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03/00

Procura externa alimenta indústria

O volume de negócios na indústria cresceu 3,7 % em Janeiro, dinamizado pela procura externa. As vendas ao exterior, de acordo com o INE, subiram 9,3 % e para o mercado interno apenas 0,9 %. O volume de negócios das indústrias transformadoras teve um crescimento homólogo de 4,9 %, enquanto as vendas das indústrias extractivas cresceram 9,5 % e as de electricidade, gás e água recuaram 4,9 %.(30.03.00/Fonte : Diário de Notícias)

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Portugal no rumo da economia digital

O comércio electrónico pode valer 70 milhões de contos. Informática, telefones e conteúdos estão em veloz integração

Todos os analistas dizem que a economia digital é enorme e que cresce a ritmo alucinante. No entanto, ninguém se atreve a medir com rigor esta área emergente, que está a integrar negócios aparentemente tão diversos como conteúdos, centrais telefónicas, informática, telemóveis ou distribuição. Dados fiáveis indicam que o número de domínios de topo na Internet triplicou entre 1997 e 1999, passando de cerca de três mil para quase dez mil.

Em Portugal, que está relativamente avançado na caracterização do sector, só no próximo ano haverá estatísticas elaboradas de amostras representativas, quando sair o inquérito sobre orçamentos familiares. As estimativas hoje disponíveis são feitas a partir de inquéritos de método não divulgado ou com amostras de escassas dezenas de empresas ou pessoas. A sua credibilidade é, por isso, duvidosa. Para avaliar a real dimensão do comércio electrónico será necessário inquirir 12 mil a 13 mil pessoas e pelo menos seis mil a dez mil empresas.

Segundo a International Data Corporation (IDC), uma empresa internacional de estudos de mercado, o comércio electrónico português movimentou no ano passado 25 milhões de contos e este ano deverá implicar 70 milhões (ver quadro). Estes valores podem ser conservadores, porque a IDC calcula um número de utilizadores da Internet inferior ao de outros investigadores.

Estatísticas oficiais de 1997 adiantavam que, juntando todas as áreas deste complexo sector, as chamadas TIC - Tecnologias de Informação e Comunicações -, a economia digital portuguesa valia 2,4 mil milhões de contos. A sua taxa de crescimento anual era de 8 %.

Para Maria de Lurdes Rodrigues, do Observatório da Ciência e Tecnologia, organismo que depende do Ministério da Ciência, existe "um enorme fascínio pelas novas tecnologias, mas os números são atirados para o ar impunemente, sem terem por base estudos fiáveis". Segundo esta professora universitária, "está instalada a guerra dos números e a pressão para os conhecer é grande".

Os estudos menos fiáveis são os referentes à penetração das tecnologias nas empresas e famílias, já que na administração pública e ensino a área está razoavelmente contabilizada. Portugal não pode dizer que esteja atrasado em termos de educação, já que todos os liceus do País têm acesso à Internet, em proporção acima de outros países considerados mais desenvolvidos. Em relação ao futuro, Maria de Lurdes Rodrigues considera que "a garantia de uma evolução positiva só pode assentar num acesso tão amplo e democrático quanto possível" às novas tecnologias. Na sua opinião, cabe ao Estado intervir para garantir a sociedade de informação.

Este sector está a criar empregos entre diplomados a um elevado ritmo. Nas empresas TIC, em Portugal, a média de diplomados excede os 10 %, enquanto no emprego total não passa de 3,5 %. Além disso, a taxa de crescimento do emprego diplomado é de 14,8 % por ano nas TIC. Sobre quem irá perder, esta especialista não quer fazer previsões. "Certo é quem vai ganhar: quem tiver acesso o mais cedo possível às novas tecnologias."

A dificuldade de contabilização deste mercado não está apenas na ausência de estudos, mas também na rapidez do seu desenvolvimento. Na opinião de Jorge Coimbra, director da IDC Portugal, é difícil prever quem sairá prejudicado, mas todo o esquema tradicional de comércio vai mudar, pois também o perfil do cliente se altera. "Grossistas ou retalhistas sabem que vão ter desafios pela frente. Mas alguém terá de fazer chegar o produto a casa do cliente", explica Jorge Coimbra. Abrem-se, pois, novas oportunidades para quem tenha uma boa rede de distribuição.

Os números internacionais disponíveis, sobretudo na América, mostram que as novas tecnologias estão a revolucionar a economia. Numa edição recente, o Financial Times citava dados da Forrester Research que apontavam para um volume de 2700 mil milhões de dólares nas transacções de comércio electrónico entre empresas, o chamado business to business ou B2B. A estimativa referia-se a 2004. Outros cálculos, da OCDE, admitem que o e-commerce represente 15 % do retalho nas sete maiores economias.

A verdadeira revolução pode estar ainda para vir. Jorge Coimbra, da IDC, afirma que dentro de três anos pelo menos um terço dos acessos à Internet passará para as consolas de vídeo, telemóveis e televisão. As estimativas apresentadas pela Optimus são bem mais ambiciosas. Este operador de telecomunicações, que lançou na semana passada o primeiro portal exclusivamente móvel em Portugal, espera que até 2003 o número de acessos à Internet através do telemóvel seja idêntico ao dos efectuados através de computador. O responsável pela área da Internet da Optimus, José Gomes, explica que Portugal possui a sexta maior taxa de penetração de telemóvel em todo o mundo, mas uma das mais baixas de uso de Internet. Por isso, "só poderá haver vantagens em fazer convergir as duas áreas".

A economia digital esteve no centro dos debates da Cimeira Europeia Extraordinária sobre emprego que se realizou em Lisboa. A tese da presidência portuguesa era basear o crescimento económico e a competitividade nas novas tecnologias. Este objectivo pode estar a ser potenciado pela integração das diversas formas do negócio, da informática às telecomunicações, passando pelos conteúdos, áreas cada vez mais difíceis de distinguir entre si.

Boas intenções e falta de verbas

A produção de medições oficiais, no sector da inovação e das novas tecnologias, tem sido usada com fins políticos. A Cimeira de Lisboa sobre emprego dependia da demonstração de algumas tendências e os números postos na mesa pela presidência portuguesa foram contestados pelos países mais atrasados na área da Internet, como a França. A economia digital está a ser apresentada, ao nível político, como uma das soluções para a falta de competitividade face aos Estados Unidos. A tese, aceite por todos os membros da UE, esbarra com alguns obstáculos, nomeadamente a falta de investimento. A União gasta metade do seu orçamento com a agricultura. Nos próximos anos, não haverá dinheiro para uma política comum na ciência e tecnologia.(27.03.00/Fonte : Diário de Notícias)

 

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Alentejo e Extremadura põem base de dados na Internet

Os responsáveis pela Comissão de Coordenação da Região do Alentejo (CCRA) e pela região espanhola da Extremadura anunciaram ontem a criação de uma base de dados conjunta que pretende ser difundida através da Internet. O projecto, que se insere num âmbito de cooperação política entre as duas regiões, deverá basear-se em informações estatísticas.

A necessidade de criação da base de dados foi defendida no decorrer de uma reunião entre entidades das duas regiões, realizada ao abrigo do protocolo de cooperação existente entre a Comissão de Coordenação da Região do Alentejo (CCRA) e a Junta da Extremadura.

Em comunicado, a CCRA justifica a intenção de colocar a base dados na Internet com a necessidade de "garantir um acesso mais rápido e eficaz a todos quanto queiram conhecer as relações entre ambas as regiões ao nível estatístico".

Na reunião, em que também participaram representantes da Direcção Regional do Alentejo, do Instituto Nacional de Estatística e da sua congénere da Extremadura, foi ainda abordada a actualização dos dados estatísticos de ambas as regiões e o seu acesso ao exterior.

Neste sentido, os responsáveis portugueses e espanhóis agendaram para meados de 2001 a edição actualizada do livro feito em conjunto Estatísticas da Região Fronteiriça do Alentejo e da Extremadura, que foi iniciado no ano de 1998.(22.03.00/Fonte : Diário de Notícias)

 

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Escritores condecorados

Lídia Jorge e Lobo Antunes cavaleiros das Artes e das Letras em Paris

Os escritores António Lobo Antunes e Lídia Jorge vão ser hoje condecorados em Paris com o grau de Cavaleiro das Artes e das Letras, imposto pela ministra da Cultura francesa, Catherine Trautman. À cerimónia assistirá o ministro da Cultura português, Manuel Maria Carrilho.

Esta distinção é concedida no âmbito do Salão do Livro de Paris 2000, que tem Portugal como país convidado de honra na sua 20.ª edição. A inauguração oficial do certame tem lugar amanhã, pelas 18 horas, na Porte de Versailles, pelos Presidentes da República francês, Jacques Chirac, e português, Jorge Sampaio.

Amanhã, dia da abertura ao público, os primeiros-ministros de Portugal e França, António Guterres e Lionel Jospin, visitarão, por sua vez, as instalações do Salão do Livro parisiense, considerado como o maior acontecimento cultural europeu do seu género.

Nélson de Matos, editor de Lobo Antunes e Lídia Jorge, declarou à Agência Lusa que o interesse dos leitores franceses nos dois escritores portugueses tem aumentado de modo muito significativo, com grande repercussão na comunicação social.

Segundo o editor, os dois escritores receberam a notícia da condecoração com natural alegria, acrescida por vir de um país que tamanha atenção tem dedicado às suas obras.

Uma atenção que tem sido retribuída. A Exortação aos Crocodilos, o mais recente título de Lobo Antunes, foi lida primeiro em francês do que em português, enquanto O Vale da Paixão, de Lídia Jorge, já está vertido para língua gaulesa. Por outro lado, Manual dos Inquisidores, do primeiro, foi considerado o melhor livro estrangeiro publicado em França, em 1997.

Portugal apresenta-se em força neste Salão do livro, que encerra no dia 22: 60 autores que escrevem na nossa língua, um pavilhão, 66 editores, 59 títulos traduzidos e lançados em francês, encontros, debates, leituras, mesas-redondas, recitais, espectáculos, cinema e música.(15.03.00/Fonte : Diário de Notícias)

 

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Mais empresas nacionais em Cabo Verde

Os resultados do Projecto de Internacionalização de Empresas Portuguesas em Cabo Verde, desenvolvido pela Associação Industrial Portuguesa, excederam as expectativas. Envolvendo 29 empresas nacionais de vários ramos de actividade, o projecto, que vai ser prolongado, somou cerca de 70 mil contos de exportações e mais de 450 mil contos de investimento previsto em Cabo Verde. Durante o programa foram estabelecidos mais de 300 encontros bilaterais para promover uma cooperação económica. (13.03.00/Fonte : Diário de Notícias)

 

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EDP e Iberdrola vão investir na Guatemala

A EDP, em parceria com a Iberdrola e os americanos da Teco Energy, vai investir 84,2 milhões de contos (419,2 milhões de euros) na construção de uma central eléctrica na Guatemala.

Trata-se de um projecto decorrente da aquisição, pelo mesmo consórcio, em Julho de 1998, de 80% da Empresa Eléctrica da Guatemala (EEGSA), a principal distribuidora de electricidade do país, por 96 milhões de contos.

A parcela de investimento que caberá à EDP, que detém 21% do consórcio, está ainda por definir, já que estão em curso negociações com um parceiro local, ligado à produção de energia, para participar na nova central, apurou o Diário Económico. Esta unidade deverá entrar em funcionamento depois de 2003.

A EEGSA, que possui 510 mil clientes, tem como principais consumidores os clientes industriais, com 33,6%, seguidoS dos domésticos com 30,1%. O sector comercial absorve 28,2% e o municipal 6%.

Em declarações à imprensa, o director da área internacional do grupo Iberdrola, Miguel Antonanzas, afirmou que a eléctrica espanhola prevê investir 480 milhões de contos na América Latina, nos próximos cinco anos. Este plano tem como objectivo a obtenção de 36 milhões de contos de lucros, já a partir de 2004.

A Iberdrola quer converter-se numa empresa «multi-utilities», líder na América Latina, onde já concentra 42% dos seus clientes.

Mas a sua prioridade vai para o Nordeste do Brasil e México, admitindo uma reordenação da carteira de investimento na região para aumentar a participação nos telefones móveis e, em especial, no Brasil.

Os novos projectos de produção de electricidade para a América Latina totalizam 2.000 MW e 210 milhões de contos.

Também a EDP anunciou, na passada semana, projectos de investimento, no Brasil, o seu principal mercado alvo, de 267,8 milhões de contos para os próximos três anos. As atenções da EDP irão, no entanto, centrar-se na construção de centrais termo-eléctricas. Se os projectos se concretizarem os investimentos da empresa portuguesa no Brasil vão elevar-se a um total de 556 milhões de contos, contabilizando 289 milhões de contos dispendidos pela EDP nas privatizações brasileiras.

Os projectos previstos terão uma potência total de 3,5 mil megawats, o que representa já 26% do consumo das empresas participadas pela EDP: a Bandeirante (S. Paulo), Cerj (Rio de Janeiro), Escelsa (Espírito Santo) que controla a Enersul no Mato Grosso do Sul, e Coelce (Ceará).(9.3.00/Fonte : Diário Económico)

 

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Empresários portugueses redescobrem o Brasil

Nos últimos três anos, o investimento luso alcançou 900 milhões de contos

Quinhentos anos depois do descobrimento do Brasil, os empresários portugueses redescobrem naquele país um potencial quase inesgotável para a expansão dos seus negócios. Longe vão os tempos em que o investimento português no Brasil se resumia praticamente à força de trabalho e vontade de vencer dos nossos emigrantes, e em que ser dono de uma padaria em terras de Cabral era já sinal de sucesso.
Na segunda metade da década de 80 e princípios dos anos 90, o investimento das empresas portuguesas no Brasil era ainda incipiente e pontual, sendo de assinalar o novo interesse que Portugal, após a adesão à UE, despertava então nos brasileiros. O Brasil, que ainda em 1988 ocupava o 27.º lugar na lista dos investidores directos em Portugal, passou nos dois anos seguintes à quinta posição neste ranking, totalizando 30 milhões de contos em 1990, contra apenas um milhão aplicado pelos portugueses naquele país.

Mas as transformações por que passavam as economias dos dois países depressa conduziram a uma inversão dessas posições, tornando-se o Brasil num dos principais destinos do investimento directo português no estrangeiro. Nos últimos três anos foram aplicados naquele mercado perto de 900 milhões de contos, sendo Portugal já o maior investidor no Brasil em 1998, enquanto no sentido inverso o investimento total efectuado se ficou por 33 milhões.

É fácil perceber porquê. Do lado de cá, Portugal recolhia os frutos da sua adesão à UE e as empresas sentiam necessidade de expandir-se além fronteiras, buscando alternativas à UE para as suas estratégias de internacionalização. Do lado de lá, acenava-lhes um país com mais de 163 milhões de habitantes - o quinto maior do mundo -, e uma economia a trilhar novos rumos, com a abertura ao exterior, a criação do Mercosul, o lançamento do Plano Real, as grandes privatizações, a fazerem do Brasil um mercado promissor e risco aceitável.

Em 1996 dava-se o grande salto, com o Brasil a tornar-se no principal destino dos investimentos directos portugueses no exterior: 48 milhões de contos, o dobro de tudo o que tinha sido investido até aí naquele país. A partir daí os números não mais pararam de galopar - 87, 271 e 540 milhões de contos, respectivamente em 1997, 1998 e 1999 - e de expandir a presença portuguesa a todos os sectores de actividade.

Na banca, a Caixa Geral de Depósitos ficou com 8 % do Itaú, controla o Banco Financial Português e comprou o Banco Bandeirantes. O Grupo Espírito Santo, que já era dono de grandes fazendas de café e fundara em 1975 o Inter Atlântico com o grupo Monteiro Aranha e a Caisse de Crédit Agrícole, comprou em 1997 também o Banco Boavista.

No sector energético, a EDP entrou no capital da CERJ - Companhia de Energia do Rio de Janeiro, privatizada em 1997, e na Bandeirante de Energia, além de ser parceira da companhia de petróleo Petrobrás. O IPE - Águas de Portugal ganhou concessões para o abastecimento de água, com o grupo Monteiro Aranha. Nas telecomunicações, a Portugal Telecom entrou no capital da CRT - Companhia Riograndense do Sul, comprou a Mobitel e ganhou as privatizações da Telesp Celular e da Telesp Fixa, esta com a Telefonica espanhola.

Na distribuição alimentar, a Sonae e a Jerónimo Martins deram novo impulso às suas redes brasileiras de super e hipermercados. A Sonae Imobiliária está também a construir em Campinas o maior centro comercial do país e, através da Tafisa, está presente no sector das madeiras.

A Cimpor já comprou duas cimenteiras, o Grupo Cintra optou pelo sector das cervejas, refrigerantes e águas, a Cordex - Companhia Industrial Têxtil pretende construir três fábricas na Baía, o que a concretizar-se será o maior investimento português naquele estado. O Grupo Pestana comprou o hotel Rio Atlantic, juntamente com o IPE e o Fundo de Turismo, e possui terrenos e intenções de investimento no Nordeste. O grupo Nélson Quintas & Filhos investiu pesadamente na Cabelte e Cabelauto, em Minas Gerais, e a Vista Alegre comprou uma fábrica de porcelanas em Porto Alegre. Moldes (Durit), embalagens (Logoplaste) e componentes para auto (Tavol) são alguns dos exemplos a provar que os portugueses desembarcaram de novo no Brasil. E para ficar. (07.03.00/Fonte : Diário de Notícias)

 

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Lisnave espanhola

José Manuel de Mello está a negociar a venda da sua posição no capital da Lisnave. O potencial comprador é a Bazán, a empresa que explora os estaleiros navais militares espanhóis. O empresário português teve uma reunião com o presidente da Empresa Nacional Bazán de Construcciones Navales Militares, SA, Enrique Casanova, no dia 21 de Fevereiro, em Lisboa. Terá ficado acordado entre os dois, segundo fontes do grupo Mello, que o empresário português tratará de promover o processo junto do Governo e que a parte espanhola tratará de elaborar os termos concretos de uma proposta.

O encontro entre os responáveis da Lisnave e da Bazán foi já o resultado de encontros prévios dos responsáveis espanhóis com as autoridades portuguesas. O primeiro contacto, segundo fontes governamentais, aconteceu no final do mês de Janeiro, durante um encontro de responsáveis dos estaleiros de El Ferrol com Fernando de Castro, chefe de gabinete do ministro Pina Moura. Junto com os espanhóis estavam também os seus parceiros franceses da DCNInternational, junto com os quais concorrem para a venda de três submarinos para a Marinha portuguesa. A iniciativa integra-se assim na lógica divulgada há poucas semanas e segundo a qual se prepara a saída definitiva do Grupo Mello da Lisnave, através da alienação da sua posição a um comprador quer poderá ser escolhido no âmbito do programa de contrapartidas que o fornecedor da Armada tem de garantir.

O encontro no Ministério da Economia e Finanças terá deixado claro que o Governo coloca os estaleiros da Lisnave como um problema central do processo negocial que irá conduzir à adjudicação do contrato dos submarinos. Fernando de Castro terá explicado que quem resolver este problema terá maiores probabilidades de conseguir o contrato para a venda de submarinos a Portugal, cujo valor ronda os 150 milhões de contos. A iniciativa da compra da posição do Grupo Mello terá sido bem recebida na Economia. Os membros deste gabinete do governo de António Guterres não escondem a sua convicção de que José Manuel de Mello não tem capacidade de gestão para resolver o problema dos estaleiros.

Entre as questões que estão em aberto figuram o problema do destino dos terrenos da Lisnave, que são detidos a 100 por cento pela Lisnave e a questão do investimento na doca “hydrolift”.

Saída desejada

A saída de José Manuel de Mello da Lisnave já está anunciada há meses. Em Dezembro do ano passado, o empresário informou pessoalmente o ministro da Economia e Finanças de que o estaleiro não é viável e que para o futuro da empresa se colocam dois cenários: ou empresa encerra, ou o Estado assume a posição do Grupo Mello na Lisnave-Estaleiros Navais de Lisboa, SA.

Em causa, para o Governo, além dos interesses económicos associados à Lisnave, estão cerca de 3000 trabalhadores que trabalham nos estaleiros, directamente contratados pela Lisnave-Estaleiros Navais ou contratados através da Gestnave. Para José Manuel de Mello, estão em causa os 731,7 por cento de perda nos resultados do primeiro semestre deste ano da Lisnave. Apesar, de uma melhoria prevista no segundo semestre, os resultados de 1999 deverão manter-se negativos.

Numa reunião, que decorreu no mês de Novembro, Joaquim Pina Moura disse a José Manuel de Mello que sugerisse um preço para a sua posição. O valor adiantado por este empresário não foi aceite pelo ministro. Pina Moura, segundo um gestor contactado na altura pelo Euronotícias, não terá aceite um cenário no qual o Grupo Mello realizava um encaixe, conseguia libertar-se de uma empresa que pesa sobre os seus resultados de grupo, transferia eventualmente actividade para outros estaleiros – como os da Setenave -, e obtia a valorização bolsista dos seus títulos, decorrente da saída da Lisnave. Uma fonte próxima do Grupo Mello confirmou a reunião entre José Manuel de Mello e Pina Moura e os seus termos gerais, mas escusou-se a prestar informações sobre os termos exactos da proposta.

O Governo detém cinco por cento do capital da Lisnave-Estaleiros Navais, SA e, anunciou, no princípio deste mês, a injecção de mais 40 milhões de contos (200 milhões de euros) para reestruturação do grupo, para além dos montantes previstos no acordo que criou a Gestnave. Os 40 milhões de contos servirão, conforme esclareceu o Governo, para cumprir compromissos antigos que a Lisnave tinha em matéria de reformas antecipadas e pré-reformas.

Reflexão do grupo

A injecção decidida no início do mês vinha já ao encontro das solicitações do maior accionista privado da Lisnave, o Grupo Mello. Num documento produzido para o primeiro fórum do Grupo Mello, que decorreu em Fevereiro do ano passado, a estrutura etária dos trabalhadores, a rigidez contractual, a baixa produtividade, as horas extraordinárias e as remunerações fixas eram descritas como as principais fraquezas da Lisnave. Mas os 40 milhões de contos não respondiam às “ameaças” que, de acordo com o mesmo documento, pesavam sobre a empresa. Além das questões de natureza cambial, os quadros do Grupo Mello identificavam como “ameaças” o adiamento de reparações pelos armadores ditados por constrangimentos económicos, o cancelamento de duas conversões de navios contratadas pela R&B Falcon, a inexistência de encomendas firmes e a sazonalidade da actividade. Terá sido a confirmação destas ameaças que levou José Manuel de Mello a considerar encerrar a Lisnave ou propô-la ao governo.

A terceira via que na altura se desenhava para a Lisnave era a cessão da posição do Grupo Mello na Lisnave aos alemães da Thyssen, juntos com os quais controlam 67 por cento da Lisnave. Mas a tomada de controlo dos estaleiros pelos sócios alemães de José Manuel de Mello poderá provocar uma reacção negativa dos sindicatos representativos dos trabalhadores da Lisnave, como explicou ao Euronotícias um fonte sindical. Tanto mais que um responsável da empresa terá anunciado, através do semanário “O Independente” a intenção de realizar esta venda à Thyssen Nordseewerke “a um preço simbólico”.(7.3.00/Fonte : Euronotícias)

 

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Franceses e espanhóis interessados no tráfego ferroviário de mercadorias

Grupos espanhóis e franceses manifestaram já interesse em entrar no mercado português de transporte ferroviário de mercadorias, cuja abertura à concorrência foi aprovada no final do ano passado pelos ministros do Transportes da União Europeia com a abstenção de Portugal, disse ao Diário Económico fonte do Ministério do Equipamento Social.

As manifestações de interesse já terão chegado ao Instituto Nacional do Transporte Ferroviário. Mas fonte oficial da entidade reguladoria disse que não foi ainda recebida nenhuma proposta formal. No entanto, o instituto conhece o interesse dos operadores, designadamente espanhóis, e está atento a iniciativas que venham deste país.

Este tráfego movimentou em 1998 13,4 milhões de contos e cresceu 8,5% em valor até junho de 1999.

A necessidade de transpôr para a lei portuguesa o princípio de liberalização do frete ferroviário, aliada ao interesse declarado de operadores veio pressionar a revisão do contrato de concessão da CP. Este documento, que visa substituir o decreto que dava à empresa pública o monopólio da actividade e que é anterior à divisão do serviço e da rede, é agora a prioridade do Ministério do Equipamento na reestruturação do sector. Para além do contrato de concessão que vai definir as atribuições desta área de negócio da CP, é ainda necessário regular o acesso à actividade do mercado nacional e criar mecanismos de caracterização das infraestruturas e monitorização da qualidade. Só depois, deverá avançar a reestruturação da própria empresa já prevista há mais de um ano. Em causa está, designadamente, a transformação da CP - Caminhos de Ferro de Portugal em CP - Comboios de Portugal SGPS e a transformação das unidades de negócio em sociedades anónimas. Uma alteração vista como fundamental para flexibilizar a gestão e facilitar a obtenção de financiamentos externos.

A CP apresentou um plano estratégico até 2006 que prevê um orçamento muito restritivo, sobretudo ao nível de concursos para compra de material circulante, com o preço a assumir um peso maior ba selecção, apurou o DE junto de fonte do sector.(2.3.00/Fonte : Diário Económico)

 

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BES compra 3% de banco BMCE de Marrocos

O Banco Espírito Santo vai comprar 3% do capital do BMCE - Banque Marocain do Commerce Extérieur, numa operação que envolve a compra de cerca de 0,8% do Banco Espírito Santo pelo banco marroquino.

De acordo com declarações do presidente do BMCE, a instituição marroquina vai investir 25 milhões de dólares (cerca de cinco milhões de contos) na compra da posição no banco português. Com este negócio, o BMCE pretende expandir as suas actividades fora de Marrocos, referiu Othamn Benelloun, presidente do banco, em declarações à Reuters. O BMCE tem um capital de 1443,2 milhões de dirhams, dos quais 36,1% estão dispersos. Entre os seus accionistas de referência, contam-se os bancos estrangeiros Commerzbank com 10% e o Nomura.

De acordo com o responsável, o negócio de cruzamento de participações entre os dois bancos deverá ser aprovada no próximo dia 23, em reunião de administração do BMCE.

O BMCE, que é parceiro da Portugal Telecom e da Telefónica na Medi Telecom, o consórcio que ganhou uma licença para operar telefones móveis em Marrocos, terá lucrado em 1999 cerca de 19 milhões de contos, segundo previsões de analistas. Em 1998, os lucros foram de 54 milhões de dólares para um activo total de 4.412 milhões de dólares. Os depósitos dos clientes totalizaram 3.173 milhões de dólares.

No primeiro semestre de 1999, os resultados líquidos agregados subiram 272%, levando o ROE agregado a atingir 22,14%, contra 12,37% a 30 de Junho. Para além de Marrocos, o grupo tem agências em França e Espanha e representações na Alemanha, Grã-Bretanha, Bélgica, Itália, China e Emiratos Árabes Únidos.

O BMCE foi privatizado em 1995 e está cotado na Bolsa de Casablanca. As últimas transacções dos seus títulos foram feitas a 647 dirhams (cerca de 12 940) por acção.

Para o interesse recíproco dos dois bancos contribui o facto de terem uma cultura semelhante, tratando-se nos dois casos de instituições de cariz familiar, e que além do sector financeiro têm interesses noutras áreas de negócio, caso do turismo no caso do BES e do comércio e indústria no caso do BMCE. Até há pouco tempo os dois bancos tinham ainda interesses na aviação comercial. O BMCE tinha a Regional Airlines e o GES a Portugália, que acabou por vender ao Sairgroup, sendo que ambas as companhias chegaram a ter um acordo de partilha de lugares.

No que respeita ao interesse do BES em Marrocos, poderá passar pela possibilidade de participar, através do Besi - Banco Espírito Santo de Investimento em operações de projecto finance nas área de infraestruturas, de trade finance e do mercado monetário.

Até à hora de fecho desta edição não foi possível obter uma reacção do BES às declarações do presidente do BMCE e ao negócio.(2.3.00/Fonte : Diário Económico)

 

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