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01/00 Cerâmica Viúva Lamego : Fama além-fronteiras
AS DECORAÇÕES dos metropolitanos de cidades tão diferentes entre si e localizadas em distintos continentes - como Paris, Bruxelas ou Estocolmo, Cidade do México ou Santiago do Chile, Sidney ou Lisboa - têm em comum um elemento de grande beleza: algumas das suas estações estão revestidas com azulejos saídos da Fábrica Cerâmica Viúva Lamego, a «jóia da coroa» desta arte em Portugal.«O nosso azulejo é feito tal como nos séculos passados» , revela Eduardo Leite da Silva, sócio-gerente da fábrica a meias com Duarte Garcia, sublinhando que a fama do azulejo Viúva Lamego há muito que chegou além-fronteiras e é preferido por muitos artistas plásticos nacionais e internacionais.
«Esta política de colaboração activa com artistas plásticos nacionais e estrangeiros foi sempre tradição da fábrica, principalmente a partir dos anos 40» , acrescenta.
Esta colaboração com artistas plásticos está bem patente nas estações do metropolitano de Lisboa. Tal como para as estações estrangeiras, neste trabalho a fábrica contou com o talento de um imenso rol de artistas, como Júlio Pomar, Maria Keil, Vieira da Silva, Manuel Cargaleiro, Júlio Resende, Menez, Helena Almeida, Querubim Lapa, António Palolo, Hundertwasser e Arpad Szenes.
A Fábrica Cerâmica Viúva Lamego foi fundada por António da Costa Lamego, corria o ano de 1849, no Largo do Intendente, em Lisboa. Como a zona se situa em pleno coração da capital, logo na década de 30 foi transferida para fora de portas, primeiro para a Palma de Baixo, mais tarde, em 1992, passou para a Abrunheira, perto de Sintra. Hoje, a sua loja principal continua a ser no Intendente, pese embora a degradação social desta zona, o que contribuiu para a abertura de uma loja no Chiado.
A magnífica fachada do edifício do Intendente, mais vistosa ainda pelo contraste com a decadência dos restantes prédios, é da autoria do artista popularmente conhecido como «Ferreira das Tabuletas».
«Luís Ferreira consagrou a vida à pintura em azulejo e foi por sua influência que a fábrica começou a produção em barro branco, iniciando-se na faiança e nos azulejos, pois até 1863 a produção cingia-se à loiça utilitária, feita em barro vermelho», esclarece Eduardo Leite da Silva.
Na obra Cerâmica Portuguesa Moderna , editada em 1899, Charles Lepierre refere o estabelecimentocomo o «mais importante n'este género de fabrico» . E ainda segundo o autor, em 1898, nesta empresa o capital empregado era de 40.000$000 réis, o número de operários rondava os 88 adultos e 6 menores, os salários variavam entre os 360 e os 1$500 réis e a produção anual era de cerca de 20.000$000 réis.
Actualmente, esta casa emprega cerca de 130 pessoas, dos quais 55 são decoradores e pintores. A sua produção caracteriza-se por uma vasta panóplia de reproduções, pintadas à mão, de faianças e azulejos do século XVI, XVII e XVIII e pelos denominados trabalhos especiais, ou seja, feitos por encomenda ou a partir de criações de artistas plásticos. Os azulejos são fabricados em chacota prensada - sendo esta uma produção mecanizada - ou em lastra - numa produção manual, através dos mesmos processos utilizados em séculos passados - o que lhes confere um aspecto mais irregular.
«Navegação à vista»
A fábrica é propriedade de duas famílias - a Palma Leal Garcia e a Leite da Silva - que contam com o apoio de diversos sócios minoritários. A família Palma Leal Garcia é descendente do fundador, pois após a morte de António Costa Lamego, foi o seu genro, de apelido Garcia, que assumiu o controlo do negócio. Por sua vez, a família Leite da Silva aparece à frente da fábrica em 1932, quando Eduardo Leite assumiu a gerência.
Eduardo Leite da Silva revela que, actualmente, a gerência da fábrica se tem pautado por «muitos solavancos e amargos de boca, no fundo, perduramos numa espécie de navegação à vista» . De facto, a arte pública surge como a grande fonte de encomendas, que «também tem os seus revés: na altura da Expo houve muito trabalho, agora parou de se investir neste sector» .
Para este sócio-gerente, a sobrevivência da Fábrica Cerâmica Viúva Lamego «é uma questão nacional. Agora que estamos na era da globalização podemos encontrar produtos iguais nos países mais dísparos: nós temos valor por sermos diferentes» . «O principal objectivo da Viúva Lamego é preservar e assegurar a continuidade do azulejo português, porque não existe igual em parte nenhuma do mundo» , afirma com orgulho.(29.1.00/Fonte : Expressso)
O gigante britânico do sector da comunicação Pearson vai investir mais de 80 milhões de contos na expansão dos seus interesses na Internet, sobretudo nos mercados de língua portuguesa e espanhola, de acordo com a Agência Lusa.O grupo, que controla, entre outros títulos, o jornal Financial Times e a editora Penguin, colocou no mercado londrino 11,5 milhões de acções ao preço de 22 libras (cerca de sete mil escudos) a unidade.
Com as receitas previstas desta transacção, a Pearson pretende desenvolver o site do Financial Times (alojado em www.ft.com), como fonte de informação dos mercados em tempo real, e aumentar a sua penetração nos mercados de língua portuguesa e espanhola.
A empresa planeia também desenvolver uma rede de sites na Internet dedicada às notícias económicas e às finanças pessoais, destinada à Europa e Estados Unidos.
Outro objectivo da Pearson é criar uma rede educativa para o utilizador, cuja principal finalidade será o de conseguir ligar estudantes, professores e encarregados de educação.(25.1.00/Fonte : Diário de Notícias)
Indústria: crescem negócios baixa emprego
O volume de negócios da indústria cresceu 3,1 % em Novembro, em relação a igual mês do ano anterior, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). No entanto, os volumes acumulados de Janeiro a Novembro e nos 12 meses anteriores mantiveram-se inalterados. As remunerações na indústria também cresceram 1,7 % em termos homólogos e de variação acumulada nos 12 meses anteriores e 2,2 % em termos acumulados anuais. Os índices relativos ao emprego e às horas trabalhadas na indústria, por seu lado, apresentaram diminuições em todas as comparações. Face a igual mês de 98, o emprego na indústria caiu 3,1 %, enquanto o número de horas trabalhadas baixou 3,7 %. (25.1.00/Fonte : Diário de Notícias)
Sonae Imobiliária Faz Aliança na Alemanha
A Sonae Imobiliária reforçou a sua internacionalização no mercado europeu. Depois das apostas feitas em Espanha e na Grécia, a empresa do grupo Sonae liderada por Álvaro Portela acaba de criar as bases para a expansão dos seus negócios na Alemanha. A entrada neste mercado vai fazer-se em associação com o Westdeutsche ImmobilienBank, com quem a Sonae Imobiliária estabeleceu, recentemente, uma "joint venture".
O Westdeutsche ImmobilienBank (WIB) é um banco especializado em investimento imobiliário, oferecendo uma gama de serviços que vai do desenho de estruturas de financiamento para operações concretas à definição de estratégias globais de investimento para os seus clientes.
A empresa resultante desta associação tem a denominação de Sonae West Shopping AG, detida em 80,1 pela Sonae Imobiliária, através da subsidiária Sonae Germany, GMBS, detida a 100 por cento pelo grupo de Belmiro de Azevedo, e em 19,9 por cento pela Westdeutsche ImmobilienHolding, do universo WIB.
O campo de acção da nova empresa inclui a globalidade dos serviços de promoção na área do imobiliário de retalho, especialmente os relacionados com centros comerciais e de lazer. Segundo um comunicado ontem divulgado pela empresa portuguesa, o acordo estabelecido entre os dois grupos inclui a transferência de pessoal da equipa de especialistas de imobiliário ao serviço da Westdeutsche ImmobilienHolding para a Sonae West Shopping, que iniciará de imediato as suas actividades, estimando-se que atinja, no corrente ano, um volume de negócios de cerca de sete milhões de marcos (aproximadamente 1,4 milhões de contos).
Álvaro Portela destaca a importância desta associação, salientando que a Alemanha, o maior mercado da Europa, apresenta boas oportunidades de negócio para a nova empresa.
A breve prazo a Sonae Imobiliária deverá anunciar o início de actividades no Brasil, à semelhança do que acontece já com outras áreas de negócio do grupo de Belmiro de Azevedo, em especial a grande distribuição e a indústria de derivados de madeira. A primeira aposta da Sonae Imobiliária deverá recair sobre a cidade de S. Paulo, desconhecendo-se por enquanto se a empresa avançará sozinha ou se em aliança com um parceiro local, como o grupo Sonae tem feito em outros mercados e em outras áreas de negócio.(25.1.00/Fonte : Público)
Salvador Caetano compra GlobalShop
A Salvador Caetano comprou o centro comercial virtual GlobalShop, revelou o Jornal de Negócios.
O grupo Salvador Caetano, mais conhecido pela sua actividade de importação e venda de automóveis, comprou 66,7 por cento do GlobalShop, um centro comercial virtual português. O Jornal de Negócios adianta que o GlobalShop passará a vender automóveis (para além dos actuais produtos) e lançará um cartão de crédito próprio. O anúncio formal deste negócio é esperado para o final da próxima semana quando as auditorias às contas da GlobalShop estiverem concluídas.(20.01.00/Fonte : Digito.pt)
Os dois bancos vão criar uma "holding", com a família Espírito Santo a ficar maioritária. As marcas mantêm-se
Mais uma fusão na banca portuguesa decidida em tempo recorde. Banco Espiríto Santo (BES) e Banco Português de Investimento (BPI) sentaram-se à mesa das negociações e decidiram criar um grupo financeiro com dimensão idêntica à do BCP/Mello. O objectivo imediato é a corrida ao activo importante para decidir o futuro líder da banca portuguesa - o Sotto Mayor.Ontem à noite, os dois conselhos de administração ainda discutiam em conjunto o desenho do futuro grupo. A fusão deverá passar pela criação de uma holding, detida em 59 % pelo BES e em 41 % pelo BPI. Os dois bancos continuarão a actuar no mercado com as suas marcas comerciais, devendo a fusão ter efeito meramente operacionais. O novo grupo passará a deter 21 % do mercado bancário português.
As administrações dos dois bancos informaram os quadros superiores sobre o projecto de fusão, dando apenas indicação de que seria criada uma holding, sem especificar as participações.
A decisão de fusão entre o BES e o BPI tornou-se um facto logo pela manhã de ontem, com a suspensão das cotações das duas instituições na abertura do mercado de capitais. Segundo as mesmas fontes, responsáveis dos dois bancos comunicaram à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que se encontravam em negociações, o que levou a autoridade de supervisão a optar pela suspensão dos títulos, até que o negócio seja esclarecido.
Durante todo o dia, as duas administrações estiveram reunidas e incontactáveis, esperando-se a todo o tempo pela divulgação de um comunicado explicando os contornos da operação, o que deverá acontecer hoje de manhã.
A concentração entre os dois grupos começou a ser conhecida após as declarações de Ricardo Espírito Santo Salgado ao DN, na edição de sábado, admitindo a possibilidade de uma aliança com o BPI, para concorrerem ao Sotto Mayor.
No quadro de uma fusão entre as duas instituições, resta saber como irá ficar o quadro accionista do novo grupo, atendendo a que os dois bancos possuem accionistas estrangeiros, com algum peso dentro de cada uma das instituições. O BES é participado pelos franceses do Crédit Agrícole, com uma posição de 6,1 %, sendo o seu principal accionista a Bespar, com 43 % e ainda a Tranquilidade (4,6 %). O BPI tem como principais accionistas o Banco Itaú e La Caixa, cada um com 12,5 % do capital, seguindo-se-lhes a seguradora alemã Allianz (8,9 %), a Figeste de Belmiro de Azevedo (4,3 %) e a CGD (2,8 %).(18.1.00/Fonte : Diário de Notícias)
A Netalerta, empresa portuguesa especializada no controlo da informação veiculada através da Internet, vai passar a actuar, a partir de Fevereiro, no mercado italiano, foi hoje anunciado.
A empresa, única da União Europeia a operar exclusivamente nesta aérea, permite que os seus clientes tenham acesso a tudo o que se diz sobre eles na Internet, através de uma vigilância constante à World Wide Web.
Ao contrário dos seus cinco concorrentes norte-americanos, que só acompanham conteúdos em língua inglesa, a empresa portuguesa pesquisa também em qualquer língua latina.
A recolha das informações será feita em Lisboa, nas instalações da Netalerta. Os registos serão colocados diariamente on-line, acessíveis, em Itália, através de uma password.(10.1.00/Fonte Lusa)
"Charme" português no Salão de Paris
De 17 a 22 de Março, uma grande embaixada cultural, de escritores, editores e artistas, mostra que deixámos de ser um país marginal
Se ouvirem falar francês com anormal frequência à vossa volta, na rua, no restaurante, na livraria, não se espantem - podem muito bem ser jornalistas da imprensa, rádio e TV francesas que andam por aí a preparar aquela que vai ser certamente a maior operação de charme entre a França e Portugal. Falamos do Salão do Livro de Paris, entre 17 e 22 de Março, e em que o nosso País será o convidado especial.No próprio ano em que a União dos Editores Portugueses se prepara para organizar um salão do Livro no Parque das Nações (mostrando assim as diferenças profundas entre essa iniciativa e uma vulgar feira do livro), Portugal vai-se mostrar a Paris, como convidado de honra do famoso Salon du Livre organizado nos pavilhões da Porte de Versailles. Ainda é cedo para sabermos todos os pormenores do programa desta embaixada cultural, mas o que já está dado como certo é francamente aliciante.
Quatro dezenas de escritores, entre eles José Saramago e António Lobo Antunes, mas também Agustina Bessa-Luís, Eduardo Lourenço, Lídia Jorge, Manuel Alegre, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, Mário Cláudio, Mário de Carvalho, Urbano Tavares Rodrigues e Vasco Graça Moura, participam neste acontecinento de grande repercussão cultural. Serão eles os rostos visíveis e interlocutores de todos os que vão acorrer ao Salão para conhecer melhor esta literatura/cultura que tem vindo a deixar de ser algo de periférico e marginal na Europa comunitária.
No grande recinto do Salão, o espaço de Portugal terá uma zona de acolhimento, um pavilhão português, uma livraria, um espaço reservado para autógrafos e encontros com escritores, a zona dos editores e ainda a área reservada às várias instituições que colaboram neste evento. O pavilhão português - que foi objecto de uma pré-apresentação aos franceses e à imprensa portuguesa, durante a última Feira de Frankfurt, tal como então demos notícia - pretende ser a própria exposição de Portugal aos visitantes. Concebido por Luísa Pacheco Marques e por João Botelho, toma como ponto de partida um verso de Ruy Belo ("Portugal como um pássaro do futuro") e, sobre uma parede de sete por 20 metros, apresenta fotos de lugares míticos portugueses, fotos e manuscritos dos escritores presentes nesta iniciativa, além do famoso horóscopo de Portugal traçado por Fernando Pessoa. Este conjunto alegórico inclui ainda "falésias" de sete metros e um jogo simbólico entre o mar e o céu, para além de focos de som que misturam ruídos da terra, da água, vozes humanas, músicas tradicionais, etc.
Na livraria, o visitante encontrará cerca de 30 mil livros de autores portugueses, tanto na língua original como traduzidos - aliás, durante o Salão, serão lançadas várias edições publicadas de propósito para esta ocasião. Quanto aos editores presentes, serão 50 pela APEL e 13 ou 14 pela UEP, além da Cotovia, que se apresenta individualmente. Jorge Sampaio e Jacques Chirac farão a inauguração oficial no dia 16.(13.1.00/Fonte : Diário de Notícias)
UE autoriza compra do BTA e CPP
A Comissão Europeia autorizou as aquisições dos bancos Banco Totta & Açores (BTA) e o Crédito Predial Português (CPP) pelo Santander Central Hispano (BSCH). A decisão vai ser anunciada oficialmente hoje, mas, segundo uma fonte comunitária, "as partes em causa já foram informadas". A aquisição vai aumentar a presença do BSCH, onde a quota de mercado da nova entidade será de 11 %.(12.1.00/Fonte : Diário de Notícias)
Jardim Gonçalves compra grupo financeiro de José Manuel de Mello por 252 milhões, dando em troca 9 % do seu "império"
O Banco Comercial Português volta a liderar a concentração bancária em Portugal. Jardim Gonçalves e José Manuel de Mello anunciaram ontem a integração dos seus grupos financeiros, numa operação-relâmpago, decidida em poucos dias, e que resultará na absorção do Banco Mello pelo BCP.
O negócio envolve um investimento global de 252,8 milhões de contos por parte do BCP. O banco irá adquirir à UIF as holdings Uniparticipa e Finimper, que possuem 51 % do Banco Mello e da seguradora Império, e seguidamente lançar duas OPA sobre o capital disperso. O grupo Mello reinveste 90 milhões do seu encaixe na aquisição de 9 % do BCP.
Para José Manuel de Mello, esta operação "reforça o posicionamento" do seu grupo "no sector financeiro português, pois enquadra-o num universo mais alargado e com maior força de mercado", referiu na conferência de imprensa conjunta realizada na Império. Jardim Gonçalves salientou o facto de o grupo Mello ascender à condição de accionista de referência do BCP, reafirmando a aposta do seu banco na OPA sobre o Sotto Mayor, reforçada por esta associação.
O negócio, que irá criar o maior grupo segurador da Península Ibérica, desenvolve-se em duas fases, devendo a transacção estar completada até 31 de Maio ou, numa versão mais optimista, até final de Abril. No primeiro trimestre, será concretizada a aquisição de 100% da Uniparticipa (detentora de 51% do Banco Mello) por 61 milhões de contos e da totalidade da Finimper (51% da Império), por 38 milhões. Simultaneamente o BCP assume 30 milhões de contos de endividamento do Banco Mello, pagando ao grupo um total de 129 milhões de contos. José Manuel de Mello reinveste parte do encaixe na aquisição de 9 % do BCP, guardando nove milhões de contos. Na segunda fase da operação, a decorrer em Abril e Maio, o BCP lança no mercado ofertas públicas de troca (OPT) sobre as posições minoritárias do Banco Mello e Império (49% do capital de cada), com contrapartida em acções do BCP ou alternativa em dinheiro (ver caixa). O resultado final será o desaparecimento da marca Banco Mello e a manutenção do nome Império.
Para Jardim Gonçalves, esta operação é uma "prova de empenhamento para que Portugal não fique esvaziado de centros de decisão". O presidente do grupo BCP salientou que os dois grupos desenvolverão parcerias noutras áreas e continuarão atentos aos processos de concentração em Portugal. "O BCP mantém-se fortemente empenhado na aquisição do BPSM", referiu por diversas vezes Jardim Gonçalves, com os dados estatísticos apresentados a englobarem já a hipotética aquisição do Sotto.
Os custos de reestruturação com todo o processo de absorção da área financeira do grupo Mello, a concluir até 2002, rondam os 80 milhões de contos, que serão aplicados, em grande parte, em reformas antecipadas e em desinvestimento tecnológico.
A integração dos gestores do grupo Mello resultará na nomeação de Vasco de Mello para o conselho superior do BCP, passando a ser um dos seus vice-presidentes. Jaime d'Almeida manter-se-á como vice-presidente da Império e integrará as administração da Seguros & Pensões Gere. Francisco Lacerda, presidente da comissão executiva do Banco Mello, fará parte do conselho de administração do BCP e Pedro Rocha e Melo será vice-presidente do BCPA-Banco de Investimentos.
Logo pela manhã, Pina Moura saudou a fusão entre os dois grupos, considerando-a como uma decisão importante para a reestruturação do sistema financeiro português e que garante os direitos dos pequenos accionistas. Os sindicatos estão preocupados com os trabalhadores excedentários.(12.1.00/Fonte : Diário de Notícias)
Cerca de 9,6 % dos estudantes deixam o ensino antes da conclusão da escolaridade obrigatória. O insucesso atinge 14,5 %
A percentagem de alunos que abandonam a escola antes da conclusão do 9.º ano aumentou 9,3 por cento entre 1995/96 e 1996/97, os últimos anos lectivos em relação aos quais existem dados oficiais disponíveis. Se no primeiro período considerado saíram do sistema 35 674 alunos, em 1996/97 deixaram de estudar 39 mil jovens - o que representa uma percentagem de abandono de 9,6 por cento, e isto só antes da conclusão da escolaridade obrigatória.
Por outro lado, são 14,5 por cento os estudantes que registam insucesso escolar persistente durante a escolaridade obrigatória, segundo as estatísticas oficiais. As negativas e a "ausência de aproveitamento escolar" - um fenómeno que segue de perto o abandono escolar e o provoca - atingem 161 mil estudantes desde a primeira classe até ao 9.º ano, sendo que 119 mil já se matricularam no mesmo ano lectivo duas e mais vezes.
Atenta a estes dados, a Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco acabou de elaborar um guia que inclui todas as iniciativas e programas de combate ao abandono e à exclusão social - dos vários ministérios e mesmo de instituições particulares e de solidariedade social -, assim como os respectivos endereços para contacto imediato em caso de necessidade.
É a primeira vez que é elaborado um relatório com esta amplitude (as medidas e programas incluem a acção social, apoio à família, educação, formação profissional, justiça, juventude, saúde e habitação), de rápida e útil consulta, e onde se conjuga o esforço de um país para integrar e educar os seus jovens. Para já, a sua distribuição ainda é algo restrita (está a circular pelos vários ministérios e organismos oficiais), mas o Ministério da Educação planeia fazer chegar exemplares, em breve, a todas as escolas, que deverão depois tratar da sua divulgação junto das populações em risco.
Segundo os dados de 1996/97, o abandono escolar tem mais expressão nos três últimos anos da escolaridade obrigatória - nomeadamente no 9.º ano, em que a taxa de abandono é de 7,4 por cento (9280 alunos). Segue-se o 7.º ano, com sete por cento (10 136 estudantes), e o oitavo, com 6,7 por cento (9043 jovens).
Os números e percentagens do abandono têm, porém, de ser vistos de forma cautelosa, uma vez que não se sabe para onde os meninos vão. Por outras palavras, podem suspender a matrícula durante um ano e voltar a estudar mais tarde, transitar para outros países ou ingressar em cursos profissionalizantes da responsabilidade do Ministério do Trabalho e Solidariedade, por exemplo. Por isso é que o Ministério da Educação prefere considerar os dados relativos ao insucesso em vez dos que reportam ao abandono, que "traduzido em números puros e duros não é representativo", como disse ao DN Teodolinda Silveira, da Secretaria de Estado da Educação.
As percentagens e cifras que o DN divulga pertencem às estatísticas do Departamento de Avaliação, Prospectiva e Planeamento (DAPP) do Ministério da Educação e dizem respeito a três anos lectivos: 1994/95, 1995/96 e 1996/97, a última informação disponível.(10.1.00/Fonte : Diário de Notícias)
Cientistas portugueses radicados no estrangeiro estiveram no CCB para programar estratégias de colaboração com o País
Que diálogo e que colaboração podem os cientistas portugueses radicados no estrangeiro estabelecer entre si, e com os que trabalham "cá dentro", tendo como meta o desenvolvimento científico do País e a internacionalização da ciência portugesa?
A resposta é múltipla, diversificada. Mas, por isso mesmo, rica de potencialidades. Foi esta multiplicidade de caminhos possíveis que ontem ficou demonstrada no CCB, no final de uma reunião em que participaram três dezenas de investigadores portugueses cuja carreira está em centros de pesquisa estrangeiros.
A convite dos ministérios da Ciência e da Tecnologia e dos Negócios Estrangeiros, vieram dos Estados Unidos da América, da Grã-Bretanha, do Brasil e da Bélgica, da Alemanha e de França. Um grupo multifacetado e sui generis. Muitos deles coordenam equipas, alguns dirigem laboratórios e departamentos universitários. As suas disciplinas de especialização vão da matemática às engenharias, ciências da linguagem e biomedicina. De diferentes gerações, saíram do País por razões diversas. Uns, há mais de três décadas, por sufoco. Outros, simplesmente porque agarraram as oportunidades. Alguns só ontem se conheceram, mas todos se dispuseram a pôr experiências e pontos de vista em comum.
No final do encontro ficaram esboçadas algumas hipóteses de colaboração entre esta comunidade científica residente no estrangeiro e o seu País de origem. O estabelecimento de programas de intercâmbio de jovens cientistas portugueses para períodos de treino em centros de pesquisa estrangeiros; a criação de lugares pós-doc com o mesmo objectivo; o estabelecimento de relações de colaboração entre os próprios centros de investigação, cá e lá; a criação de redes de contactos, que muitas vezes são, só por si, facilitadores de relações de colaboração; a flexibilização da carreira docente universitária para permitir maior mobilidade dos investigadores e o acolhimento temporário de investigadores séniores vindos do estrangeiro foram algumas da ideias-chave saídas do encontro.
Algumas dificuldades e bloqueios na sociedade portuguesa mereceram, por seu turno, diagnóstico consensual. Os problemas de reinserção que os jovens portugueses doutorados nos estrangeiro enfrentam no regresso ou o excesso de imobilismo e de hirarquização nas universidades portuguesas foram os mais focados.
O ministro Mariano Gago, que pretendeu lançar com este encontro um novo patamar de diálogo com estes cientistas portugueses, afirmou "partilhar" com os presentes "o objectivo de uma melhor integração das universidades portuguesas na vida social do País", mostrou-se aberto à criação de níveis institucionais de colaboração e propôs a realização de um programa de formação, por alguns dos presentes ou outros investigadores séniores, em centros de investigação portugueses e a continuação regular de encontros semelhantes ao de ontem.
No ar ficaram também muitas outras ideias. Irene Fonseca, que dirige o departamento de matemática da Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos, defende, por exemplo, que a participação dos cientistas em actividades em todos os níveis de ensino, "desde os mais básicos", como disse ao DN, é fundamental para a formação de jovens interessados e curiosos pela ciência. Para Paulo Ferreira, investigador no MIT, as "universidades em Portugal precisam de se reinventar de alguma maneira" para que o espírito de colaboração e o desafio que a ideia de fazer algo novo possam ser ali uma realidade. Achegas de dois investigadores residentes nos EUA, respectivamente responsáveis por associações de cientistas portugueses no estrangeiro, que têm trabalhado no sentido de congregar essa comunidade, o Forum Internacional de Investigadores Portugueses e a Portuguese American Post Graduate Society.(5.1.00/Fonte : Diário de Notícias)
Alargamento, reforma institucional, segurança e defesa, emprego. Trabalho não vai faltar a Portugal nos próximos seis meses
Dois mil poderá ser um ano determinante para o futuro da União Europeia (UE). Ainda durante este primeiro semestre, sob presidência portuguesa (a segunda desde a adesão em 1986), os Quinze preparam-se para concretizar a ambicionada Política Externa e de Segurança Comum - agora com o rosto visível de Javier Solana - pondo em funcionamento organismos próprios para uma actuação autónoma da União na gestão de crises (as chamadas Missões de Petersberg), nas suas vertentes militar e não militar e, finalmente, dar identidade, coerência, consistência e celeridade à acção externa da UE.Por coincidência, Portugal acumula, entre Janeiro e Junho, a presidência do Conselho com a presidência da União da Europa Ocidental (UEO), que gradualmente se irá fundir no quadro comunitário. O primeiro passo está dado com a nomeação de Solana para acumular o cargo de Sr. PESC com o de secretário-geral desta instituição. E se as negociações decorrerem sem obstáculos, a próxima revisão do tratado, que se inicia também sob presidência portuguesa, em Fevereiro, incluirá já estas alterações.
A reforma institucional é outro dossier sempre adiado que terá de evoluir este ano, sob pena de se comprometer o calendário do alargamento, gorando as expectativas dos agora 12 Estados candidatos (excluindo ainda a Turquia). Na mesa, estarão os três itens que não reuniram o consenso dos Quinze durante a anterior Conferência Intergovernamental, que se arrastou por 18 meses e deu origem ao Tratado de Amesterdão: a dimensão e composição da Comissão, a ponderação de votos no Conselho (que deverá ser "corrigida" a favor dos Estados maiores) e a extensão da votação por maioria qualificada. Temas politicamente difíceis para os quais terá de ser encontrada uma saída consensual até Dezembro, no final da presidência francesa. É um teste à vontade política dos Estados membros, que dará um sinal importante sobre até que ponto cada um está disposto a ceder em favor do todo comunitário.
Portugal comprometeu-se a apresentar no Conselho Europeu de Santa Maria da Feira um relatório sobre os progressos alcançados nos trabalhos e poderá propor temas adicionais a incluir na agenda. Neste âmbito, deverá ainda ser discutido o estabelecimento da Carta Europeia dos Direitos Fundamentais. Outra ambição europeia que não reúne consenso (é outro processo herdado de Amesterdão) mas que parece cada vez mais urgente na perspectiva do alargamento.
Durante este primeiro semestre, Portugal prosseguirá as negociações de adesão iniciadas em 1998 com Chipre, Eslovénia, Estónia, Hungria, Polónia e República Checa e dará início a processos equivalentes (embora com diferente metodologia) com os seis candidatos confirmados em Helsínquia em Dezembro: Bulgária, Eslováquia, Letónia, Lituânia, Malta e Roménia. Quanto à Turquia, a decisão dos Quinze de conferir a este país o estatuto de candidato, que vinha sendo recusado há 30 anos, implicará um esforço de aprofundamento das relações institucionais com Ancara, em colaboração com a Comissão. Apesar de ser uma área prioritária para 2000, o primeiro alargamento dificilmente se concretizará antes de 2005, prevendo-se que, até ao ano decisivo, se enquadre nas prioridades de todas as presidências.
A cimeira de Lisboa, subordinada ao tema "Emprego, reformas económicas e coesão social - para uma Europa da inovação e do conhecimento", e agendada para 23 e 24 de Março, será um momento alto da presidência portuguesa, que quer lançar os dados para a acção futura dos líderes europeus nesta área. A presidência lançará ainda este mês um documento sobre esta matéria, abrindo a via para o debate sobre os objectivos e os métodos a adoptar, para melhorar a coordenação dos processos desenvolvidos nas cimeiras de Colónia, Cardiff e Luxemburgo. Os resultados serão apresentados também em Junho, após um primeiro balanço num fórum de alto nível que envolverá os governos, a Comissão Europeia, os parceiros sociais, o Banco Central Europeu, o Comité Económico e Social e o Parlamento Europeu. A presidência francesa já garantiu que dará continuidade a este processo, que se enquadra na perspectiva de aproximação dos cidadãos à União Europeia.
Outras áreas apresentadas pelo Governo de Lisboa como prioritárias são ainda o desenvolvimento do espaço de liberdade, segurança e justiça (um pelouro que em Bruxelas está nas mãos de António Vitorino), e que inclui questões como a imigração (clandestina ou não), o asilo e o combate ao crime organizado em articulação com a ainda incipiente Europol. Neste quadro, a presidência propôs-se conferir prioridade à prevenção da delinquência juvenil, da criminalidade no meio urbano, da criminalidade associada à droga e da criminalidade transfronteiriça, com o objectivo de definir os princípios fundadores de uma política europeia comum de prevenção criminal.
Dentro das prioridades estão ainda as questões ligadas à saúde pública e à segurança alimentar. Uma resposta às crises neste sector (vacas loucas, frangos com dioxinas...) que atormentaram os consumidores europeus em 1999.(1.1.00/Fonte : Diário de Notícias)