprego, a Irlanda fica claramente em segundo lugar, atrás de Chipre, com Malta e o Luxemburgo nas posições seguintes.(22.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Maioria de Sócrates faz cair Portas mas não afasta Santana
maioria absoluta. José Sócrates conseguiu 46% dos votos e a maioria dos deputados eleitos. Para o PS foi o melhor resultado de sempre
Mais de dois milhões e meio de votos - score só ultrapassado por Cavaco. José Sócrates não só conquistou a primeira maioria absoluta da história do PS como é o primeiro líder a saltar da oposição para a estabilidade monocolor no Parlamento.
O PS arrasou os dois parceiros da coligação de direita, na contagem concreta de deputados e, também, do ponto de vista simbólico. Os socialistas triunfaram em Viseu, o antigo cavaquistão; ganharam, pela primeira vez, em Vila Real; empataram, em número de deputados, na Madeira - e Alberto João Jardim (notava António Barreto, na RTP) até leu um discurso, em detrimento dos seus célebres improvisos. No Alentejo profundo, o PSD foi atirado para a votação dos tempos pré-Cavaco, uma vez que não há qualquer deputado laranja por Portalegre, Évora, Beja. No fundo, o PSD apenas ganhou na Madeira e em Leiria.
Até a co-incineração que podia ser um dos "calcanhares de Aquiles" não foi problema na contestatária cidade de Coimbra. O PS reafirmou a tradição socialista do distrito e reconduziu o CDS/PP - onde o cabeça-de-lista e ministro do Ambiente, Nobre Guedes, fez cartazes sobre o tema e chegou a sugerir um "levantamento popular" contra Sócrates - a quarto partido no círculo (com poucos votos acima da CDU) e a quinto em Souselas, a freguesia da cimenteira.
luta pelo poder no psd. Perante este cenário, que não era criação das empresas de sondagens nem invenção dos jornalistas, Santana Lopes assumiu a responsabilidade pessoal e anunciou a realização de um congresso extraordinário. Respondia, assim, aos críticos que nunca o acompanharam (de Pacheco Pereira a Miguel Veiga) e àqueles que, apesar de tudo, aceitaram ir para a campanha (como Marques Mendes ou Marcelo Rebelo de Sousa). Mas não se demitiu!
E só quem não conhece o instinto do político que, contra a opinião generalizada, ganhou as autárquicas na Figueira e em Lisboa, poderia admitir que o primeiro-ministro demissionário, apesar das acusações de trapalhadas - no Governo (do discurso de posse à demissão de Henrique Chaves) e na campanha (da pausa de Carnaval ao feriado nacional pela morte da Irmã Lúcia) - abandonasse a liderança sem luta. O seu magnetismo pessoal, que irrita o PSD bem-pensante pelo "culto da pessoa" (como sublinhava Pacheco Pereira, na TVI), pode não chegar, contudo, para explicar a pior derrota desde... 1976 (!) - o ano da melhor votação de sempre do CDS! Ainda por cima, Santana deu agora lugares de deputado ao PPM e ao MPT - há três anos, valiam juntos 0,51%! Além disso, pela primeira vez, na história da II República, o PSD tem menos de um terço dos deputados, o que o impedirá de bloquear qualquer maioria qualificada na Assembleia da República.
Mas, para já, a questão mais premente é quem irá avançar no próximo congresso? Marques Mendes, muito provavelmente. Marcelo também já não se deixa apanhar a repetir ametafórica imagem de Cristo regressar à Terra. E há ainda Morais Sarmento, que habilmente se demarcou também desta opção do presidente do PPD/PSD, falando num novo ciclo e na renovação de caras. Outros mais. Nos próximos dias devem multiplicar-se as entrevistas de barões do partido e do renascimento dos vários ismos laranjas.
novo ciclo no cDS. "Falhei! Perdi!" Paulo Portas, que pediu dois digitos para ser a terceira força política, com mais deputados que a CDU e o BE juntos, radicalizou o discurso à direita, exagerou na pose de Estado e perdeu mesmo o segundo deputado pelo "seu" círculo de Aveiro - e de nada vale lembrar que o CDS/PP recuperou o deputado em Viana do Castelo (o último foi Daniel Campelo, o célebre "deputado limiano"). Obviamente, demitiu-se. Não teria outra saída, mesmo tendo apenas perdido dois deputados - nada que se compare com o CDS "do táxi", com quatro parlamentares na época da maioria absoluta do PSD.
Portas teve todo o partido a aplaudi-lo nesta estratégia eleitoral, de Maria José Nogueira Pinto a Lobo Xavier, de Adriano Moreira a Nobre Guedes. Os apoios que lhe faltaram já não eram, verdadeiramente, de votantes centristas. Freitas do Amaral, por exemplo, não se revê no partido desde os tempos do PP de Manuel Monteiro (entretanto, fundador do PND, que não consegue ultrapassar o MRPP) - como tinha sucedido também com outro ex-líder, Lucas Pires. Por enquanto, ninguém tem "coragem" para avançar para a sempre ambicionada liderança.
Jerónimo inverte queda da CDU. O operário que ascendeu à liderança do PCP (o que não sucedia desde Bento Gonçalves, há mais de meio século!), conseguiu descolar o rótulo de ortodoxo. A simpatia de Jerónimo de Sousa, até mesmo quando ficou afónico no debate televisivo, conseguiu inverter a tendência de perda eleitoral da coligação, que voltou a ser a terceira formação política. A CDU continua a ser a segunda força eleitoral em Setúbal (onde, mesmo assim, perdeu um deputado), Évora e Beja, ao mesmo tempo que recuperou o deputado por Braga e elegeu o segundo pelo Porto - o que alarga a influência geográfica dos comunistas e seus aliados.
Ainda por cima, mesmo com a maioria absoluta do PS, o próximo governo, numa fase de crise económica e de prudência na despesa pública e privada, precisa do apoio, expresso ou táctico, do PCP, único partido que continua a dominar o movimento sindical
BE passa de três para oito. O discurso do Bloco de Esquerda era passar a ser a terceira força política, mas só atingiu esse objectivo em Coimbra e em Faro. Uma fasquia arrogantemente alta? Provavelmente. Mesmo assim, continuando em quinto no ranking, o BE quase triplicou o número de deputados e, em vários distritos, esteve a disputar taco a taco as eleições com a CDU, num interessante despique à esquerda do PS. Neste momento, falta demonstrar se a imagem da unidade e eficácia do Bloco se manterá com oito deputados. E, além de só influenciar as medidas que o PS queira subscrever, terá ainda de desfazer o equívoco em torno da liderança a não ser que, por exemplo, Luís Fazenda ou outro dirigente surja no actual papel de Louçã na campanha nacional das autárquicas ou, então, tacitamente o líder acaba por ser mesmo o antigo rosto do PSR.
E agora, Sócrates? Soares lançou a tese do "governo de salvação nacional" perante Sócrates, em Coimbra, e nem sequer os mais aparelhistas o contestaram. "Cada coisa a seu tempo", repetia, ontem, o secretário-geral. Sócrates sabe, porém, que tem de constituir um gabinete forte, com os melhores nomes do guterrismo (Vitorino, Cravinho, Carrilho, Costa, Seguro, vários outros), as novidades que apresentou (como Manuel Pinho) e independentes que são compagnons de route (de que é um exemplo Vital Moreira).
E, quando passar das generalidades programáticas para as políticas concretas, a pasta das finanças não é a única fundamental, pois há outros ministérios chave, para executar as metas prometidas e garantir tranquilidade na sociedade, como são os da educação e da saúde. Depois, convém não desprezar as autárquicas (devendo potenciar o efeito da oferta de Carrilho a cidades como Porto ou Coimbra). E lançar as presidenciais. "Cada coisa a seu tempo."(21.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Sondagens e "onda no Porto" dão sinal da maioria absoluta
Volta de Sócrates termina em alta com a maior enchente nas ruas do Porto
Depois da enchente em Lisboa, na véspera, uma autêntica maré humana na Baixa do Porto. Alguns milhares de pessoas saudaram ontem efusivamente o secretário-geral do PS na Cidade Invicta, recebendo José Sócrates com a palavra de ordem que se tornou mais frequente nesta recta final da campanha "O povo vai votar / O PS vai ganhar!" Durante mais de meia hora, num animado desfile que teve início na Praça da Batalha e desaguou na Avenida dos Aliados, passando pela rua de Santa Catarina, o líder socialista viu-se envolvido numa atmosfera calorosa como nunca havia sucedido anteriormente desde o início da corrida para as eleições de domingo. A caravana chegou a prolongar-se por mais de cem metros. Com ele ia a antiga campeã da maratona, Rosa Mota, o cabeça-de-lista distrital do PS, Luís Braga da Cruz, e diversas figuras bem conhecidas do partido na segunda cidade do País - de Francisco Assis a Fernando Gomes, de Orlando Gaspar a Carlos Lage, de Joaquim Couto a José Lello. Manuel Seabra e Narciso Miranda, os rivais de Matosinhos, também por lá andavam.
Uma forma de acabar a campanha - que hoje termina em Lisboa - em alta e dando a sensação de uma onda que vai crescendo à medida que se aproxima a votação de domingo. Ao mesmo tempo, o embalo das sondagens ajuda os socialistas a acreditar que a elevada fasquia colocada, maioria absoluta, pode mesmo ser mais que um sonho, embora a morte na praia ainda possa acontecer.
CDU POR PERTO. A caravana comunista, liderada por Jerónimo de Sousa, antecedeu em poucos minutos a passagem do PS pela Rua de Santa Catarina - o coração da zona comercial do Porto. A diferença de número de apoiantes era notória, com larguíssima vantagem para os socialistas. "Vamos apelar aos indecisos até domingo", ouvia-se pelo megafone. O discurso parecia o do PS, mas a garganta que o fazia puxava era pelos comunistas - os apelos acabaram por nem ser assim tão diferentes.
As duas caravanas viram-se de longe, mas não chegaram a cruzar caminhos...
"UM BORRACHO". As pessoas debruçavam-se das varandas para acenar a Sócrates, que correspondia de polegar levantado - um gesto que se tornou a sua imagem de marca. São raras as vezes que o líder do PS levanta o punho cerrado, ao contrário do que acontecia com os seus antecessores.
"Ele é um grande borracho", iam comentando mulheres de sorriso rasgado, apontando para Sócrates, que passava no meio de um vasto cordão de fotógrafos e operadores de imagem. Rosa Mota e o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto, Nuno Cardoso, também captavam as atenções. Mas muita gente parecia mais atraída pelos jornalistas da televisão que ali se encontravam em serviço do que pelo líder do PS. "Olha, vai ali a Beatriz Jalón."
No final, Sócrates subiu a um carro de apoio e, sem microfone, dirigiu algumas palavras aos apoiantes, lembrando-lhes a importância de votar "Aqui começa a onda socialista que nos vai levar a uma vitória histórica, com a conquista da maioria absoluta."
Sócrates interveio ontem ainda em dois comícios que decorreram depois do cair da noite o primeiro em Vila do Conde e o segundo em Viana do Castelo. Hoje os socialistas encerram a campanha com um comício na FIL, em Lisboa.(18.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Desemprego ao nível da recessão de 1993/95
Taxa atingiu 7,1% no final de 2004, deixando 390 mil pessoas sem trabalho
O valor é "grave" e "extremamente preocupante". Foi desta forma que as centrais sindicais UGT e CGTP reagiram à divulgação da subida da taxa de desemprego para 7,1% no quarto trimestre de 2004. Em termos globais, são cerca de 390 mil pessoas sem trabalho.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego é a mais elevada desde 1998, altura em que teve início a actual série estatística. Mas João Proença , secretário-geral da UGT, afirmou ao DN que "não se verificava uma taxa tão elevada desde finais de 1996". Contudo, "a actual situação é muito pior, uma vez que o crescimento económico era então maior". Na prática, a taxa está hoje a níveis semelhantes aos da recessão de 1993/1995.
Por seu lado, o sindicalista da CGTP José Ernesto Cartaxo sublinhou, em declarações ao DN, alertou para o agravamento da situação. Até 2003, havia crescimento da taxa de desemprego, mas com uma desaceleração. Agora, verifica-se uma aceleração".
O desemprego, que apenas há quatro anos atrás estava abaixo dos 4%, está a afectar sobretudo as pessoas na faixa dos 35 aos 44 anos, onde se verificou um crescimento homólogo de 22,6%. "O aumento neste grupo é particularmente preocupante, pois são indivíduos novos para se reformarem e velhos para arranjarem um novo emprego", frisou José Ernesto Cartaxo.
Do lado dos patrões, o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) destacou que "o mais grave é o crescimento do desemprego de longa duração". Francisco Van Zeller considerou que uma das principais causas para o aumento da taxa de desemprego deverá estar "na subida do desemprego na construção, em 5,9%. Muitos são trabalhadores por conta própria, entre os quais houve um aumento de desempregados em 4,5%. Pelo contrário, o trabalho por conta de outrem subiu 1,2%."
perspectivas. O ministro dos Assuntos Económicos acredita que a taxa de desemprego "pode começar a descer" no segundo semestre deste ano, graças à "dinamização da actividade económica". Álvaro Barreto sustentou ainda que "apesar de negativa para quem perder o emprego", a taxa portuguesa é "favorável quando comparada em termos europeus [a média na União Europeia é de 8,9%]".(17.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Institucionalização de Crianças É Solução "Cara e Ineficaz
"Dois terços das crianças institucionalizadas em Portugal estão internadas exclusivamente por dificuldades económicas. Isto é um escândalo social e um erro, mesmo do ponto de vista económico", considerou anteontem, no Porto, a provedora da Casa Pia de Lisboa. Catalina Pestana frisou que está "mais do que provado" que a colocação de crianças em instituições é uma "solução cara e ineficaz".
"Uma criança institucionalizada custa ao Estado duas a três vezes mais do que se for criada por uma família de classe média", estimou. Como soluções alternativas, propôs a adopção, o acolhimento familiar e o regresso à família alargada.
Assumindo-se como uma pessoa "de esquerda" num debate sobre o presente e futuro das crianças em Portugal - promovido na segunda-feira à noite no Porto pela candidatura social-democrata às próximas eleições -, Catalina Pestana contou que foi uma menina de cinco anos que há alguns meses lhe chamou a atenção para as virtualidades desta última solução. "Ela perguntou-me por que razão os meus meninos (os alunos da Casa Pia) não dormiam em casa. Respondi-lhe que era porque os pais estavam doentes ou no estrangeiro". Ao que a miúda retorquiu, perplexa: "Mas eles não têm tios? Nem avós? Nem primos?".
As hipóteses do apoio à família alargada "não estão esgotadas", admitiu a provedora, lamentando ainda que as famílias de acolhimento em Portugal sejam normalmente "muito pobres" que recebem um subsídio da Segurança Social para acolher crianças muito pequenas.
O problema é que, "quando estas atingem os seis ou sete anos e começam a dar problemas, são entregues a instituições". E estas crianças vão "crescer de uma forma diferente" e "uma percentagem muito grande vai ficar pelo caminho".
Sublinhando que o momento actual é uma boa altura para avançar com uma "mudança radical" do modelo de apoio às "12 mil crianças internadas em instituições" e a todos os menores privados de meio familiar adequado, Catalina Pestana lembrou que este é "um problema da nação, e que a nação está antes do Estado e o Estado antes do Governo".
Referindo-se à adopção, lamentou que, em Portugal, ainda não haja a tradição de adoptar como uma forma de "serviço", ao contrário do que acontece noutros países da Europa que passaram pela II Guerra Mundial e onde a adopção de crianças é normal até para quem já tem filhos naturais.
O professor e ex-secretário de Estado Joaquim Azevedo, que integrou o Conselho Técnico-Científico da Casa Pia de Lisboa, considerou igualmente que a institucionalização é um recurso a evitar e defendeu a adopção e o acolhimento familiar como alternativa. Observando que o principal problema em Portugal reside "na descoordenação entre as várias intervenções" das entidades que trabalham nesta área, Joaquim Azevedo propôs a criação da figura do provedor da criança e de um observatório da criança, que elabore relatórios anuais para discussão na Assembleia da República.(16.02.05/Fonte : Público)Jovem português vence concurso de design da Peugeot
O terceiro concurso mundial de Design da Peugeot foi ganho este ano por um jovem português que apresentou um projecto para uma pequena viatura de dois lugares, anunciou ontem a construtora automóvel. No concurso foram apresentados 3800 projectos de design provenientes de 107 países, acrescenta a empresa, em comunicado.
André Costa, 23 anos, natural de Almada, é estudante de Design de Equipamento da Faculdade de Belas-Artes e venceu o concurso, lançado em 2000, com o projecto Moovie, cujo prémio será de 6000 euros. De acordo com uma nota de imprensa da Peugeot, o Moovie é uma «pequena e superágil viatura» de dois lugares e duas rodas, com uma grande superfície em vidro, que respeita o ambiente graças ao seu motor não poluente.
Além do prémio pecuniário, a Peugeot vai proporcionar ao jovem português a concepção de um modelo da viatura à escala 1/1, que será apresentado no Salão Automóvel de Frankfurt, em Setembro, e uma miniatura do seu projecto à escala de 1/43.(15.02.05/Fonte : A Capital)No programa eleitoral do PS está esboçado um "plano tecnológico" com vista a um "choque tecnológico" em Portugal, onde se destaca o objectivo de aumentar o investimento público em actividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) para um por cento do produto interno bruto (PIB). Será importante e oportuno analisar a ambição relativa deste objectivo, mesmo sem discutir o seu modo de financiamento. É fundamental o reconhecimento político de que a inovação e o conhecimento científico e tecnológico têm que ter uma expressão concreta e determinada no quadro das opções políticas de médio/longo prazo, que deve sobrepor-se à duração de uma legislatura. O uso generalizado, quase banalizado, da palavra inovação sugere, falaciosamente, que Portugal tem objectivos concretos nesta matéria, que há uma estratégia de inovação bem definida e que cada agente económico sabe o contributo que pode dar.
Não haverá, porventura, ninguém que sustente que o investimento público (e fundamentalmente privado) português em actividades de I&D é suficiente para tornar a economia portuguesa competitiva no quadro das economias baseadas no conhecimento. Os diversos indicadores sobre ciência e tecnologia (C&T) dos relatórios da OCDE colocam Portugal na cauda das economias mais avançadas, pelo que é fundamental transitar definitivamente da fase de diagnóstico para a fase de objectivos e políticas concretas na área da ciência, tecnologia e inovação. A criação de um ministério parece-me um passo institucional necessário para uma estratégia política de inovação credível e sustentável.
Quão grande é o objectivo de atingir um por cento do PIB em investimento público em actividades de I&D? Da leitura da tabela em anexo, que compara o investimento em I&D com o PIB para alguns países da OCDE, podemos ver que, em 1999, Portugal investiu cerca de 0,76 por cento do PIB em actividades de I&D, que em termos comparativos é dos valores mais baixos dos países da OCDE, mesmo várias vezes menor do que o dos países tecnologicamente mais avançados. O Estado investiu cerca de 0,52 por cento do PIB, pelo que o objectivo de um por cento significa duplicar o montante despendido face a 1999. É um valor muito superior à média dos países da União Europeia e da OCDE, que colocaria Portugal no topo dos Estados que mais investem em I&D. É, portanto, um esforço financeiro percentualmente importante, que, a preços correntes, representará um valor a rondar os dois mil milhões de euros.
O peso relativo do sector Estado e do sector empresas nas actividades de I&D é estruturalmente inverso ao da maioria dos países da OCDE. Em Portugal, o Estado tem um peso relativo muito superior ao das empresas quanto ao financiamento de I&D, enquanto que nos outros países as empresas investem muito mais do que o Estado. Em termos de execução, destaca-se novamente os sectores Estado e Ensino superior; a participação das empresas na execução de I&D é muito inferior à média da União Europeia e à média dos países da OCDE. O aumento das despesas do Estado para um por cento do PIB vai, certamente, reforçar o seu papel de liderança no investimento em C&T.
O indicador I&D/PIB tem uma limitação importante. É seguramente o indicador de C&T mais usado e de forma sistemática há mais tempo, mas mede basicamente as contribuições ("inputs") para o sistema de inovação e não os seus resultados, não constituindo garantia de ocorrência de um "choque tecnológico". Não se pode medir a eficácia do sistema de inovação tendo por base (unicamente) o investimento em actividades de I&D, por muito importante que ele seja, conforme atestam os indicadores relativos aos restantes países. Tratando-se de um indicador complexo, que envolve investigação fundamental, aplicada e desenvolvimento experimental e cuja relevância varia muito de indústria para indústria, não é suficiente a definição de objectivos políticos para a sua variação em termos globais. O aumento do investimento público em I&D não garante uma variação proporcional nos resultados, embora possa ser importante para criar uma base de conhecimentos em áreas consideradas estratégicas.
O aumento do investimento público em I&D é necessário mas deve ser acompanhado de medidas e objectivos complementares. Os recursos humanos e financeiros são escassos, pelo que se torna fundamental a definição de áreas prioritárias de investimento, áreas em que se pretende atingir a excelência daqui a uma década, por exemplo. É um exercício sempre difícil, mesmo polémico, mas a biotecnologia, o ambiente, as energias renováveis, o turismo, e a informação e comunicação devem estar no topo da lista. Aumentar o investimento público em I&D sem objectivos de médio prazo e apenas no pressuposto de que isso trará benefícios tecnológicos e económicos futuros não é recomendável.
O Estado não pode dar a entender que o aumento do investimento em I&D serve apenas para reforçar o seu papel de liderança e que, por essa via, substitui ou diminui a necessidade dos agentes privados, nomeadamente as empresas, investirem em I&D. O aumento do peso do Estado tem que servir para estimular as empresas a investirem em I&D, ao qual deve estar associado um objectivo claro a atingir. Por exemplo, que a percentagem de investimento em I&D pelas empresas relativamente ao PIB atinja um por cento nos próximos cinco anos. É igualmente importante olear e fomentar a relação entre as universidades, os centros de investigação e as empresas. O ensino superior é responsável pela execução de cerca de 40 por cento das actividades de I&D - percentagem que irá aumentar - sendo, portanto, fundamental pôr esse potencial científico e tecnológico ao dispor das empresas.
Por ADÃO CARVALHO acarvalho@uevora.pt.*Professor auxiliar do departamento de Economia da Universidade de Évora. (14.02.05/Fonte : Público)Indesit vai despedir 98 e quer sair de Portugal
Os trabalhadores da Indesit Corporation (antiga Merloni) manifestaram-se ontem, em frente às instalações da fábrica, em Setúbal, contra o despedimento colectivo de 98 trabalhadores, anunciado pela administração no início do mês. Se o processo for avante, alertam os trabalhadores, vão sobrar apenas 40 funcionários na área de produção e 52 no departamento comercial.
Entretanto, a administração da companhia, em Itália, comunicou aos trabalhadores que quer vender a unidade portuguesa e já está em negociações com um potencial interessado.
Segundo Manuel Bravo, do Sindicato dos Metalúrgicos, a administração da fábrica de frigoríficos já comunicou ao Ministério das Actividades Económicas a intenção de proceder ao despedimento colectivo, no prazo de três meses, na fábrica de Praias do Sado, em Setúbal.
De acordo com o sindicalista, a empresa pretende transferir a produção para Melano, Itália, e para uma nova unidade industrial na Polónia, mantendo apenas uma linha de produção de congeladores horizontais, que têm cada vez menos procura e que exige menos de uma centena de postos de trabalho.
Manuel Bravo realça que, em 2004, foram despedidos 200 funcionários através de rescisões de contrato por mútuo acordo. Parte da produção de frigoríficos foi deslocalizada para a Polónia, em Outubro do ano passado.(11.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Emprego caiu 2,9% na indústria portuguesa em 2004
A indústria portuguesa continua a reduzir trabalhadores. Em 2004, a quebra de emprego no sector industrial foi de 2,9%, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Uma tendência que promete manter-se, tendo em conta que se registou a mesma descida também no último mês do ano.
O emprego industrial baixou 6,3% na produção de energia, 3,6% nos bens de investimento, 2,8% nos bens intermédios e 2,6% nos sectores que fabricam bens de consumo.
Outro indicador a apontar no mesmo sentido é o das horas trabalhadas. De acordo com o INE, as horas trabalhadas pela indústria baixaram 2,4% em 2004 e 0,5% em Dezembro.
O sector energético denota uma queda substancial no número de 4,8% em 2004.
A produção de bens de consumo registou um aumento marginal de 0,1% homólogos em Dezembro, ao contrário dos sectores que fabricam os restantes, mas caiu 2,2% no conjunto do ano passado.
Mas, apesar da quebra na produção, o sector regista algumas melhorias no capítulo salarial. As remunerações totais pagas pela indústria subiram 0,6% em 2004, embora, em Dezembro, tenham baixado 0,6% em termos homólogos.(10.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Desemprego atinge mais duramente os não qualificados... e
Subida acelerada nos subsídiosEstudo refere que de 2001 a 2004 foram destruídos cerca de 198 mil empregos
Os operários, artífices e trabalhadores similares foram os mais atingidos pelo crescimento do desemprego entre o terceiro trimestre de 2001 e o de 2004, tendo-se verificado a destruição de 116,6 mil postos de trabalho.
O economista Eugénio Rosa, citando as estatísticas do emprego do INE, refere que, em igual período, desapareceram no sector agrícola cerca de 12,2 mil postos de trabalho, o mesmo tendo acontecido a cerca de 24 mil dos postos ocupados por trabalhadores não qualificados.
Esta situação faz com que Eugénio Rosa lembre que para estes trabalhadores não exista esperança de recuperarem emprego com medidas como as do "choque tecnológico" proposto pelo PS. Segundo o economista, "os empregos que o chamado choque tecnológico eventualmente poderia criar não absorveriam os trabalhadores que ocupam os postos de trabalhos destruídos, uma vez que exigem qualificações e níveis de escolaridade diferentes dos possuídos por estes".
Analisando os custos do desemprego em Portugal durante 2004 , o estudo de Eugénio Rosa conclui que "o País perdeu 14 050 milhões de euros de riqueza, ou seja, 10% do PIB desse ano e 1040 milhões de euros de receitas fiscais só a nível do IVA devido ao desemprego".
Para além disso, esta riqueza não produzida contribuiu para a quebra do crescimento económico, e para o desequilíbrio verificado nas contas públicas.
O aumento do desemprego acarreta para além disso outros efeitos colaterais negativos. Desde logo, a situação tem consequências graves para as empresas, nomeadamente para as que vendem para o mercado interno.
"Devido à quebra do poder de compra da população determinada pelo elevado desemprego - só no ano passado, os salários perdidos pelos trabalhadores desempregados ascendeu a 5620 milhões de euros -, muitas empresas não conseguem vender o que produzem, acabando por fechar as portas, lançando no desemprego muitos trabalhadores e agravando ainda mais o círculo de desemprego/riqueza perdida/desemprego", conclui Eugénio Rosa.Subida acelerada nos subsídios
Para além de perder 1953 milhões de euros de contribuições e cotizações devido ao desemprego, "a Segurança Social foi também obrigada a pagar um elevado montante de subsídios de desemprego - 1662 milhões de euros, só em 2004, refere Eugénio Rosa. Na verdade, " a partir de 2002, devido ao aumento rápido de desemprego, verificou-se um crescimento muito grande do despesa da Segurança Social com o pagamento de subsídios de desemprego". No período 2001-2004, "a Segurança Social gastou com o pagamento de subsídios de desemprego 4988 milhões de euros (cerca de 1000 milhões de contos)", refere o economista, frisando que "o desemprego tem consequências sociais e individuais devastadoras - exclusão social, miséria, perda de auto-estima, depressão, etc. -, mas também tem consequências económicas não menos graves que têm sido sistematicamente esquecidas". O estudo faz, igualmente, algumas projecções sobre o valor da arrecadação fiscal perdidas por causa do desemprego. As receitas perdidas, só ao nível do IVA, somaram 573 milhões de euros em 2001; 749 milhões no ano seguinte; 906 milhões em 2003; e 1040 milhões de euros no ano passado. Ou seja, "entre 2001 e 2004, as receitas fiscais provenientes do IVA sofreram perdas de 3268 milhões de euros". Para Eugénio Rosa, "mais importante do que o problema do défice orçamental, resolver o problema do desemprego é vital para que o País possa atingir elevadas taxas de crescimento".(09.02.04/Fonte : Diário de Notícias)
Construção perdeu em 2004, 32 500 postos de trabalho
As empresas de construção e obras públicas perderam 32 500 postos de trabalho ao longo de 2004, devido à crise que afecta o sector. A actividade do sector, de acordo com a análise de conjuntura da Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), continua em queda, mas o sentimento negativo está a atenuar-se. A quebra sentida na actividade do ramo foi de 4,2% em 2004, mesmo assim inferior à descida de 7,4% no ano anterior. A síntese de conjuntura da AICCOPN revela ainda que o ano de 2005 "começou sem sinais de uma nova dinâmica, mantendo o arrefecimento sentido no final de 2004", apesar da "travagem do ritmo depressivo". Contas feitas, a quebra no Valor Acrescentado Bruto (VAB) da actividade recuou 1,1%, enquanto que o investimento desceu 1% no ano passado. Nos últimos dois anos, o resultado foi uma quebra de 12,4% em termos de VAB e de 13% em termos de investimento. O documento da AICCOPN assume que o seu indicador de conjuntura nunca abandonou o terreno negativo durante todo o ano passado, apesar da melhoria registada ao longo dos 12 meses, passando de menos 28,1% em Janeiro para menos 18,7% no final do ano passado.(08.02.04/Fonte : Diário de Notícias)
'Auto-estradas marítimas' coordenadas por Portugal
Nem só em terra há congestionamento das vias de transporte. No mar, a crescente procura de transporte à escala global - esperando-se um aumento de 38% até 2010 - tem levado a uma saturação de algumas rotas marítimas. Um problema que deverá ser resolvido, na União Europeia (UE), através da implementação do projecto Portmos, em que Portugal vai liderar o desenvolvimento das chamadas 'auto-estradas do mar'.
A iniciativa, promovida pelo Ministério dos Transportes e aprovada por Bruxelas, representa um investimento de 2,5 milhões de euros, sendo financiado a 50% pela UE.
Em última análise, pretende-se "uma livre circulação marítima entre os países comunitários, ou seja, acabar com as fronteiras tal como foi feito em terra", afirmou ao DN Luís Tadeu, professor universitário responsável pelo Portmos. Ao contrário das auto-estradas terrestres, quando o transporte é feito pelo mar "o navio é sujeito a uma série de operações, como uma verdadeira fronteira".
O projecto tem como objectivo tornar estas relações "fáceis" e ágeis", tirando até tráfego das estradas para o mar. Deste modo, os objectivos passam por fazer mais fretes marítimos de curta distância, de Portugal para o resto da Europa.
De acordo com o ministério, "as auto-estradas marítimas podem vir a servir, no futuro, como elemento determinante para sustentar o sistema portuário e logístico, desenvolvendo a economia e captando investimento directo estrangeiro".
Além disso, "reconhecendo o atraso que Portugal apresenta no sistema marítimo-portuário, é necessário desenvolver projectos integradores prioritários nesta área até 2005".
Portugal poderá, assim, ser transformado "numa plataforma euro-atlântica de valor acrescentado" e para ser operacional terá três objectivos macroeconómicos colocar Portugal na articulação das rotas internacionais, interacção nas redes europeias de transportes e auto-estradas marítimas existentes (Mar Báltico/Mar do Norte, Mar do Norte/Península Ibérica, Mediterrâneo Ocidental e Mar Adriático) e rede logística integrada.
"Numa primeira fase, que se estende até Setembro, serão definidos os conceitos, prevendo-se que o projecto esteja totalmente acabado em Dezembro de 2006", destacou Luís Tadeu. No final, todo o processo do sistema marítimo-portuário deverá ser desburocratizado. O Portmos começará com uma acção-piloto de articulação entre portos nacionais.(07.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Fisco não consegue controlar fuga na retenção na fonte em IRS
A administração fiscal não consegue controlar e detectar em tempo útil as fugas nas retenções na fonte de IRS, descontados dos salários dos trabalhadores e que deveriam ser pagas pelas empresas ao Fisco. A aplicação informática, destinada a controlar as empresas faltosas, só existe para os declarantes via Internet e, mesmo assim, o controlo só é efectuado após seis meses, denunciaram ao DN fontes dos Impostos. Ou seja, se as empresas nacionais decidirem suspender os pagamentos do imposto sobre os rendimentos do trabalho, podem passar despercebidas aos olhos do fisco, já que milhares de empresas não utilizam a Net.
Ao contrário do que sucede na cobrança do IVA, não existe um sistema automático de detecção de fugas ou evasão ao imposto. Tão pouco o envio imediato de contra-ordenações aos faltosos - como sucede nos serviços do IVA - é efectuada. A causa para esta falha no IRS parece estar na falta de aplicações informáticas.
Mesmo as cobranças a cargo do novo Sistema de Execuções Fiscais (SEF) agravam-se, de acordo com um documento que circula dentro da administração fiscal, da autoria de sindicalistas. O documento refere algumas situações que são identificadas como "pontos fracos". É o caso da penhora electrónica que terá falhado o objectivo de agilizar os meios da administração fiscal para recuperar dívidas. Outro exemplo, a ligação electrónica ao cadastro de automóveis "é de eficácia reduzida", com os funcionários a considerarem os resultados práticos como "nulos".
"Mais penhoras não significam mais receitas", alertam os sindicalistas, confrontados com as declarações de Paulo Macedo. Para estes funcionários, existem mesmo indícios claros de que "existe um forte aumento de dívidas em processo de execução".(04.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Desemprego agrava pessimismo dos consumidores
A confiança dos portugueses está ao nível mais baixo desde Setembro de 2003
A confiança dos portugueses atingiu o nível mais baixo desde Setembro de 2003. De acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a confiança dos consumidores registou, em Janeiro, uma evolução negativa pelo sexto mês consecutivo, devido sobretudo às perspectivas sobre o desemprego.
No mês em análise, verificou-se um agravamento de todas as componentes que integram o indicador, destacando-se, pela sua intensidade, as apreciações sobre a situação económica. As perspectivas quanto às intenções de melhoramentos de instalações na habitação são também mais pessimistas, atingindo mesmo o mínimo histórico da série iniciada há 15 anos.
Mas não são só os consumidores que estão pessimistas. O inquérito de conjuntura à indústria transformadora evidenciou uma evolução negativa, pelo quinto mês consecutivo, resultante, segundo o INE, "do comportamento desfavorável da produção prevista e das apreciações relativas às existências de produtos acabados".
Quanto à construção e obras públicas, o mês de Janeiro registou uma melhoria, com o o indicador a passar dos anteriores 44,5 pontos negativos (Dezembro), para 42,7 pontos negativos. Um desagravamento que resultou de melhoria das perspectivas de emprego e da carteira de encomendas, que contrariaram o perfil descendente dos quatro meses anteriores.
O sector do comércio, por seu lado, apresentou uma deterioração do indicador de confiança, pelo quarto mês consecutivo, atingindo o valor mais baixo desde Setembro, resultando das perspectivas de actividade dos dois subsectores, retalho e grosso. Os patrões estão pouco confiantes no aumento da procura.
Também nos serviços o indicador manteve o perfil descendente, com o valor mais baixo desde Março. A explicação está essencialmente no comportamento da carteira de encomendas, aferida pelas opiniões dos empresários.
Apesar de tudo, o indicador de clima do INE, que mede a confiança da indústria transformadora, construção, comércio e serviços, estabilizou nos 0,5 pontos negativos.(03.02.04/Fonte : Diário de Notícias)Sector da construção perde 4200 empresas
De um total de 26 mil sociedades obrigadas a alvará, apenas 20 mil vão continuar a exercer IMOPPI considera revalidação "saudável".
O próximo processo de revalidação dos títulos vai incluir o cruzamento de dados com o FiscoO processo anual de revalidação de alvarás para as empresas da construção civil e obras públicas eliminou do mercado 4200 sociedades, apurou o JN junto do presidente da entidade reguladora do sector, Jorge Dias.
Estavam inscritas no Instituto dos Mercados das Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário (IMOPPI) 46 mil empresas, em 2004. No entanto, apenas 26 mil eram empresas detentoras de alvará. As restantes tinham um título de registo, não obrigadas à mesma revalidação.
Assim, das 26 mil sujeitas ao processo de revisão anual dos requisitos para poderem continuam a operar, mil não apresentaram qualquer pedido para revalidação do título e tiveram uma eliminação automática. Outras - 3200 - não foram aceites pelo IMOPPI e ficaram com os alvarás cancelados. Daí as 4200 sociedades afastadas do exercício da actividade.
Mantiveram o alvará 18 959 construtoras, às quais é necessário acrescentar 1496 empresas que solicitaram uma alteração das características, tendo sido reclassificadas.
Para o presidente do IMOPPI, a revalidação é um "movimento normal e saudável", e considerou "conveniente" a "limpeza" do sistema, tendo em conta que havia "empresas virtuais, muitas delas sem quadro de pessoal".
O prazo para a revalidação dos alvarás terminou a 31 de Dezembro de 2004, e prazo para reclamação na última segunda-feira. Tratou-se da primeira revalidação depois da entrada em vigor da nova lei dos alvarás, em vigor desde 19 de Janeiro do ano passado. O processo relativo a 2005 irá incluir cruzamento de dados com o fisco.(02.02.05/Fonte : Jornal de Notícias)Janeiro em Portugal Foi o Mais Seco em 24 Anos
Portugal passou pelo mês de Janeiro mais seco desde 1981. O Insituto da Água considera que a situação das barragens não é alarmante, salvo em casos pontuais. Mas o Instituto Regulador de Águas e Resíduos já está a fazer um levantamento dos pontos do país que correm o risco de enfrentar problemas no Verão, caso não chova.(01.02.05/Fonte : Público)