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02/03
Cerâmica : Aleluia investe 11 milhões
A Aleluia – Cerâmica, Comércio e Indústria, participada do grupo Espírito Santo (GES), investiu 11 milhões de euros na expansão do negócio. Do POE (Programa Operacional da Economia) recebeu um incentivo de 2,4 milhões de euros. Hoje, o ministro da Economia, Carlos Tavares, desloca-se a Aveiro para a inauguração do novo edifício bem como da nova linha de produção.
Com este projecto, a empresa conseguiu aumentar em 40% a sua capacidade produtiva. Na área industrial, aplicou 10 milhões de euros numa nova linha de produção e em meios de movimentação e de escolha totalmente automatizados. Além disso, investiu ainda mais um milhão de euros num novo edifício administrativo, onde está integrado um salão de exposição.
A Aleluia dedica-se à produção de pavimentos e revestimentos cerâmicos e a decorações complementares. A sua capacidade actual situa-se nos 15.000 metros quadrados por dia, dos quais 60% têm como destino o mercado nacional e o remanescente o exterior. Sob a insígnia Aleluia, a empresa está presente em cerca de 30 países de todo o mundo. França e Espanha são os principais mercados. Mas do ‘top’ da carteira de clientes constam ainda a Itália e os Estados Unidos.
O investimento inaugurado hoje pelo ministro da Economia, Carlos Tavares, e que foi iniciado no ano passado, permitiu à Aleluia aumentar as exportações em 20%. No ano passado, a empresa registou uma facturação de 18 milhões de euros tendo obtido um resultado líquido positivo em 26 mil euros. Para o final do actual exercício, a Aleluia está optimista e prevê atingir um volume de negócios muito próximo dos 20 milhões de euros.
Além do grupo Espírito Santo, a empresa, que tem quase uma centena de anos, conta com um grupo de accionistas individuais no seu capital. O presidente do conselho de administração é Henrique Granadeiro.
A Aleluia, sediada em Esgueira, Aveiro, tem 212 trabalhadores.(28.02.03/Fonte : Diário Económico)Têxtil mostra na Exponor produtos inovadores que neutralizam odores e hidratam
Produtos têxteis que neutralizam os odores desagradáveis, hidratam, protegem das radiações ultra-violeta ou têm propriedades anti-microbianas estão hoje e amanhã em destaque na Exponor (Matosinhos), no salão têxtil Modtíssimo.
Estes produtos inovadores estarão expostos na 3ª edição do Fórum Têxteis do Futuro, organizado pelo Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário (CITEVE) no âmbito da 21ª edição do Modtíssimo - Salão de Tecidos Europeus e Confecção Portuguesa.
Segundo salienta a organização, esta edição do Fórum Têxteis do Futuro ficará marcada pela abertura às inovações nos têxteis-lar e pelo reforço da presença de dez empresas portuguesas que irão expor o que produzem neste segmento.
De periodicidade semestral, o Modtíssimo assume-se como "o único salão ibérico de têxteis técnicos, inteligentes e funcionais", pretendendo fazer "a ponte entre todos os agentes do sector têxtil e vestuário".
O evento é organizado pelas associações portuguesas das Indústrias de Malha e Confecção (APIM), de Têxteis e Vestuário (APT) e da Indústria de Lanifícios (ANIL), contando com a parceria pública do ICEP Portugal e o apoio do Plano Operacional da Economia (POE).
Na "passerelle" do Modtíssimo vão ainda poder ser apreciadas as colecções completas de Primavera/Verão 2004 de tecidos e acessórios europeus e de Outono/Inverno 2003/2004 dos confeccionadores.
O evento apadrinhará ainda a 4ª edição do Concurso Jovens Criadores Modtíssimo, em que alunos das principais escolas de moda são convidados a moldar os tecidos dos fabricantes portugueses "ao sabor da sua imaginação".
No Espaço ANIVEC - Verão 2004 decorrerão, por sua vez, "reuniões de tendências" para esta estação abertas quer a expositores, quer a visitantes, enquanto nos Fóruns de Tecidos e Confecções serão compiladas as novas tendências e dadas "pistas sobre o que usar na próxima estação".
E porque "inovar não passa só pelo território nacional, mas também por um projecto de internacionalização", a Associação Selectiva Moda e o ICEP (organizadores do Modtíssimo) têm já prevista a participação de um grupo de fabricantes portugueses de tecidos e outras matérias primas na Intertextile Shanghai, a maior feira internacional de tecidos e acessórios da China, que decorre em Outubro.(27.02.03/Fonte : PortugalNews)Solvaggio comprou zona industrial em Valongo
O grupo financeiro italiano Salvaggio - Gestão de Empreendimentos Imobiliários, investiu cerca de 31,5 milhões de euros na aquisição da zona industrial de Sobrado, Valongo.
O investimento resulta de uma parceria entre o grupo italiano e vários investidores nacionais, com os transalpinos a assegurarem uma fatia maioritária, da ordem dos 60%.
Este empreendimento, que a câmara local – liderada pelo social-democrata Fernando Melo – considera um dos maiores investimentos no concelho, irá potenciar a criação de cerca de dois mil postos de trabalho directos, uma vez que é intenção dos investidores implementar uma gestão do parque industrial em sistema de condomínio fechado e em propriedade horizontal, estando a zona está vocacionada para pequenas e médias empresas industriais, comerciais e de serviços. Com cerca de 100 mil metros quadrados, o novo investimento luso-italiano está concebido para receber 190 empresas.
Apesar de ainda estar em fase de conclusão, e segundo dados avançados ao Diário Económico pela autarquia, 24 empresas já asseguraram a sua presença neste empreendimento. Segundo fonte do grupo investidor, «a procura pela aquisição de espaços vai ser elevada, uma vez que a localização deste parque é, por excelência, um ponto nevrálgico, entre Valongo e a Galiza, entre Valongo e o porto de Leixões e o aeroporto Francisco Sá Carneiro, através das diversas variantes que ligam Valongo à A3, A4 e à IC24».
Preparado para receber pequenas industrias, escritórios de dimensões variadas, serviços e unidades destinadas à hotelaria, o parque de Sobrado prevê no seu projecto, ao nível do “lay out” interno, uma secção de espaços em galeria comercial, áreas de aparcamento automóvel e zonas de arborização e ajardinamento, para além das zonas de instalação das empresas propriamente ditas e de um posto de abastecimento de combustível já instalado na zona.
A zona industrial de Sobrado é apenas uma das várias que a autarquia tem vindo a instalar nos arredores da cidade de Valongo, através das quais pretende, por um lado, aumentar o volume de oferta em termos de postos de trabalho e, por outro, dotar a região de instrumentos de criação de riqueza que possam consolidar o desenvolvimento regional.(26.02.03/Fonte : Diário Económico)Portugal à beira da recessão económica
(25.02.03/Fonte : Diário de Notícias)
A economia portuguesa e a guerra
Pior É (Quase) ImpossívelCom o petróleo já bastante caro, a confiança de consumidores e empresários nas ruas da amargura, a economia em "mini-recessão" e o desemprego a galopar, é difícil que a conjuntura se deteriore muito mais, sobretudo se um eventual conflito for curto. Ainda assim, atenção às exportações, construção civil e inflação.
A verificar-se uma guerra curta - não superior a dois meses - para desalojar Saddam Hussein de Bagdad, o impacto económico em Portugal não seria significativo, na opinião de vários economistas consultados pelo PÚBLICO. Isto porque a economia já está tão mal - com a confiança dos consumidores e dos empresários a bater mínimos históricos e o desemprego em forte crescendo - que não há muito mais espaço para novas deteriorações. Por outro lado, o efeito mais directo do aumento do preço do petróleo não será dramático uma vez que este já se encontra em níveis bastante elevados. Com um grande consenso quanto à ideia de que Portugal está desde o último trimestre de 2002 em recessão técnica, e não se estimando melhorias assinaláveis no primeiro trimestre deste ano, uma nova guerra no Golfo Pérsico afectaria sobretudo o segundo trimestre, prolongando o período de contracção da actividade económica.
De acordo com Silva Lopes, de uma guerra curta sem atentados terroristas como represálias, poder-se-á esperar uma subida da inflação em Portugal ligeiramente superior à que terá lugar noutros países europeus, dada a nossa maior dependência energética face ao petróleo, uma queda nas exportações, devido à retracção da procura nos nossos principais mercados, e uma queda na procura interna, fruto do agravamento dos índices de confiança dos agentes económicos.
As exportações portuguesas são particularmente vulneráveis, dado que o país vende no estrangeiro sobretudo bens de consumo duradouro, desde sapatos até automóveis, que são exactamente aqueles que sofrem mais imediatamente com uma retracção da procura de uma Europa que se encontra já em estado de pré-recessão. Dentro dos sectores não-exportadores, a construção para fins residenciais deverá ser a área de actividade mais atingida por um adiamento de decisões de compra de habitação. Quanto aos sectores não sujeitos à concorrência externa, deverão aguentar melhor o embate de custos acrescidos.
O acréscimo de custos terá como primeira causa a subida do preço do barril de petróleo dos actuais 32 para a casa dos 40 dólares, de acordo com os vários cenários já desenhados por várias instituições nacionais e estrangeiras. Silva Lopes espera que o Governo não reduza o imposto sobre os combustíveis, deixando que o aumento seja repercutido nos custos energéticos. Até porque, sublinha o ainda presidente do Conselho Económico e Social, o agravamento dos custos energéticos não será um factor de perda de competitividade externa dos nossos produtos, com a eventual excepção das cerâmicas e do vidro. E a reduzir-se o imposto, com a queda que o IVA terá através da retracção do consumo, é o objectivo de consolidação das contas públicas que poderá ficar em risco em 2003.
Com o aumento do preço da energia a contagiar todos os bens e serviços em que ela é um custo de produção, será de esperar um pequeno aumento da inflação, podendo aumentar o diferencial face à média da zona euro, há muito estabilizado em 1,5 pontos percentuais. E com o aumento dos custos de produção poderão ter que fechar e/ou deslocalizar-se mais empresas do tecido produtivo nacional, dando mais um empurrão ao desemprego, que segundo Carlos Almeida de Andrade, economista-chefe do BES, só deverá começar a cair em meados de 2004, sendo possível que a taxa de desemprego, tal como é estimada pelo Instituto Nacional de Estatística, possa estar acima de sete por cento no final do corrente ano. O aumento dos custos de produção também deverá afectar as exportações, uma vez que, de acordo com o Banco de Portugal, os recentes ganhos de quotas de mercado têm sido conseguidos à custa das margens das empresas.(24.02.03/Fonte : Público)
Leroy Merlin compra lojas do AKI Portugal
(21.02.03/Fonte : Diário de Notícias)
Portugal Desce Quatro Lugares em "Ranking" Tecnológico
De 2001-02 para 2002-03, Portugal caiu quatro posições, passando de 27º para 31º lugar na classificação dos países com melhor desempenho no domínio das tecnologias da informação e da comunicação (TIC), de acordo com um estudo ontem divulgado pelo Fórum Económico Mundial (FEM).
No relatório ontem tornado público, Portugal encontra-se atrás da Estónia (24º), República Checa (28º) e Hungria (30º), seus futuros parceiros na União Europeia. A morder-lhe imediatamente os calcanhares encontravam-se a Eslovénia (33º), Letónia (38º), Polónia (39º) e Eslováquia (40º). A Finlândia destronou os EUA do primeiro lugar do "ranking". Noruega e Holanda também registaram quedas significativas neste índice de aptidão tecnológica, passando respectivamente do quinto para o 17º lugar e do sexto para o 11º lugar. Progrediram na tabela Singapura, que passou da oitava para a terceira posição, Taiwan, que pulou do 15º para o nono lugar, e Alemanha, que avançou do 17º para o décimo lugar.
Classificando 82 países e territórios, o "ranking" do FEM visa medir até que ponto estes estão a utilizar as TIC para o seu desenvolvimento económico e social. De acordo com a instituição responsável pelo encontro anual de Davos, o seu índice permite aos líderes políticos e empresariais investigarem as razões por detrás do seu desempenho absoluto e relativo na área das novas tecnologias. O índice captura factores-chaves relativos ao ambiente, aptidão e uso dos três actores principais das TIC, indivíduos, empresas e governos.(20.02.03/Fonte : Público)Salários baixos não é o caminho
(19.02.03/Fonte : Diário de Notícias)
Economistas consideram provável recessão no 4º trimestre de 2002
A maioria de sete economistas contactados pela agência Lusa considera que é provável que Portugal tenha entrado em recessão técnica no quarto trimestre de 2002, ainda que alguns considerem pouco relevante este conceito.
Considera-se que há recessão técnica quanto o Produto Interno Bruto (PIB) cai em cadeia (face ao trimestre anterior) dois trimestres consecutivos.
No terceiro trimestre de 2002, o produto português caiu 2,5 por cento em cadeia e 0,5 por cento homólogos (face ao mesmo trimestre do ano anterior).
Miguel Beleza, antigo ministro das Finanças de Aníbal Cavaco Silva, manifesta dúvidas na utilização da expressão "recessão técnica", mas considera provável que o produto tenha voltado a contrair-se no quarto trimestre do ano passado.
Este resultado, diz o ex-governador do Banco de Portugal, "não surpreende, tendo em conta os números do desemprego e o que se conhece de 2002".
O indicador do Banco de Portugal sugere que a economia portuguesa teve uma evolução muito fraca no segundo semestre de 2002, diz também Beleza, observando que o enfraquecimento da procura interna de bens duradouros era provável mesmo noutra situação económica, pela necessidade de um ajustamento após grande crescimento do endividamento, na sequência da "quebra brutal" das taxas de juro.
Em 2003, a procura interna continua muito fraca e poderá ter um comportamento parecido com o de 2002, segundo ex-governante, que adianta que as previsões são para algum crescimento económico dos principais parceiros de Portugal, embora isso também esteja a ser posto em causa.
Miguel Beleza adianta, ainda, que, se a procura externa estiver de acordo com as últimas previsões, é possível que haja algum crescimento económico em Portugal, mas se for mais desfavorável poderá haver um crescimento marginal, ou mesmo queda do PIB em 2003.
João Ferreira do Amaral, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) salienta, por seu turno, que é muito provável, "quase certo", que o produto tenha caído no quarto trimestre, adiantando que a tendência de queda deverá manter-se no primeiro trimestre de 2003.
Para o professor do ISEG, a recessão está já a provocar um crescimento do desemprego, que deverá continuar a aumentar.
Por isso, diz, "é importante que seja abandonada a política de consolidação orçamental a todo o custo, que em situação de recessão não faz sentido" e que haja investimento público nas áreas que favorecem a competitividade.
João Ferreira do Amaral acrescentou que "não há uma maneira fácil" de sair da actual situação, observando que é necessário tomar "medidas de fôlego" para aumentar a competitividade, mas que não terão efeitos imediatos, pelo que a expectativa é que esta situação de relativa crise na economia portuguesa se prolongue".
Menos pessimista, Mário Patinha Antão, economista e deputado social-democrata, não julga provável que o produto tenha voltado a cair no quarto trimestre, salientando que o "consumo privado se aguenta um pouco melhor do que o esperado" e a "procura externa está a contribuir positivamente para o crescimento, ainda que pouco", para além de as estimativas do turismo serem melhores do que o esperado.
Acredita que se tenha verificado uma quebra significativa do investimento e uma redução do consumo público, mas estima que o PIB tenha crescido no quarto trimestre, ainda que marginalmente.
Para o conjunto de 2002, Mário Patinha Antão admite que o crescimento não tenha ultrapassado 0,5 por cento, "o que é praticamente estagnação".
Patinha Antão manifesta-se, contudo, "relativamente optimista" para 2003, assinalando que se a retoma da economia internacional, que já se começou a desenhar nos Estados Unidos, não for travada por uma guerra longa no Iraque (mais de seis meses e preços do petróleo acima de 30 dólares por igual ou mais longo período) as exportações portuguesas retomarão um crescimento acima de seis por cento.
Neste contexto, Patinha Antão admite crescimentos económicos marginais nos dois primeiros trimestres de 2003 e a entrada na retoma do segundo semestre, para se concluir o ano com um crescimento económico de cerca de dois por cento.
Um optimismo que parece não ser partilhado por outros economistas contactados.
Augusto Mateus, professor do ISEG, considerou pouco relevante a ideia de recessão técnica, afirmando que Portugal está em estagnação económica, com problemas de crescimento, e essa é a questão relevante.
"Não me espantaria que em 2002 houvesse um crescimento muito próximo de zero, com o quarto trimestre negativo", afirmou o antigo ministro da Economia de António Guterres, observando que os valores das exportações são hoje calculados com algumas limitações, o que, "provavelmente, dará valores inflacionados".
Para Mateus, em termos de procura interna "é claríssimo que estamos em recessão", admitindo que o quarto trimestre de 2002 se alinhe com os dados existentes do terceiro.
A procura externa líquida, que deverá ter um comportamento melhor do que no terceiro trimestre, pode impedir a queda no quarto trimestre, mas o crescimento será próximo de zero, sustentou.
Relativamente a 2003, o professor do ISEG afirmou que não há grande capacidade interna de estímulo ao crescimento e como o país tem perdido competitividade externa, deverá haver estagnação económica.
Afirmou que mesmo que haja uma recuperação internacional, Portugal aproveitará menos dela pela perda estrutural de competitividade.
Defendeu que não estão a ser adoptadas as políticas económicas e estruturais suficientes para estimular a competitividade e relançar o crescimento, o que tem de ser feito através de "políticas ousadas de alteração do modelo competitivo".
Augusto Mateus considerou que numa situação de estagnação não há solução para o problema das finanças públicas.
João César das Neves, professor da Universidade Católica, disse que o "salto brutal do desemprego" no quarto trimestre, num nível que não se verificava desde 1985, indica recessão, salientando que não se sabe qual é a dimensão dessa recessão "mas certamente não será pequena".
Adiantou que a procura interna se está a comportar de forma muito desfavorável e a necessidade de corrigir desequilíbrios financeiros está a bater à porta de todos, não só do Estado como também das famílias e empresas.
João César das Neves afirmou que as perspectivas para 2003 não são brilhantes, ainda há muitas indefinições na situação internacional e não deverá haver crescimento em Portugal, o mais provável é que haja um aprofundamento da contracção.
"Mas se calhar é preciso contar com choques externos que podem vir aí, e, se calhar, alguns internos, porque o governo pode criar algumas surpresas, uma vez que está sem folga do ponto de vista orçamental", concluiu aquele professor da Universidade Católica.
O economista Octávio Teixeira manifestou também reservas ao conceito de recessão técnica, mas considerou que é quase certo que tenha havido uma evolução homóloga negativa no quarto trimestre.
O antigo líder parlamentar comunista sublinhou que "as perspectivas para 2003 não são risonhas, muito menos brilhantes", e na melhor das hipóteses será um ano de estagnação económica, mas mais provavelmente haverá alguma quebra do produto.
Octávio Teixeira acrescentou que do lado da procura interna vai continuar a contracção e do lado da procura externa não se perspectiva uma melhoria para o ano em curso, tendo em conta esta "psicose de guerra".
João Salgueiro, economista e antigo Ministro das Finanças, afirmou que tudo indica que terá havido uma nova contracção do PIB no quarto trimestre, referindo que "era difícil que não fosse assim, porque não se tomaram medidas, nem a nível nacional nem internacional".
O presidente da Associação Portuguesa de Bancos e presidente da SEDES recordou que "a economia alemã está pior do que se esperava, o Japão não arranca e mantém-se a dúvida sobre se vai haver ou não guerra".
"O que seria de espantar era que os empresários estivessem animados", observou, sublinhando que a sensibilidade dos meios com que contacta parecem confirmar os indicadores.
Relativamente ao ano em curso, João Salgueiro comentou que "há muito que se sabe que 2003 será um ano de restrições e de conjuntura mais baixa que o de 2002".(18.02.03/Fonte : PortugalNews)Cientistas portugueses descobriram mecanismo do sistema imunitário para controlar inflamações.
(17.02.03/Fonte : Diário de Notícias)
Caso de Sucesso:
Revigrés pretende duplicar exportações(14.02.03/Fonte : Diário de Notícias)
Indústria sinaliza inversão da tendência de contracção
O índice de novas encomendas na indústria aumentou 3,4% no último trimestre de 2002, em termos homólogos, revelou o INE
A produção industrial portuguesa dá mostras de poder inverter nos próximos meses a tendência de contracção observada ao longo do exercício de 2002: o índice de novas encomendas na indústria, que mostra a evolução da procura como indicação da produção futura, aumentou 3,4% em termos homólogos no quarto trimestre de 2002, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com os números do organismo de estatística, elaborados com informação recebida até ao passado dia 6 de Fevereiro, a evolução do índice de encomendas apresentou uma melhoria de 0,9 pontos percentuais relativamente ao valor apurado em Novembro, também em termos homólogos.
A variação homóloga do índice de novas encomendas à indústria – que compara a média móvel dos três últimos meses em termos homólogos e que, por isso, é resistente a eventuais variações sazonais – revelou que a principal contribuição para o acréscimo de 3,4% verificou-se nos Bens de Consumo Total, que apresentaram uma variação de 23%, sendo os Bens de Consumo Duradouro (mais 110,3%) os que mais influenciaram esta tendência
Em termos de análise entre as novas encomendas para os mercados nacional e internacional, o instituto de estatística revela que os pedidos para o mercado nacional cresceram 5,2%, uma evolução mais favorável do que a verificada na componente para os mercados externos, mas, ainda assim, ligeiramente abaixo do valor apurado em Novembro. Para os mercados externos, observou-se um ligeiro acréscimo de 0,8% no quarto trimestre de 2002.quando no mês anterior se tinha verificado uma contracção de 1,3%.
As novas encomendas na indústria para o mercado nacional, que cresceram 5,2% no último trimestre do ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, foram particularmente influenciadas pelos Bens de Consumo, que observaram um aumento de 46,5%.
Já para os mercados externos, a principal contribuição resultou do aumento das encomendas nos Bens de Investimento (12,4%).(13.02.03/Fonte : Diário Económico)Empresários portugueses vão a Marrocos procurar oportunidades de negócios
Uma delegação de empresários portugueses desloca-se na próxima semana a Marrocos para uma missão de quatro dias destinada à prospecção de oportunidades de investimento ou parceria naquele país, soube a Lusa junto de fonte do ICEP em Rabat.
A missão, que integra cerca de uma quinzena de empresas multi-sectoriais, a maioria das quais ligada ao turismo, está a ser organizada pela Confederação dos Empresários do Algarve e estará em Marrocos entre 19 e 22 de Fevereiro.
A deslocação ocorre poucos dias após a visita oficial do ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, a Marrocos, onde nos encontros que manteve com os altos dignitários do país, entre os quais o Rei Mohammed VI, insistiu na promoção das relações económicas entre os dois países.
Portugal é o terceiro investidor em Marrocos, depois da França e da Espanha. Entre as empresas portuguesas já instaladas em Marrocos, destaque para a Cimpor e a Portugal Telecom.(12.02.03/Fonte : PortugalNews)Desemprego em alta:
330 mil sem trabalho(1102.03/Fonte : Diário de Notícias)
Guerra contra o Iraque continua a dividir a Europa
Vetos de Bélgica e França precipitam reunião da NATOA França e a Bélgica vetaram hoje o início dos preparativos bélicos defendidos por alguns países da NATO para proteger a Turquia no decorrer de um possível ataque ao Iraque. O caso precipitou uma reunião de urgência, marcada para o início da manhã de hoje.
Apesar da intensa pressão que Washington exerceu no campo diplomático, a França e a Bélgica apresentaram hoje as suas objecções formais ao secretário-geral da NATO, George Robertson, em Bruxelas, uma posição que a Alemanha também deverá apoiar. Paris, Bruxelas e Berlim têm afirmado que o envolvimento da Aliança Atlântica num eventual conflito é prematuro.
Ontem, o chefe da diplomacia belga, Louis Michel, confirmou que o seu país exercerá o seu direito de veto.
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, já veio a público afirmar que esta atitude é "indesculpável", deixando antever uma crise no seio dos 19 membros da Aliança. Por causa da regra do consenso que prevalece no seio da NATO, o veto de um único país é suficiente para bloquear qualquer decisão da Aliança Atlântica.
"É quase certo que o silêncio vai ser rompido", afirmou ontem à AFP um responsável da NATO, referindo-se a uma atitude de "silêncio" por parte de Robertson para forçar uma aceitação dos pedidos norte-americanos. Romper o silêncio significa que um membro marca formalmente a sua oposição ao secretário-geral. Caso contrário, as decisões são automaticamente aceites.
O pomo da discórdia está relacionado com a pergunta: deve ou não a NATO envolver-se no esforço de guerra pedido por Washington? Paris, Berlim e Bruxelas defendem que a Aliança não se deve comprometer com uma "lógica de guerra".
Os Estados Unidos apresentaram à NATO, em meados de Janeiro, uma primeira lista com pedidos de apoio em caso de guerra com o Iraque. Esta lista terá sido depois mudada e passou a exigir essencialmente a protecção da Turquia, vizinha do Iraque. Os EUA pedem o envio de baterias de mísseis anti-mísseis Patriot, aviões-radar Awacs e um reforço da protecção contra armas nucleares, bacteorológicas e químicas, segundo o canal de televisão norte-americano NBC.(10.02.03/Fonte : Público)Dívida das famílias portuguesas disparou
(07.02.03/Fonte : Diário de Notícias)
Resíduos industriais voltam ao Parlamento
(06.02.03/Fonte : Diário de Notícias)
Governo português pretende centro de testes da ESA nos Açores
Portugal pretende acolher, no futuro, um centro de testes da Agência Espacial Europeia (ESA) nos Açores, uma possibilidade que está a ser discutida hoje, em Lisboa, entre representantes governamentais e membros deste organismo europeu.
O desejo de localizar em território nacional um centro da ESA insere-se na visão estratégica traçada pelo executivo para a participação nacional neste organismo, afirmou à Agência Lusa Graça Carvalho, directora-geral do GRICES (Gabinete de Relações Internacionais da Ciência e do Ensino Superior), organismo do Ministério da Ciência e do Ensino Superior (MCES).
"A localização geográfica, latitude e infra-estruturas disponíveis nas Lages podem fazer dos Açores um centro de testes com utilidade para todos os membros da ESA", afirmou Graça Carvalho.
A participação portuguesa na nova geração do programa de lançadores da ESA e a aposta nos programas de cariz científico da Agência são outras duas vertentes que o executivo gostaria de discutir com os representantes da ESA presentes em Lisboa.
Esta reunião antecede um workshop da ESA, que tem como objectivo identificar as áreas de maior potencial da participação nacional neste organismo.
"Está a decorrer um estudo, que a ESA encomendou a duas consultoras (Bertin Technologies e Euroconsult), para ajudar a aumentar o potencial da participação portuguesa na ESA, sobretudo na área industrial", explicou.
A directora-geral do GRICES sublinhou, contudo, que as grandes decisões pertencerão sempre ao governo português, até porque parte dos programas da ESA são de participação obrigatória.
Além do inquérito já enviado a cerca de 50 empresas portuguesas, a ESA planeou este workshop, que decorre num hotel de Lisboa, para proporcionar um contacto directo entre as partes.
Para a tarde está prevista uma sessão aberta ao público em que se abordará a situação da indústria espacial europeia e será apresentada a "task force" formada por elementos portugueses na ESA constituída para ajudar a aumentar o retorno industrial da participação nacional.
Na quinta e sexta-feira, vão decorrer as entrevistas das empresas consultoras às cerca de cinquenta empresas nacionais presentes.
O relatório das consultoras sobre a situação em Portugal deverá ser apresentado ao GRICES num prazo de três meses.
Segundo dados da ESA, os contratos com a Agência Espacial Europeia renderam até à data à indústria portuguesa 4,7 milhões de euros.
De facto, a ESA opera na base do retorno geográfico, isto é, procura investir em cada Estado membro, através de contratos industriais para os programas espaciais, uma verba mais ou menos equivalente à contribuição de cada país.
Portugal é membro de pleno direito da ESA desde 2000, embora os contactos com a Agência Espacial Europeia tivessem começado vários anos antes.
A participação neste clube europeu restrito implica o pagamento de uma quota, que cobre as despesas gerais da Agência e a participação no programa científico da ESA, o único obrigatório.
Depois, cada país escolhe, "à la carte", quais dos programas opcionais quer integrar.
Segundo números disponibilizados pelo antigo Instituto de Cooperação Científica e Tecnológica Internacional (ICCTI), a quota paga por Portugal pela sua participação na ESA ascendeu, em 2002, aos 7,6 milhões de euros (cerca de 1,5 milhões de contos).
Outro aspecto da participação de Portugal na ESA é a oportunidade de promover estágios técnicos para jovens licenciados nos vários departamentos da Agência, quer através de bolsas geridas pela Agência de Inovação, quer pelos esquemas próprios da ESA ("Young Trainees Awards" e "Post Doc Training").
Nestes programas já participaram mais de uma dezena de jovens engenheiros nacionais.
Em 2001, o orçamento da ESA foi de 2.856,8 milhões de euros, cerca de 572 milhões de contos.
Apesar de parecer um número astronómico, a ESA nota que o investimento anual per capita de cada cidadão europeu no espaço é muito pequeno e equivale, em média, ao preço de um bilhete de cinema, um valor quatro vezes inferior ao que um norte-americano paga em impostos para a investigação espacial com fins civis.(05.02.03/Fonte : PortugalNews)Empresas falham aposta na inovação
(05.02.03/Fonte : Diário de Notícias)
Desemprego cresce mais em Portugal
(04.02.03/Fonte : Diário de Notícias)
Carta dos oito "foi um acto de seguidismo que veio enfraquecer as posições europeias"
O eurodeputado e ex-Presidente da República Mário Soares diz que a carta dos oito líderes europeus em apoio das posições norte-americanas na crise do Iraque "foi um acto de seguidismo, que não veio acrescentar nada de novo mas provocar uma grande confusão na Europa e enfraquecer as posições europeias."
Da política interna não fala, ou quase. Nem de cenários para as futuras presidenciais. Nem dos méritos ou deméritos do actual Presidente ou do primeiro-ministro. Reserva todas as suas forças para defender uma solução para o Iraque que respeite o direito internacional (foi o principal subscritor do manifesto "Pela Paz Contra a Guerra"). Foi sobretudo disso que Mário Soares falou, de forma eloquente, nesta entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença, ontem emitida no programa Diga Lá Excelência.
P. - A semana ficou marcada pela carta assinada por alguns líderes europeus, entre os quais o primeiro-ministro português. Se fosse primeiro-ministro agora, como já foi, assinaria essa carta?
R. - É sempre muito desagradável para alguém que exerceu um cargo pôr-se no lugar de outros que estão no exercício. O dr. Durão Barroso não é meu sucessor imediato, mas é o primeiro-ministro de Portugal. Agora posso dizer isto: há quinze primeiros-ministros da União Europeia e dez candidatos. Dos quinze, houve cinco que assinaram a carta. Foi um acto de seguidismo, que não veio acrescentar nada de novo mas provocar uma grande confusão na Europa e enfraquecer as posições europeias, sobretudo quando estavam a ser atacadas pelo senhor Rumsfeld, que veio dizer que a "velha Europa" não conta, o que conta é a "nova Europa", dominada pelos Estados Unidos.
P. - Que prejuízos podem advir daí para o futuro da União Europeia?
R. - Acredito que não venha a haver muitos. Mas estou de acordo com uma articulista que escreveu no PÚBLICO [Teresa de Sousa, 31/1/2003] que isto foi um golpe absolutamente desagradável para a UE. Isto num momento em que se reconstitui o eixo franco-alemão, que tem sido o motor da Europa - e isso deve ser saudado, não obstante algumas ideias que não me agradam muito - e quando há um élan europeu e uma opinião pública que é maciçamente contra a guerra, mesmo nos países que assinaram a carta, caso do Reino Unido. Bem, o senhor Blair está aflito! Tem feito coisas que eu sempre critiquei, apesar de ele ser socialista. Não concordei com a Terceira Via, achei que não tinha pés nem cabeça; ou com o jogo ambíguo de ora pôr um pé nos Estados Unidos ora na Europa; ou quando ele fazia coisas sem consultar nunca os seus parceiros europeus; da mesma maneira que não me pareceu bem que, agora, ele e os promotores da carta, não tivessem informado os parceiros, que souberam, como eu, pelos jornais! Isto não se faz!
P. - O que acha que leva a Europa a surgir assim tão fragmentada?
R. - Não acho que esteja fragmentada. Há até um cimento de unidade considerável. Eu por exemplo fiquei satisfeito com a maneira como correu o debate no Parlamento Europeu sobre o Iraque. Não houve ninguém que dissesse que era a favor do Saddam Hussein: é um ditador, odioso, um assassino que matou milhares de pessoas na altura em que era aliado dos EUA. Mas o pretexto do ditador e da ditadura para subverter o direito internacional isso é que estou em completa oposição. E isto não é ser antiamericano, coisa que eu nunca fui...
P. - Pelo contrário, foi considerado até "o amigo dos americanos"...
R. - Isso, o amigo dos americanos! Não me esqueço que em 1975 houve uma festa que a embaixada americana dá sempre, a da independência dos Estados Unidos, no governo recomendava-se para não ir a essa festa e quando o general Vasco Gonçalves me disse "escusa de ir", respondi-lhe "vou com certeza, porque tenho a maior vontade." E só houve sete ou oito pessoas que foram! Agora não, agora há montes de americanos... Mas naquele momento, em que se pensava que o país ia cair sob o domínio da União Soviética, não havia assim tantos heróis para serem pró-americanos.
P. - Mas com as mudanças que entretanto se deram...
R. - Hoje continuo a ser pró-americano, amigo da América, amigo do pluralismo dos EUA, mas não sou amigo da administração Bush. Porque esta tem a ver com o mccarthysmo, o ku-klux-klan, as religiões sombrias, essa coisa fanática de pensar que o mundo vai acabar e começar a rezar antes dos conselhos de ministros e coisas desse estilo, que é o contrário do laicismo, de todo o progresso. Disso não sou amigo, sou adversário.
P. - Mas também já não era amigo da administração Clinton. Embora tenha começado com algumas boas expectativas, veio a desiludir-se.
R. - Por outras razões. Tive boas expectativas, sim. Mas quando o Blair convidou o Clinton para uma reunião da Internacional Socialista, pus os cabelos em pé. O Clinton pode ser um homem simpático, progressista - fez uma política relativamente aberta. Mas o que me irritou no Clinton foi a falta de carácter e de personalidade...
P. - Acha que o actual presidente dos EUA também tem falta de carácter?
R. - Não o vou acusar de uma coisa dessas, não o conheço. Conheço o pai, pessoalmente, e até o estimo, é uma pessoa com outra estrutura. Quanto a ele, nunca o vi, não sei quem é, mas as coisas que diz e a política que tem defendido, em ziguezague, parece-me estranha. Para utilizar uma palavra do Clinton: errática. E, já agora, perigosa para uma nação como os Estados Unidos. Porque eles têm muita força militar, mas não há nenhum império que possa dominar o mundo, isso é uma ideia absolutamente louca! Ainda agora 41 prémios Nobel, todos americanos, assinaram um manifesto a dizer "atenção, não vamos para uma guerra porque isso é um desastre para o mundo".
P. - De qualquer forma, George W. Bush voltou a dizer que tinha provas contra o Iraque. Admite alterar a sua posição face a essas provas?
R. - Se o Conselho de Segurança das Nações Unidas se pronunciar activamente e recomendar a guerra contra o Iraque, eu posso continuar a dizer que a guerra é um mal; mas há uma coisa que não posso dizer: é que se foi contra o direito internacional. Porque então haverá uma legitimidade. Que é o que não há neste momento. E não basta dizer que há provas. Quantas vezes é que o presidente Bush e os senhores Colin Powell ou Rumsfeld disseram que tinham montes de provas? Mas se há meses que as têm, porque é que não as apresentam?
P. - O que é que acha que pode evitar uma guerra neste momento?
R. - A consciência das pessoas. Não vejo outra maneira. Eu tenho-me lembrado muito de um livro extraordinário que li na minha juventude, do Roger Martin du Gard [1881-1958], "Os Thibault", que traça um retrato do que foi o pacifismo e a luta frustrada dos pacifistas até à guerra de 1914-18. Quando todos eram a favor da paz e finalmente começa a máquina em funcionamento e todos caminham para a guerra, uma hecatombe que matou milhões de pessoas. Toda a gente pensava que a guerra durava uns meses. Durou quatro anos e morreu muita gente.
P. - Considera-se um pacifista?
R. - Não me considero um pacifista no sentido de querer a paz a todo o preço. Não era pacifista na guerra de 1939-45, era absolutamente a favor dos aliados. Se tivesse havido ocupação de Portugal, como esteve quase para haver, teria sido da resistência com certeza. Agora pacifista no sentido de evitar as guerras inúteis acho que sim. Porque é que eu era anticolonialista? Porque achava que a guerra não tinha sentido e que Portugal devia tê-la evitado desde o início, através de negociações.
P. - Quando se deu a guerra do Golfo era Presidente da República. Acha que agora há diferenças substanciais?
R. - A guerra do Golfo surgiu através de um ataque ilícito a um país soberano. É evidente que se o Iraque tivesse voltado a fazer uma coisa desse estilo, eu acharia bem que as Nações Unidas dissessem "alto lá!" Mas o que está em jogo é a nova estratégia para o mundo, que se chama a guerra preventiva para defender aos interesses vitais dos Estados Unidos. Esse é que é o ponto. É legítimo que um país diga que pode fazer uma guerra preventiva sempre que os seus interesses vitais estejam em jogo? Mas isso foi o que fez o Hitler! Evidentemente que a comparação não tem sentido, não há nenhuma paralelo entre o Hitler e o senhor Bush...
P. - Nesse aspecto não está de acordo com o professor Freitas do Amaral.
R. - Estou de acordo, acho que o livro dele é bom e tenho-o defendido sempre. O professor Freitas do Amaral fez esse paralelo porque neste aspecto é legítimo. Como é que justificou o Hitler a entrada na Checoslováquia? Eu lembro-me! E a invasão da França e da Polónia? Foi para defender interesses vitais da Alemanha!
P. - Não está a esquecer um dado novo chamado 11 de Setembro? Não será que ele pode justificar esse conceito de guerra preventiva?
R. - Não. Até porque não se sabe ainda quem fez o 11 de Setembro. Sabe-se que vagamente há uma organização internacional chamada Al-Qaeda, do fanatismo islâmico. Fazer uma guerra contra o terrorismo é preciso saber o quê. Ainda não compreendi muito bem o que se ganhou com a guerra do Afeganistão, porque a instabilidade continua e os principais objectivos, apanhar o Bin Laden e o "mullah" Omar, não foram atingidos. O que eu acho extraordinário é como os Estados Unidos, que realmente suscitaram a solidariedade do mundo inteiro no dia 11 de Setembro, o apoio e a repulsa de toda a gente contra aquele repugnante atentado, alienaram depois esse capital extraordinário de prestígio, de maneira grosseira, e hoje têm o mundo todo, ou quase, contra eles.(03.02.03/Fonte : Público)