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05/01

Alimentação a custo europeu

Consumidor português paga mais que o espanhol pelo mesmo cabaz de compras de mercearia e está perto da média da UE

O preço da alimentação, em Portugal, é 22 % superior ao da Espanha e está próximo de países onde os salários têm valores bem mais altos, como Reino Unido e Alemanha. Um pacote alimentar normalizado custa 88 % da média europeia, enquanto o salário mínimo pouco ultrapassa um terço do de França. Embora o custo do trabalho nacional seja três vezes inferior à média da UE, um cabaz de mercearias com custo de 4400 escudos (22,19 euros) fica mais barato em apenas 200 escudos, face ao que custará na Alemanha.

Esta é a conclusão que se retira da comparação europeia de um conjunto de alimentos que inclui diversas frutas, leite e carne, entre outros produtos. O estudo foi feito pela Comissão Europeia e visa mostrar que não existe ainda mercado único, com preços iguais em todos os países. As diferenças entre os Estados-membros, constatou o trabalho, são três vezes maiores do que as diferenças internas, entre as regiões do mesmo país.

O estudo da Comissão, no que respeita ao pacote alimentar, não incluiu Portugal. O DN calculou o custo deste saco de compras e chegou à conclusão de que o preço nacional é superior ao espanhol em 4 euros. O consumidor português só ganha um euro em relação ao custo que o cabaz atinge no Reino Unido, Irlanda e Alemanha. O comprador nacional fica a três euros da média europeia, o que representa um desvio de apenas 12 %. Todos os preços incluem IVA.

A comparação do DN não seguiu todos os métodos que a Comissão usou para os seus dados, pelo que terá limitações. Houve ligeiras diferenças nos produtos: por exemplo, usámos 250 gramas de queijo Flamengo, em vez de Gouda; o caso do iogurte pode incluir erros, porque se refere a uma marca nacional; e, finalmente, foi difícil encontrar o preço de 250 gramas de truta, pois é hábito comprar-se o peixe por inteiro.

Esta comparação inclui também margem de erro devido a hábitos de consumo diferentes: salmão não é um peixe tradicional na culinária portuguesa, pelo que tenderá a ser mais raro e caro. Foram usados os preços de um único supermercado, mas o objectivo não era científico, apenas de tendência, e cada leitor poderá pegar na lista de compras e fazer os seus próprios cálculos.

Numa outra comparação, a Comissão calculou um cabaz de produtos electrónicos de consumo, incluindo um televisor, vários videogravadores, sistemas de áudio, entre outros produtos. Em Portugal, os preços são superiores aos da Áustria e Alemanha, mas estão abaixo dos espanhóis. O país mais caro é a Bélgica. Exemplo: num televisor de grande diâmetro, o preço português equivale a 82 % da média europeia, sendo o mais baixo da UE; Na Dinamarca, o custo do mesmo produto é de 122 % da média.

Para os responsáveis de Bruxelas, a comparação permite concluir que há margem para forte redução dos preços a nível da UE, num cenário de mercado único. O consumidor português deveria obter um desconto de 9 % no cabaz de produtos electrónicos. Seria uma poupança de quase 300 euros. Os espanhóis, no mesmo conjunto de compras, poderiam poupar 20 %.(30.05.01/Fonte : Diário de notícias)

 

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Ensino com nota negativa

Metade dos jovens estudantes portugueses desiste precocemente do ensino sem concluir a escolaridade obrigatória

Metade dos jovens portugueses abandona definitivamente os estudos sem concluir a escolaridade obrigatória, o que coloca Portugal como o País com o mais baixo nível de qualificação em toda a União Europeia (UE).

São 46 por cento os jovens em Portugal (51 por cento de homens e 40 por cento de mulheres) que desistem precocemente de estudar, enquanto em países como a Suécia ou a Finlândia, respectivamente, apenas sete e dez por cento dos estudantes o fazem.

Segundo dados divulgados ontem pela Comissão Europeia, só a Itália (com 27 por cento) e Espanha (29 por cento) se aproximam de Portugal no panorama do abandono escolar da UE.

A Grécia figura acima da média comunitária (21 por cento), conseguindo mesmo ultrapassar, com uma taxa de abandono escolar de 18 por cento, Estados membros como o Reino Unido, a Irlanda ou o Luxemburgo.

Mas Portugal volta ainda a destacar-se pela negativa quanto ao número de jovens que conseguem levar até ao fim os seus estudos secundários. Enquanto em países como a Dinamarca, Suécia, Finlândia e Áustria entre 85 e 89 por cento dos jovens concluem o ensino secundário, em Portugal só 35 por cento o fazem (a média comunitária é de 71 por cento).

A Espanha e a Itália, com 58 e 60 por cento de sucesso escolar no ensino secundário entre os jovens de 25 a 29 anos, são os países que mais se aproximam de Portugal, mas a alguma distância.

O número de portugueses com os estudos secundários incompletos vai-se tornando mais escasso à medida que aumenta o intervalo etário. Dos portugueses, 88 por cento dos que têm entre 50 e 64 anos e 81 por cento entre 40 e 49 anos não conseguiram concluir o ensino secundário.

Estes números reflectem-se, inexoravelmente, na média nacional, ajudando a torná-la na pior da UE: quatro em cada cinco portugueses (79 por cento) entre os 25 e os 64 anos abandonaram a escola antes de terminar os estudos secundários (a média comunitária é de 60 por cento).

Se considerada a distância que separa Portugal dos seus parceiros comunitários ao nível da formação secundária, em termos relativos o desempenho dos portugueses consegue ser bastante mais animador no superior.

Embora Portugal esteja ainda longe de Estados membros como a Finlândia e a Suécia, onde 31 e 29 por cento dos cidadãos possuem um diploma universitário, o País atinge a fasquia dos dez por cento de pessoas que concluíram com sucesso o ensino superior.

Os números portugueses não são, aliás, muito diferentes dos da Itália (10 por cento), Áustria (11), Grécia (17) e Luxemburgo (18).

A Espanha, onde 20 por cento dos habitantes têm estudos universitários, aproximou-se de forma significativa da França (21 por cento), Alemanha (23) e Holanda (23) e consegue quase atingir a média comunitária, 21 por cento.

Os dados coligidos pela Comissão Europeia permitem ainda concluir que é nas grandes cidades, onde se situa a maior parte dos estabelecimentos de ensino superior, que se concentra a grande maioria da mão-de-obra qualificada nos diversos Estados membros e na UE em geral.

Lisboa e Vale do Tejo, onde, por exemplo, 14 por cento da população possui um diploma universitário, consegue superar o resto do País do todas as categorias consideradas.(29.05.01/Fonte : Diário de notícias)

 

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Presidente Sampaio vai percorrer o Canadá de lés-a-lés em 10 dias

Ao longo de 10 dias, o Presidente da República, Jorge Sampaio, irá percorrer em visita oficial seis cidades canadianas, passando pela Terra Nova, descoberta por portugueses há 500 anos.

Acompanhado por uma comitiva composta por empresários, membros do Governo e deputados, Jorge Sampaio partiu ontem de Lisboa para Vancouver, na costa Oeste, seguindo depois em direcção a leste, terminando em St. John's (Terra Nova).

Pelo meio, visitará as comunidades de imigrantes portugueses e privará com governantes locais de Winnipeg, Otava, Toronto e Montreal, numa viagem que lhe permitirá conhecer um maior número de cidades do que a maioria da população canadiana, disse fonte diplomática do Canadá.

Cerca de 17 anos depois da última visita de um chefe de Estado a terras canadianas, protagonizada por Ramalho Eanes, o Presidente da República irá agora atravessar de lés-a-lés o extenso território de dez milhões de quilómetros quadrados.

O embaixador do Canadá em Lisboa, Robert Vanderloo, que já se encontra no Canadá para acompanhar a visita de Jorge Sampaio, em declarações à Agência Lusa, salientou que a passagem do Presidente da República pela Terra Nova vai ser um ponto alto da visita, por ser uma região com a qual os portugueses mantêm laços históricos através da pesca do bacalhau.

Outro ponto de destaque na agenda de Sampaio será a deslocação à cidade de Toronto, onde vive uma comunidade calculada em 200 mil portugueses e descendentes.

A comunidade portuguesa no Canadá totaliza 500 mil pessoas.

O embaixador considerou que através da presença do Presidente da República, bem como das exposições que vão estar patentes durante a visita, os "canadianos vão saber mais da história de Portugal, dos descobrimentos, da pesca do bacalhau e da cultura".

Considerou como "muito importante" para os emigrantes portugueses a visita de Jorge Sampaio ao país, esperando que as relações entre os dois países saiam reforçadas no ano em que estão a ser comemorados pelos dois países a chegada do navegador Corte Real às costas do Canadá.

A propósito das relações entre os dois países, Robert Vanderloo considerou-as como boas, mas adiantou que o Canadá e Portugal ainda poderão fazer muito mais, especialmente nas relações comerciais.

Nesse sentido, adiantou que o Canadá está a fazer um grande esforço para atrair para Portugal empresas canadianas.

Salientou que uma das suas prioridades em Lisboa é a de promover as relações comerciais e culturais de ambos os países.

Relativamente às trocas comerciais, o embaixador canadiano referiu que o Canadá o ano passado vendeu a Portugal 100 milhões de dólares canadianos (14,8 milhões de contos) através de uma empresa multinacional de telecomunicações com fábricas na Alemanha e Bélgica.

Portugal exportou para o Canadá mais de 200 milhões de dólares canadianos (29,6 milhões de contos) em cortiça, roupas, vinho, sapatos entre outros.

Para o embaixador do Canadá em Portugal, os portugueses desde sempre têm dado um grande contributo para o desenvolvimento do país, sendo considerados bons trabalhadores e disciplinados num país de imigrantes.(28.05.01/Fonte : Sol Português)

 

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Faro vai ser a Capital Nacional da Cultura no ano de 2004

O primeiro-ministro e o ministro da Cultura anunciam hoje, no Algarve, que Faro será a Capital Nacional da Cultura em 2004. Depois de Coimbra, em 2002, Faro será a próxima cidade a receber o título, no âmbito de um programa que visa proporcionar "mudanças significativas nas formas como as cidades se afirmam no plano económico, social, tecnológico e cultural".

Além da Biblioteca Municipal, recentemente inaugurada, Faro viu reabrir o Teatro Lethes e aguarda para finais de 2003 a abertura do novo Teatro Municipal. O Museu Municipal vai, entretanto, integrar a Rede Portuguesa de Museus. E, em breve, será aberto um concurso para a Orquestra Regional do Algarve, que poderá ser comparticipada pelo Estado com 115 mil contos por ano, durante cinco anos.

António Guterres e José Sasportes visitam hoje, ao final da tarde, as Ruínas do Milreu, em Faro, classificadas como monumento nacional desde 1910. Edificado no século III e composto por uma casa senhorial, instalações agrícolas, um balneário e um templo, este complexo romano está integrado no programa "Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve". O seu Centro de Acolhimento e Interpretação, inaugurado no passado dia 9 de Abril, envolveu um investimento global de 110 mil contos.(25.05.01/Fonte : Diário de notícias)

 

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A gratificante excepção portuguesa

Num destaque, o relatório da CE exalta a situação de Portugal. Mulheres estão em pé de igualdade

Portugal é uma excepção na paisagem europeia. Uma excepção positiva, curiosamente. De tal maneira, que os autores do relatório da CE decidiram destacar o caso português, dando-lhe espaço próprio. Num país que viveu décadas de atraso na área científica, as mulheres entraram em massa nas universidades e nos centros de investigação.

Refere o documento que, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 30,7 % dos professores catedráticos, 58,9 % dos associados e 57,2 % dos auxiliares são mulheres. Elas ocupam ainda 33 dos 73 (45,2 %) cargos de direcção de investigação dos Instituto de Biologia Celular e Molecular do Porto (IBMC), do Instituto de Patologia Molecular do Porto (IPATIMUP) e do Instituto de Biotecnologia (ITQB).

Como foi possível tamanho avanço, num país onde até 1990 a pesquisa em ciências da vida era praticamente impossível ?, interrogam-se os autores do documento, que não esquecem o papel relevante que a Fundação Gulbenkian, instituição privada, já desempenhava na altura.

Com a contribuição de Maria Carmo Fonseca, da Universidade de Lisboa, o relatório conta um pouco da história portuguesa e o porquê do grande salto na representação feminina. Os cientistas admitidos pelas universidades eram mal pagos, dispunham de poucas infra-estruturas e não recebiam financiamentos oficiais. Paralelamente, durante a década de 60 e início da de 70, todos os homens titulares de um diploma pós-universitário eram obrigados a bater-se nas guerras de África. Estes factores tiveram como consequência "a escolha pelos homens de carreiras mais bem pagas no sector privado" (na engenharia, economia e direito) e "a fuga de cérebros de brilhantes cientistas masculinos." Estava, assim, aberto o caminho para as mulheres.

Para a socióloga Maria das Dores Guerreiro, estes dados "devem ser analisados à luz do mercado feminino em Portugal", onde se regista uma maior taxa de actividade feminina comparativamente a outros países europeus. Por outro lado, são as mulheres quem "mais prolonga a escolaridade" e "com maior aproveitamento." Daí que ganhem mais facilmente a corrida das candidaturas às instituições, na maioria jovens, e por isso mais abertas à profissionalização feminina.(23.05.01/Fonte : Diário de notícias)

 

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Uma "lança" cultural nos EUA

Esta tarde é apresentada uma revista americana toda ela dedicada a estudos literários do mundo da língua portuguesa

"Cuidado com um Deus que é simultaneamente verdade e tempo, avisa-nos Saramago, e abandonemos um tal Deus para partirmos em busca de nós próprios". Com estas palavras, Harold Bloom conclui o seu artigo no número seis da revista Portuguese Literary & Cultural Studies, que esta tarde será apresentada na Fundação Luso-Americana, em Lisboa. Escrevendo "The One with the Beard is God, the Other is the Devil", Harold Bloom junta-se a uma dezena de especialistas que colaboraram neste número dedicado totalmente a José Saramago, estando ainda presente no próprio lançamento.

Por outro lado, Harold Bloom assina o prefácio de uma tradução de A Relíquia de Eça que será lançada no próximo Outono, nos EUA, integrada numa colecção igualmente criada pela mesma revista.

Estas são duas boas razões (mas não as únicas) para determos a nossa atenção nesta revista. Portuguese Literary & Cultural Studies é editada pelo Centro de Estudos Portugueses e e de Cultura da Universidade de Massachusetts Dortmouth - aliás, o único departamento exclusivamente dedicado a este campo de estudos, numa universidade americana -, dirigida por Frank F. Sousa e editada por Victor J. Mendes. A revista teve o seu número inicial em 1998, com o tema "Fronteiras", e logo mostrou a sua preocupação em envolver colaboradores do mundo da língua portuguesa, ou seja, de Portugal, Brasil e África. Seguiu-se, em 1999, um segundo dedicado a Lídia Jorge, que envolveu a deslocação da escritora a Nova Iorque e o lançamento da tradução do seu último romance ("espera-se que mais escritores portugueses beneficiem deste género de iniciativas", comenta Victor Mendes). O terceiro número, no Outono de 1999, sobre Alberto Caeiro; no final de 2000, um número duplo, 4/5, sobre o tema "Brasil 2001" (todo em língua inglesa, com a colaboração de 67 especialistas brasileiros, e que foi lançado na Biblioteca do Congresso, em Washington, juntamente com a realização de um colóquio).

E agora o número seis (um volume de mais de 300 páginas, tal como os outros) todo ele dedicado a José Saramago. Podemos também anunciar que, no próximo Outono, teremos uma edição consagrada à poesia portuguesa desde 1961; na Primavera de 2002, uma outra dedicada à literatura e à cultura de Cabo Verde (coordenada por Ana Mafalda Leite) e, no final desse ano, um número sobre o tema "Camões pós-imperial", em paralelo com um colóquio (11-12 de Outubro) consagrado à mesma temática.

Esta revista americana, "paga pelos contribuintes do Massachusetts", surge na sequência da viragem cultural verificada nos EUA desde os anos 80, conforme nos explicou Victor Mendes. Até aos anos 70, uma língua como a espanhola não tinha qualquer importância académica, não fazia parte do mainstream; a partir dos anos 80, universidades como Yale, Harvard ou Princeton passaram a promover cursos de língua e literatura espanholas, quehoje fazem definitivamente parte do mainstream - e os estudos portugueses apanharam esse "comboio". Sem que, que no entanto, tivessem um efeito de "bola de neve", como acontece com os espanhóis. Existe "uma grave desunião" entre portugueses e brasileiros: por exemplo, "não temos um dicionário comum, que se imponha como referência". E deveria existir "maior concertação" entre os ministérios portugueses para que daí resultasse uma política cultural que desse maior visibilidade às questões portuguesas nos EUA: em dez mil universidades, apenas cem oferecem cursos de português.(22.05.01/Fonte : Diário de notícias)

 

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Economia portuguesa voltou a engasgar

Famílias cortam no consumo e Pina Moura pede novas regras nas negociações salariais

A economia portuguesa abrandou nos primeiros três meses deste ano, de acordo com a síntese de conjuntura ontem divulgada pelo Banco de Portugal. É o quarto trimestre consecutivo de arrefecimento. O consumo das famílias e o investimento em construção e transportes continua em desaceleração e está confirmada "uma moderação do crescimento da procura externa".

Ontem, Pina Moura, apoiado por dados do INE, afirmou que as exportações para fora da zona Euro, aumentaram 16,0 % nos primeiros três meses do ano, "confirmando uma alteração no perfil de crescimento da economia", apesar de o comércio com os países terceiros não representar mais que 20 % do total das exportações.

O ministro vai mais longe e volta a classificar o "arrefecimento da economia" como "necessário", tendo em vista um padrão de crescimento "mais baseado nas exportações". O objectivo é travar o consumo e a inflação.

Referindo-se implicitamente ao consulado do ex-ministro Sousa Franco, Pina Moura voltou a criticar o excessivo "crescimento da procura interna", através da despesa pública, "quando deveria ser o contrário", no momento de pressão do consumo privado.

Com o Banco de Portugal a acusar uma subida de 3,9 % nas remunerações dos trabalhadores, contra os 3,5 % em 2000, o ministro das Finanças considerou como "indispensável" a implementação de "novas regras de negociação salarial", baseado num horizonte mínimo de dois anos. Os últimos dados, já admitidos por Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, colocam a subida dos salários do sector privado muito próximo do patamer dos 5,0 %.

Referindo-se aos ganhos fiscais, através de reduções em sede de IRS, Pina Moura pediu "uma nova visão", tendo em conta regras de ajustamento da evolução da produtividade e evolução dos custos na zona euro.(18.05.01/Fonte : Diário de notícias)

 

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Dyn'Aero quer fabricar aviões ligeiros em Ponte de Sôr

Os franceses da Dyn'Aero Iberia, detida por um dos maiores fabricantes europeus de aviões ligeiros, vão investir dois milhões de contos na instalação de uma unidade em Ponte de Sôr, anunciou o presidente da autarquia local. Em declarações à Lusa, Taveira Pinto precisou que a fábrica vai empregar numa primeira fase 58 trabalhadores e ficará localizada junto da Motoravia, fabricante de ultra-leves, na nova zona industrial daquela cidade alentejana.

O optimismo do presidente da edilidade contrasta com a prudência do ICEP, responsável pela captação de investimento estrangeiro, que em declarações ao DN, apenas disse que estão em "curso negociações com os franceses, sendo ainda prematuro adiantar pormenores". Inicialmente "a empresa pretendeu instalar-se em Espanha ou na Irlanda, mas acabou por escolher Portugal", disse Taveira Pinto. A Dyn'Aero prevê produzir 200 aviões ligeiros por ano, parte da produção destina-se ao mercado norte-americano. A instalação da fábrica em Ponte de Sôr, obrigará, segundo o autarca, à construção de um aeródromo, avaliado em um milhão de contos.(16.05.01/Fonte : Diário de notícias)

 

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Fraca formação terá reflexos no futuro

Empresas serão penalizadas com desperdícios educacionais de hoje. País tem a maior diferença da UE entre ricos e pobres

Portugal gasta muito na educação mas é campeão no desperdício com a formação básica. Possui a electricidade mais cara da União e a diferença entre ricos e pobres é a maior da Europa do euro, um "caldo" próprio de insatisfações populares. Como não bastasse, a produtividade laboral, por hora trabalhada, é a mais baixa da União Europeia.

Os números afirmam que o nível de vida português representava em 1998 cerca de 72 % da média europeia, mas a verdade é que dados da OCDE, trabalhados pela Comissão Europeia, indicam que, em 1998, a produtividade era metade da verificada nos EUA e França. Os espanhóis conseguem obter uma produtividade 30 pontos acima da verificada nas fábricas nacionais.

Alguns dados são curiosos e ajudam a explicar porque o nível de vida português é igual a 72 % do nível de vida médio da UE. Os dados da Comissão Europeia para 1999 indicam que Portugal detém, entre a zona euro, uma das menores cargas fiscais sobre os salários baixos, para além de uma boa taxa de emprego. Mas se o nível de vida da família tipo portuguesa se aproxima da "Eurolândia", tal passa, também, pela ajuda do emprego feminino no pecúlio mensal do agregado familiar. A taxa de emprego feminino é uma das mais altas da zona euro. Estima-se que 60 % das portuguesas entre os 15 e os 64 anos estão empregadas, contra uma média de pouco mais de 50 % na União.

Mas existe garantia de aumentos significativos da produtividade, conquistando lugares em direcção à convergencia real, o salário europeu? Em rigor ninguém tem a resposta, mas um indicador da Comissão "acusa" Portugal de autêntico desperdício de recursos humanos. Em 1999, 45 % dos jovens entre os 18 e os 24 anos dispunham apenas do 3.º ciclo do ensino básico e, grave, "não prosseguiram o sistema de ensino ou de formação". Tarde ou cedo Portugal pagará esta ousadia sob a forma de "vazios" na produtividade, influenciando a competitividade da indústria ou dos serviços prestados. Apenas Espanha e Itália, com 27 % dos jovens da mesma faixa etária, apresenta problema semelhante. Do outro lado - campeões da formação - estão a Suécia e a Dinamarca, com menos de 5 % dos jovens com mais de 18 anos a "recusarem" continuidade na formação. Nestes países, as despesas públicas no ensino equivalem a 8 % do PIB, quando Portugal "estoura" quase 6 % do produto no ensino.

A Comissão Europeia não extrai conclusões entre a formação e a produtividade. Mas já existe um drama. Cerca de 12 % da população portuguesa apresenta sinais de "persistência da pobreza". Trata-se de população que "vive, de forma permanente, abaixo da linha de pobreza" durante, pelo menos, três anos, de acordo com uma definição produzida pela Comissão Europeia.

Portugal bate o recorde nesta matéria. Nem os gregos, aproximando-se dos 10 %, apresentam uma taxa tão alta. Para Bruxelas, está claro que boa parte da população portuguesa jamais conseguirá viver melhores dias: "quanto mais tempo as pessoas permanecem na pobreza, maior a probabilidade da sua permanente exclusão social".(14.05.01/Fonte : Diário de notícias)

 

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Mais cinco portugueses mortos na África do Sul

Violência voltou a aterrorizar a grande comunidade lusa do país. Endurecem as críticas contra o Governo português

As últimas semanas voltaram a ser trágicas para a comunidade portuguesa na África do Sul. A morte do madeirense João Gonçalves Aguiar, que foi ontem baleado quando ia a caminho do trabalho, aumentou para cinco o número de vítimas registadas em apenas três semanas.

Entre lamentos de indignação e revolta, alguns portugueses planeiam outra marcha e lançam críticas ferozes contra a inoperância do Governo português. O padre Carlos Gabriel, responsável pela famosa marcha contra a criminalidade (que reuniu, em Novembro, cerca de 12 mil pessoas em Pretória), disse ao DN que, apesar de toda a polémica, nunca se ouviu uma reacção do Governo ou dos seus representantes diplomáticos: "Nem embaixador, nem cônsul. Nunca fizeram o que quer que seja. Uma medida, um gesto de solidariedade, nada."

De acordo com o responsável pela enorme igreja Nossa Senhora de Fátima, situada nos arredores de Joanesburgo, os diplomatas portugueses "só estão cá para defender os interesses do Governo português que não passam por defender a comunidade do crime". O assassinato de ontem trouxe novas preocupações aos portugueses que, segundo o religioso, estão a ficar cada vez mais exaltados com o terror que se vive constantemente: "As pessoas estão sempre a pensar quando é que vai ser a sua vez."

A vítima de ontem tinha 29 anos, era agricultor e natural da Quinta Grande (Madeira). Foi assassinado a tiro, à beira da estrada, na madrugada de ontem, quando se preparava para conduzir o camião com destino ao mercado em Joanesburgo. Deixou família e a mulher grávida. José Aguiar, irmão da vítima, explicou à TSF/Madeira que Dinis foi agarrado por um homem negro que lhe colocou o cano da pistola na boca e disparou, provocando-lhe morte imediata, roubando-o de seguida.

Para colmatar a falta de colaboração das autoridades oficiais, o padre Gabriel confirmou que está a ser planeada uma nova marcha contra a criminalidade, mas prefere ainda não adiantar os pormenores e a data escolhida para o evento.(11.05.01/Fonte : Diário de notícias)

 

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Estudantes e computadores a 92 %

O ministro da Educação falou do "esforço" português na divulgação das novas tecnologias, no lançamento da "eSchola"

O inquérito promovido em meados de 2000 pelo Observatório das Ciências e das Tecnologias mostrou que 92 por cento dos estudantes utilizam correntemente computadores (para um valor médio, no conjunto dos portugueses, de 39 por cento) e 67 por cento utilizam a Internet (para um valor médio de 22 por cento). Do total de indivíduos que utilizam computador, 62 por cento fazem-no para actividades de estudo e 33 por cento em escolas.

Estas percentagens foram ontem lembradas pelo ministro da Educação, Augusto Santos Silva, no lançamento da iniciativa "eSchola", nas instalações do Departamento de Educação Básica (DEB) do Ministério da Educação, na Avenida de 24 de Julho.

A "eSchola" é uma semana de actividades educativas que utilizam as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC). Trata-se de uma iniciativa lançada pela Presidência Sueca da União Europeia e pela Comissão Europeia (CE), associada à rede "Schoolnet" e ao "Plano eLearning", na qual Portugal assegura uma presença destacada, fazendo parte do grupo coordenador.

Por seu lado, e como acentuou o ministro da Educação, o "Plano eLearning" fixa metas precisas para os Estados-membros da União Europeia, "seja em termos de apetrechamento informático das escolas, seja em termos de formação de professores e de desenvolvimento da literacia digital em todos os alunos."

O ministro da Educação sublinhou ainda que "Portugal tem feito um grande esforço para a disseminação do uso das novas tecnologias na educação" e que a prova está no facto de o Programa Internet na Escola, conduzido pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia, ter estabelecido a ligação à Internet das escolas de segundo e terceiro ciclo e secundárias e concluindo, até ao fim de 2001, a ligação de todas as escolas do primeiro ciclo.

O equipamento com computadores e periféricos, a cargo do ME, "encontra-se, sublinhou Augusto Santos Silva, em curso e em bom ritmo de execução." "As metas são conhecidas", prosseguiu o ministro Santos Silva. Ou seja, "chegar a um rácio de dez alunos por computador, em 2006 e a um rácio de 20, em 2003." A formação de professores também é fundamental. Calcula-se que 52 mil formandos frequentaram acções nas TIC, de 1997 a 2000.(08.05.01/Fonte : Diário de notícias)