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08/03
Chamas continuam a lavrar nas serras algarvias
O Algarve continua hoje a ser a região mais fustigada pelos incêndios, absorvendo a maior parte dos meios aéreos disponíveis para combater os três fogos ainda activos na zona, disse o comandante do Centro de Operacional de Socorros.
No barlavento algarvio, o incêndio que lavra há quatro dias nos concelhos de Portimão, Monchique e Aljezur continua por circunscrever.
"A situação mantém-se muito complicada, porque a última informação de que disponho é que ainda existem três frentes muito activas", disse António Gualdino à Lusa.
O forte calor e, sobretudo, os ventos cruzados que se fazem sentir na região estão a dificultar a vida aos bombeiros, que enfrentam ainda outra contrariedade: os difíceis acessos.
"São montes e montes intransponíveis. Às vezes, os bombeiros têm de deixar arder até o fogo chegar a zonas mais acessíveis, onde se possa actuar", acrescentou.
No local, a combater o fogo que deflagrou no sábado à tarde e já consumiu uma vasta área de três concelhos, permanecem 345 bombeiros, ajudados por 124 militares e apoiados por 103 viaturas.
O concelho de Silves junta-se desde a tarde de ontem ao lote de preocupações dos bombeiros, com a deflagração de dois novos incêndios.
O fogo do Centro Cinegético está a ser combatido por 14 homens e três veículos, enquanto 82 bombeiros e 23 veículos tentam apagar as chamas na localidade de Sapeira.
"Estes dois incêndios começaram com poucos minutos de diferença e em áreas muito próximas uma da outra, o que não deixa de ser estranho", observou o comandante do Centro Nacional de Operação de Socorros.
Às 08h00, os dois fogos encontravam-se cada vez mais perto, sendo de esperar que se possam juntar numa única frente de maiores dimensões.
"Os bombeiros, aliás, estão a trabalhar conjuntamente, como se de um único incêndio se tratasse", disse à Lusa.
Por definir está a utilização dos meios aéreos em Silves e em Aljezur, já que "os recursos são escassos e não podem ser todos deslocados para o Algarve".
"Neste momento, canalizamos para estas situações seis helicópteros pesados, dois aviões aerotanques pesados e dois helicópteros bombardeiros ligeiros. Estes meios serão divididos consoante as necessidades, já que não podemos desguarnecer o resto do país", explicou António Gualdino.
Fora do Algarve, dois outros fogos, ambos no distrito da Guarda, estão também a dar trabalho aos bombeiros.
No concelho de Seia, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, o fogo de Louriga está a ser combatido por 15 bombeiros e sete veículos, enquanto, não muito longe, em Alvoco da Serra, actuam 28 homens, apoiados por 11 veículos.
Os incêndios registados este ano em Portugal destruíram 215.000 hectares de florestas - uma área equivalente ao distrito de Viana do Castelo e quase idêntica à extensão do Luxemburgo - segundo estimativas oficiais, provocaram 15 mortos e levaram à detenção de 59 pessoas, suspeitas de fogo posto.
A confirmarem-se estes dados, 2003 baterá o recorde de área ardida nos últimos 23 anos.(13.08.03/Fonte : Público)Autarcas e ministros dizem muitas vezes que Portugal tem de apostar no turismo. Mas, a prática raramente anda a par com a teoria. O País podia ser muito mais atractivo turisticamente se não se tivessem cometido verdadeiros crimes ambientais e culturais.
A construção anárquica e a destruição da paisagem são males que se instalaram um pouco por todo o País. Na zona da Grande Lisboa, a começar pela capital, sucedem-se os mamarrachos e a falta de cuidado.
Um turista que visite a Rua da Misericórida vê prédios a caír, sujos, com ervas secas nos telhados e a necessitarem de uma acção de restauro urgente.
Se passar pelo Intendente, para além da degradação urbanística, o turista depara com um novo Casal Ventoso, onde se consome droga a toda a hora.
Noutras ruas e noutros bairros, especialmente no centro histórico, as obras são urgentes. Gasta-se dinheiro em placards que seria mais bem utilizado na recuperação dos imóveis e dos monumentos.
Nas Avenidas Novas ou na Avenida da Liberdade continua a não se respeitar um ordenamento correcto dos prédios.
Muitos jardins, por culpa da falta de educação da população, são transformados em lixeiras. Os graffiti e os cartazes dão um ar desleixado aos muros e paredes.
É certo que os serviços camarários se esforçam por melhorar a situação, mas é preciso mais.
Nos arredores de Lisboa, a situação é idêntica ou ainda pior. Em Sintra, que é património mundial, colam-se ou agrafam-se cartazes nas árvores, o lixo vai-se amontoando junto às estradas e nas falésias _ por exemplo, sacos de plástico com lixo na Praia Grande _, e admitem-se barracões com telhados metálicos.
Em toda a faixa ribeirinha do Tejo, de Cascais a Vila Franca de Xira, os prédios e outras construção tornam feia a paisagem.
Nas praias da Margem Sul, a construção desordenada, a poluição e a destruição da natureza multiplicaram-se.
A natureza dotou esta zona de Portugal com as serras de Sintra, Montejunto e Arrábida, com praias e campos de grande beleza, com falésias e areais de perder a respiração, com um espelho de água fabuloso como é o rio Tejo... Locais que foram sendo destruídos sistematicamente.
Não se compreende como é que o Estado democrático não acabou de vez com a cimenteira do Outão, instalada no tempo do regime ditatorial. Um crime ecológico na Arrábida. Não se compreende que se queira fazer um aeroporto na Ota. Outro crime...(11.08.03/Fonte : Diário de Notícias)Madrugada marcada por 15 fogos
15 vítimas mortais, 162 mil hectares ardidos e cinco mil militares no combate aos incêndios
Ao início desta madrugada estavam 15 incêndios activos, em grande parte fruto das trovoadas secas e do vento de Leste que ontem ocorreram na região Centro e que se juntaram às altas temperaturas. Hoje chega a Portugal a comissária europeia do Orçamento, a quem serão pedidos fundos para ajudar a minorar os prejuízos que se acumulam há quase duas semanas.
Os incêndios que durante a noite ocuparam os bombeiros são menos do que aqueles que ontem à tarde começaram a surgir um pouco pelo interior do país.
Um total de quinze incêndios continuava por circunscrever ao princípio da madrugada, com as maiores preocupações a tocar o distrito da Guarda.
O Centro Nacional de Coordenação de Socorros informa que ao princípio da madrugada se registavam quatro incêndios por circunscrever no distrito da Guarda, sendo dois no próprio concelho da Guarda, um em Trancoso e outro no concelho de Almeida.
No distrito do Porto lavra um incêndio no concelho de Penafiel, enquanto Bragança regista incêndios nos concelhos de Carrazeda de Ansiães e de Torres de Moncorvo.
Montalegre e Valpaços, no distrito de Vila Real, também registam fogos, o mesmo se passando em São Pedro do Sul, Viseu, onde lavram incêndios em duas zonas do concelho.
Dois incêndios regista também o concelho da Sertã, Castelo Branco, bem como Porto de Mós, no distrito de Leiria. Já esta manhã, ocorreram três reacendimentos na Sertã, na Serra de São Domingos.
Vítimas humanas e ambientais
Ontem, o dia foi de balanço e o número de vítimas mortais dos fogos subiu para 15, com a confirmação da morte de uma funcionária de um centro de dia em Aldeia do Bispo.
Também negros são os números que expressam a destruição causada pelos incêndios - arderam já 162 mil hectares de floresta durante o ano de 2003, número engrossado pela destruição concentrada nas últimas duas semanas causada pelos fogos.
A Direcção-Geral de Florestas (DGF) revela que os números são ainda provisórios mas já apontam para que este Verão tenha sido dos piores, se não o pior, desde que há registos. Segundo o relatório semanal da DGF, está já apurado que, até ao passado domingo, houve 2151 incêndios florestais e 7969 fogachos, que no seu conjunto foram responsáveis por 98.147 hectares de área ardida. Ao acrescentar a esta conta os grandes incêndios desta semana no Vale do Tejo (Abrantes e Chamusca) e no Alto Alentejo (Nisa, Gavião e Portalegre), por estarem ainda em curso os respectivos levantamentos pelos agentes do Corpo Nacional da Guarda Florestal, a área destruída é alargada em mais 64 mil hectares.
Comissária europeia avalia situação portuguesa
O ministro da Administração Interna, Figueiredo Lopes, reúne-se hoje com a comissária europeia do Orçamento, Anna Diamantopoulou, que vem a Portugal na sequência do pedido feito pelo Governo para que seja accionado o fundo de solidariedade da UE.
Ontem, Figueiredo Lopes não quis adiantar a quantia que vai pedir à União Europeia. Anna Diamontopoulou, que substitui neste momento o presidente da Comissão Europeia estará em Portugal durante o dia de hoje e vai sobrevoar as regiões afectadas pelos fogos para melhor averiguar a dimensão da catástrofe.
No quadro do pedido feito à União Europeia, a Alemanha enviou três helicópteros "Puma", com equipamento de combate aos incêndios, que têm estado em França desde 31 de Julho. Também a Itália já tinha enviado dois aviões "Canadair", mas foi obrigada a mandá-los regressar por causa dos incêndios que se alastraram no seu território.
As ajudas pedidas por Portugal não se reduzem à estrutura da União Europeia. No que diz respeito à ajuda pedida à NATO, Figueiredo Lopes informou ontem que já andam no ar três helicópteros "extremamente úteis" cedidos pela Alemanha. A Noruega vai enviar também um avião de combate aos incêndios. Também ontem Washington anunciou que vai enviar ajudas a Portugal, mas o ministro não disse em que consistirão essas remessas.
A mobilização de meios, num momento em que os bombeiros trabalham sem descanso, passa também pelas Forças Armadas, que destacam hoje um número muito significativo de efectivos para auxiliar no combate e prevenção de incêndios. Hoje, devem estar envolvidos nessa acção cinco mil militares.(08.08.03/Fonte : Público)Portugal barato ameaçado por Leste em saldo
O custo da mão-de-obra em Portugal ameaça deixar de representar a vantagem competitiva de outros tempos. Apesar de ainda não ultrapassar os 40% da média comunitária, é cerca de duas vezes e meia superior ao praticado nos países candidatos à adesão. A questão ressalta de um estudo da União Europeia, agora divulgado, referente a respostas dadas pelas empresas a um inquérito elaborado no ano 2000.
Cada hora de trabalho na indústria e nos serviços portugueses custa, em média, 8,13 euros. Na Europa esse valor atinge os 22,19 euros, mas nos países candidatos fica-se pelos 3,47 euros. Portugal está, como quase sempre, na cauda da Europa, mas as novas adesões depressa irão ocupar os últimos lugares da escala.
Desagregando por sectores de actividade, percebe-se que na electricidade e no gás, bem como na intermediação financeira, os custos laborais são em geral mais elevados. Isto é verdade para o conjunto dos países. Portugal aproxima-se mais da média europeia nos serviços financeiros e afasta-se na hotelaria e turismo, onde os custos são francamente mais baixos.
Mas se os custos de trabalho apresentam uma grande décalage , a produtividade não lhe fica atrás. Só que a razão é quase inversa, ou seja, os países onde mais se ganha são também aqueles onde mais se produz. Resultado: quando analisados os custos unitários do trabalho (valor acrescentado por cada trabalhador versus salário e custos laborais), as diferenças esbatem-se, e aquilo que era mais barato em Portugal deixa de o ser. Na verdade, em matéria de custos unitários do trabalho, a Finlândia é hoje em dia o mais competitivo, passando Portugal para o quinto posto. O número de horas de trabalho confirma esta tendência. Em geral é nos países mais ricos que se trabalha menos.
Estas questões não poderão ser totalmente avaliadas se não se olhar àquilo a que normalmente se chama cadeia de valor. Para Rui Madaleno, director da Associação Industrial Portuguesa, «não é a mesma coisa estar oito horas a fazer medicamentos ou brinquedos de plástico». «Ambos os trabalhadores poderão ter a mesma produtividade, mas o primeiro acrescenta mais valor». E isso reflecte-se no modelo económico. O paradoxo pode, pois, instalar-se : estando o modelo de baixos salários esgotado, se Portugal insistir em indústrias de baixo valor acrescentado, só conseguirá ser competitivo... se baixar ainda mais os salários. Mas Rui Madaleno acredita que os salários nos novos países «também irão subir». Seja como for, a ameaça de deslocalização de indústrias e serviços existe. Ou seja, o capital estrangeiro pode trocar Portugal pela Europa central e de Leste.
Para a Confederação do Comércio (CCP), a «ameaça dos novos países combate-se, em primeiro lugar, com o choque fiscal». «Não podemos continuar com o IVA a 19%». A CCP pretende ainda «acabar com os subsídios à exploração». O debate em torno do uso da cláusula de salvaguarda (ultrapassagem da barreira do défice público) é também urgente. A selectividade do investimento público é outra das ideias-chave avançadas.Têxteis perdem quota
Os dez países que em Maio de 2004 vão aderir à União Europeia representam 6,2% das importações têxteis e de vestuário do mercado comunitário. A Polónia e a República Checa concentram a principal quota nos têxteis-lar. São responsáveis por 7,1% das importações oriundas dos Quinze. Portugal apresenta um preço médio superior ao das importações da UE, e ao preço médio de exportações têxteis da Polónia e República Checa. Em 1994, Portugal tinha o dobro da quota de mercado da República Checa em termos de produtos têxteis, mas em 2001 atingiu uma quota 0,2 pontos percentuais inferior à daquele país. Os números resultam de uma análise do Observatório Têxtil da UE.(07.08.03/Fonte : Diário de Notícias)
Desemprego castiga as jovens portuguesas
A taxa de desemprego em Portugal subiu a uma velocidade três vezes superior à da média da União Europeia em Junho, face a Maio, fixando-se nos 7,3%. No mesmo mês do ano passado a taxa era de 4,8%. O grupo mais penalizado é o das mulheres jovens.
De acordo com o Eurostat, esta progressão de 2,5 pontos percentuais foi mesmo a mais elevada entre os Quinze e representa o valor mais elevado desde Agosto de 1996. Enquanto entre Maio e Junho o ritmo de crescimento da taxa de desemprego média da UE foi de 0,1 pontos percentuais, fixando-se agora nos 8,1%, em Portugal foi de 0,3 pontos .
O cenário mais grave continua a verificar-se em Espanha, com uma taxa de 11,4% e a mais baixa no Luxemburgo, onde o desemprego não ultrapassa os 3,4%.
Nos doze países que compõem a zona euro o número de desempregados já representavam em Junho 8,9% da população activa. Este valor, divulgado pelo Eurostat, traduz uma revisão em alta, já que as previsões iniciais apontavam para que o desemprego atingisse 8,8% da população.
Em Portugal a situação atinge particularmente os jovens com menos de 25 anos, onde o desemprego atinge os 15% E em especial as mulheres jovens _ a taxa de desemprego é de quase 18%, superando em muito os valores médios da UE, onde o desemprego feminino jovem se fica pelos 15,9%.
Apesar de tudo a situação do desemprego médio dos jovens na zona euro é ainda mais grave, ascendendo a 16,9%. No total da União Europeia a situação também é pior que em Portugal, onde a taxa média é de 15,7%.
No grupos etários superiores, as mulheres continuam a ser as mais penalizadas, apresentando uma taxa de 8,4%, contra os 6,3% registados no grupo dos homens. No espaço dos Quinze, o desemprego feminino é ainda mais elevado, colocando-se nos 9%. Uma diferença que se pode explicar pelo facto de Portugal ter a maior taxa de ocupação feminina neste universo de países.
A tradicional baixa do desemprego no Verão, pelo aparecimento de trabalho sazonal, não foi detectada pelo Eurostat no caso português.(06.08.03/Fonte : Diário de Notícias)À medida que os fogos avançam em 25 concelhos do País, maior é a certeza de que grande parte tem origem criminosa. Em dois locais, Leiria e Batalha, foram ontem encontrados engenhos explosivos. Em Vila de Rei, a presidente da autarquia já tinha alertado para esta possibilidade. Durão Barroso reúne-se amanhã com o director nacional da Polícia Judiciária, Adelino Salvado, para apelar ao reforço das investigações às causas dos incêndios. Segundo fonte da PJ, 30% dos fogos anuais são de origem criminosa.
A rápida deflagração de vários focos em zonas próximas tem suscitado grandes suspeitas. Ontem, em Abrantes, cidade que esteve cercada pelo fogo, os bombeiros voltaram a dizer que a situação não era normal. No Pinhal de Leiria e na Batalha as autoridades encontraram um pote de cerâmica com uma vela dentro e uma caneta Parker. Os objectos estavam no meio da mata, «precisamente no local onde tinha deflagrado um novo incêndio», disse ao DN o major Ilídio Sousa, coordenador distrital de socorros. Os engenhos foram entregues à PJ.
Mas ontem as situações mais graves foram a de Abrantes e a do distrito de Castelo Branco, que, por volta das 19 horas, contava ainda com duas frentes de incêndio, em Aleixo e na Sertã, onde ontem se registaram mais duas mortes e três pessoas desaparecidas. Na Guarda, os meios estavam a ser concentrados em Famalicão da Serra e um pedido de ajuda já tinha sido enviado às Forças Armadas.
Mais a sul, em Santarém, o incêndio da Chamusca parecia estar a ceder finalmente. No distrito de Portalegre, duas situações preocupavam ainda os bombeiros, Gavião e Nisa. O incêndio na serra de São Mamede registava melhorias. Os de Leiria já se encontravam em fase de rescaldo. Ao norte, vários focos em Bragança começaram a gerar preocupação.
No terreno têm estado mais de três mil bombeiros. O cansaço começa a ser um problema grave, uma vez que estes homens são rendidos de 48 em 48 horas. A Associação de Bombeiros não se cansa de pedir ao Governo que declare o Plano de Emergência Nacional. Ontem, havia contactos com a Noruega, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil para envio de mais meios aéreos e pessoal.Em detalhe
Meios no terreno Estão no terreno 3374 bombeiros, que são ajudados por 470 militares. No reforço da vigilância estão 65 elementos da GNR. 30 militares vigiam a serra de Sintra e 60 o Pinhal de Leiria. O INEM está também a ajudar com médicos, enfermeiros e ambulâncias. Apoios aéreos Portugal conta com dois aerotan-ques Canadair, quatro helicópteros pesados, um médio, seis ligeiros e dois de coordenação. Para além disso, dispõe da ajuda de quatro aviões marroquinos, que estão a usar a base de Tancos, e de dois italianos. Comunicações Cerca de 10 mil clientes da Portugal Telecom estavam ontem sem telefone devido aos incêndios. A empresa tem 300 pessoas a trabalhar 24 horas por dia para tentar restabelecer as ligações. Os reacendimentos constantes têm dificultado o trabalho. Sem electricidade Segundo a EDP, mais de 100 mil clientes estão sem luz eléctrica. Nos últimos dias, dois mil quilómetros de linhas de média e alta tensão ficaram destruídos pelos incêndios. As consequências vão prolongar-se por vários meses, alertou Arnaldo Machado, administrador da EDP. Mortos Os incêndios já causaram 11 mortos em Portugal. Ontem, na Sertã, Olinda Farinha, de 65 anos, morreu carbonizada. Faleceu também um homem que ainda não tinha sido identificado. Na área estavam ainda desaparecidas três pessoas.(05.08.03/Fonte : Diário de Notícias)
Ninguém nos acudiu, ficámos em desespero...» Luís Silva, de 70 anos, jamais imaginou lutar contra tamanho inimigo. As chamas invadiram ontem a vila de Mação, no distrito de Santarém e, em pouco tempo, um braseiro gigantesco tomou conta da escola secundária, do cemitério, de habitações, de bens que levam uma vida a ganhar. Muitos choravam.
«Ouvi um estrondo e eu, que fui militar, sei o que é uma granada a explodir», acusa Abílio Louro, que conta ao DN: «Andava numa horta e comecei por ouvir duas explosões, passado um bocado outra. As chamas alastraram ao topo dos eucaliptos perto da minha horta e, a partir daí, foi o caos. Fiquei encurralado...». Aos 48 anos, depois de passar mais de metade da vida entre a Alemanha, o Iraque e os Emirados Árabes Unidos, nunca lhe passaria pela cabeça, confessou, ficar sem meio de fuga perante um cenário que classificou de «guerra». Foram horas de angústia.
Em cada quintal, a população, à falta de bombeiros, lutava como podia. O ancião Luís Silva usou uma simples giesta, pediu auxílio aos vizinhos enquanto alguns familiares tiveram de receber tratamento hospitalar devido à inalação de fumo. «Foi com muita coragem que vivemos estes momentos de horror, não me lembro de nada assim...», contava ao DN.
Ao início da tarde, o autarca Saldanha Rocha alertava para a crise: «É um estado de sítio e não temos meios para acudir a esta catástrofe», dizia, salientando, porém, a pronta solidariedade dos Sapadores de Lisboa. À noite, o edil acompanhava a demolição de uma habitação que ameaçava ruir no centro de Mação.
Sob um calor sufocante, com o vento a espalhar cinzas incontroladas, as chamas tomaram conta de quase tudo. As crianças gritavam, pediam socorro.
«Tenho plena consciência que usaram aqui bombas incendiárias», dizia Abílio Louro, enquanto apelava à presença da Polícia Judicária, convicto de que «Mação estava bem armadilhada».
Em pouco tempo, a vila foi ocupada por um inimigo indomável. Sem água, sem telefones, sem electricidade, com labaredas a entrar em habitações, o miolo urbano a ser engolido por uma pasta de ar sufocante. À tarde, um helicóptero fazia o possível e, ao princípio da noite, um avião rasgava o céu enevoado. Lá de cima, os ocupantes das aeronaves viam um cenário de peste negra. A população viveu o fogo da coragem.(04.08.03/Fonte : Diário de Notícias)A recessão económica tem destas coisas. Confrontados com dificuldades financeiras acrescidas, os consumidores estão a virar-se cada vez mais para a compra de prédios usados. O resultado é uma aproximação do preço destes últimos aos praticados nas casas novas. No mercado, ninguém garante o montante da evolução dos preços, mas extrapolando estatísticas ontem publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), fontes de mercado acreditam que os prédios usados tenham tido uma valorização média de 6% a 8% durante o último ano.
Segundo dados do INE, ontem divulgados, no segundo trimestre do corrente ano os alojamentos localizados no Continente foram avaliados em mais 10,7% que no período homólogo do ano anterior. Em Lisboa, a subida chegaria mesmo aos 11,9%, sendo a mais elevada das regiões estudadas, a par do Alentejo. A menor ocorreu na Serra da Estrela. O estudo do INE tem por base a avaliação bancária dos imóveis.
Segundo várias fontes contactadas, o estudo do INE não é muito importante para o mercado de casas novas. Na verdade, os prédios dirigidos a um primeiro comprador ficam imunes à avaliação bancária, já que os bancos envolvidos, por norma, já fizeram uma avaliação antes da venda final, aquando do financiamento ao construtor. As novas hipotecas subsequentes não têm impacto de monta na reavaliação. «Isto só serve para aquilatar dos valores praticados no mercado de usados», afirmou ao DN uma fonte do sector.
Outro dos problemas que a recessão cria no mercado de novos é o desaparecimento da figura do investidor imobiliário. Estes «comportam-se um pouco como os investidores em bolsa, compram em bull-market e desaparecem no bear», esclarecem as mesmas fontes. E daí também a apetência pelos usados.
As fontes contactadas, no entanto, não acreditam que os apartamentos e outros alojamentos tenham subido tanto como revela o estudo do INE. «A avaliação bancária tem que andar sempre um pouco acima do valor de venda do imóvel», sustentam. Isso é uma condição básica da sobrevivência do mercado hipotecário. E explicam: «Se a avaliação não for acima do valor de venda, então ninguém compra, já que muitas pessoas não têm dinheiro para a entrada [sinal]. Cerca de 50% a 60% das casas vende-se com crédito a 100% e às vezes mais, porque ainda há outras dívidas. Se a avaliação fosse igual ou inferior ao custo efectivo, ninguém comprava, porque não tinha dinheiro. Se ninguém compra, o banco empresta a quem?», interrogam-se as mesmas fontes.
O inquérito trimestral do INE diz ainda que a média das avaliações bancárias se situou nos 1139 euros por metro quadrado, um aumento de 61 euros/m2 em relação aos primeiros três meses do ano. Para um apartamento de 120 m2, o resultado fica-se pelos 136 680 euros, qualquer coisa como 27 400 contos, na antiga moeda nacional.Juros da habitação ficam inalteráveis
As taxas de juro do crédito à habitação vão permanecer inalteradas em Agosto, face aos valores praticados em Julho e Junho. Pelo segundo mês consecutivo, a média mensal da Euribor a seis e 12 meses mantém-se nos 2,250% o que determina a manutenção das taxas fixadas no final de Junho. Quem contrair um novo empréstimo no mês que hoje começa, poderá contar com taxas de juro abaixo dos 3%, nomeadamente nos 2,750%, se conseguir negociar os spreads mais baixos existentes no mercado, ou seja, de 0,5 pontos percentuais. Esta margem mínima é agora também oferecida pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), que decidiu baixar a sua margem financeira mínima de 0,75 para 0,5 pontos.(01.08.03/Fonte : Diário de Notícias)